Publicamos um breve texto do artigo para a curiosidade dos leitores:
Neste sentido a vida religiosa provisória, expressa muitas vezes nos novos movimentos religiosos, “são os sinais de uma rejeição muito mais radical das Igrejas institucionalizadas do que o ateísmo da modernidade, porque criam substitutos” ; esta nova realidade pode ser até uma resposta à pergunta pelo sentido da vida, mas nada garante. Isto acontece porque é sempre mais “liquido” o sentido de pertença, e a diversidade de referencias, contribui para a busca da identidade sempre mais desafiante porque a ofuscada experiência do transcendente elimina o confronto salutar da dúvida e do mistério. A dúvida não é um mau em si, é a brecha pela qual pode entrar a certeza de um projeto de vida centrado no bem-estar do outro; por sua vez o mistério é a oportunidade de cavar fundo na existência para encontrar a presença do totalmente Outro que se revela seja no privado quanto no coletivo.
É também possível que a vida religiosa perpétua, institucionalizada aos longos dos séculos, que tem a pretensão de ser sinal de testemunho e profetismo, seja porque favorece uma resposta pela busca de sentido seja porque cria segurança para a pessoa, pode se tornar algo relativo, exatamente porque o individuo a privatiza. É por isso que muitos jovens buscam a Deus, mas rejeitam ao Deus tradicional que encontram na vida religiosa institucionaliza . Daí as grandes decepções no atual cenário dos Institutos religiosos tradicionais com saídas inúmeras, sobretudo nos primeiros anos de votos temporários e da ordenação presbiteral. Contudo, há também outro elemento: O idealismo. Pessoas que criam castelos de areia e imaginam a vida religiosa como uma vida sem conflitos, sem incoerências, sem patologias; quando encontram estas coisas, que infelizmente existem, devido à nossa humanidade, se desencantam, e não conseguem responder com uma relativa maturidade. Por isso é preciso educar a nova geração ao realismo, sem perder, no entanto, o encanto do sonho.