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Vida religiosa provisória: um desafio a ser enfrentado.

Há quem diga que a vida religiosa tradicional desenvolvida até meados do século XX já perdeu sua razão de ser. As assim chamadas novas formas de vida consagrada chegaram para assumir o lugar de uma tradição decadente. Por tanto, uma nova forma de vida religiosa desponta no horizonte da provisoriedade. Não mais vida fraterna para sempre, muito menos conselhos evangélicos perpétuos, nem missão duradoura; mas, simplesmente uma escolha de vida provisória por um tempo determinado pela pessoa, entre cinco a dez anos. É do conhecimento nosso que na tradição budista é possibilitada a todos uma experiência de vida monástica, isto não significa que todos se tornem efetivamente monges pelo resto da vida. Contudo, seria isto um contexto de vida provisória ou religiosamente pedagógica? Acredito que seja mais pedagógica, em vista de um mergulho no mistério do budismo, do que uma eventual vivência religiosa sem influencias sobre a vida posterior. No caso da vida religiosa dita provisória se postula a possibilidade de uma experiência por um período, quase um voluntariado, no fim do prazo retorna-se ao ambiente familiar. Aí eu pergunto: É possível ser religioso ou padre por uma década e depois viver como se tudo isto não fizesse parte do seu ser? O chamado de Deus não é algo exclusivo para estar com ele? A vida religiosa não se constitui a partir deste chamado? O Senhor que chama pode simplesmente mudar de idéia e deixar de chamar? O religioso pode até pensar que o fato de não sentir mais o encanto da vida religiosa perpetua é porque perdeu a vocação, mas pode-se perder algo que nunca encantou desde as entranhas? Seria o caso então de refazer a compreensão teológica do chamado?

1. Questões de sentido:

Diante desses questionamentos exponho duas teorias muito interessantes que despertam nosso interesse sobre esta provisoriedade da vida religiosa . Segundo Favale as teses dizem o seguinte:

1. A vida consagrada na sua primeira manifestação, o estilo monástico, nasceu perfeita, enquanto que as outras formas posteriores não seriam vida consagrada propriamente dita, a não ser que coincidam com o estilo monástico. Com isto se quer dizer que a vida consagrada com seus variados estilos seria apenas a historia de uma progressiva decadência;

2. Há uma reação a esta tese que reza o seguinte: A vida consagrada teria nascido no monaquismo como um embrião, uma coisa imperfeita, que com o passar do tempo foi sendo aperfeiçoada. Conseqüentemente cada nova forma de vida consagrada é um passo a mais no desenvolvimento e na completa formação da mesma, tendo nos Institutos seculares o seu vértice;

Teorias postas, problema para se refletir. Quem tem razão? Hoje a tendência de muitos, inclusive de eclesiásticos renomados, é de que estamos no esgotamento do modelo tradicional de vida religiosa, portanto, partidários da primeira tese. Outros mergulham de cheio na compreensão deste desenvolvimento histórico; no entanto nenhuma posição me parece corresponder ao dinamismo do Espírito Santo na historia, pois os carismas são frutos do Espírito e não meros caprichos dos fundadores. Acredito que o limite não é o tempo, mas a capacidade de inculturação do carisma no tempo e no espaço; e isto é uma tarefa carismática dos membros do Instituto. Re-partir do carisma fundacional, portanto, é um desafio que se impõe hoje a todas as formas de vida religiosa, isto já pedia o Concílio Vaticano II: “A atualização da vida religiosa compreende ao mesmo tempo continuo retorno às fontes de toda vida cristã e a inspiração primitiva e original dos Institutos, e adaptação dos mesmos às novas condições dos tempos” (Perfectae Caritatis, 1). O termo contínuo quer dizer permanente, dinâmico, ousado e não uma mera e nostálgica recordação do carisma do fundador. Também existe o questionamento da diminuição das vocações, por isso, para atrair os jovens é preciso assumir algumas atitudes: ou voltar às antigas formas de vida católica tridentina que parecem agradar os jovens como, por exemplo, o uso do hábito, a disciplina, o afastamento do mundo, a linguagem padronizada, etc, ou adequar-se às novas ondas juvenis sem tanta disciplina, pouco estudo sistemático, uma espécie de vida mista que transita entre as relações afetivas e a castidade temporária, etc.

Continua…

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