Por P. João Mendonça, sdb –
Próximo domingo, 19/08, celebraremos a festa da Assunção de Maria e o dia da Vida Religiosa Consagrada (VRC). É o nosso dia e não podemos deixar passar em brancas nuvens. Contudo, é importante pensar a VRC dentro do atual contexto da sociedade e da Igreja.
Cada Instituto de VRC nasceu dentro de um contexto que primeiramente mexeu com a sensibilidade religiosa do/a fundador/a. É o que chamamos de carisma fundacional. Trata-se de uma inspiração pessoal, interior que ultrapassa o tempo.
Entretanto, o dinamismo da sociedade e da Igreja, exige que o carisma do instituto procure responder com ousadia aos novos tempos. E, os tempos de hoje não são nem piores nem melhores daqueles dos nossos fundadores e fundadoras, apenas são tempos onde tudo é acelerado e com pouca consistência.
A VRC hoje tem seu dinamismo e desafios. Estamos presentes em grandes territórios com obras diversificadas, mergulhados nas angústias e esperanças do povo, passamos apertos, mas não desanimamos, somos afligidos de todos os lados, mas não desistimos, somos tentados a nos acomodar ao efêmero, mas não deixamos que nos roubem a esperança, somos poucos, embora as sementes gerem frutos nos rostos caboclos, migrantes, indígenas e ribeirinhos das novas gerações de religiosos e religiosas.
Estamos numa época em que passamos da fase sólida da sociedade e da Igreja, de dogmas e princípios eternos para incertezas. Isto requer uma nova maneira de evangelizar com novo ardor, expressões e métodos. A VRC precisa estar atenta a estes sinais;
Estamos numa sociedade e Igreja em que as decisões estão separadas. Predomina o subjetivismo nas decisões e as ações são individualistas. A Igreja perde influência na sociedade e as lideranças estão em crise. A VRC também é vítima desta realidade;
Estamos perdendo cada vez mais a capacidade de consenso quando o assunto são interesses comunitários. Na Igreja os vínculos comunitários cedem para os individuais. Também na VRC vivemos o drama da vivência fraterna;
A capacidade de planejar entrou em colapso. O passado deixou de ser referência, o futuro é algo que não se pode medir e o presentismo é a armadilha que nos prende ao hoje sem a coragem de fazer escolhas definitivas. Na VRC já se questiona o caráter da perpetuidade e se arrisca no provisório e descartável;
É um tempo de incertezas para todos nós na VRC. É preciso reinventar nossa presença no mundo a partir do Reino de Deus.