O que fostes ver naquelas ruas, interditadas à uma hora da tarde? Que fostes ver?
Mas, que surpresa, não era um deserto, nem um bando de baderneiros, desocupados… ao contrário, as ruas estavam cheias, de mais de 100 mil pessoas, a maioria jovens; as ruas estavam cheias… cheias de sonhos, cheias de alegria juvenil, cheias de gente bonita e de olhos abertos.
Mas, afinal, que fostes ver? Homens vestidos com roupas finas?
Imagino que não, pois os de roupas finas estavam descritos e desacreditados nos cartazes de protesto; ou estavam em casa vendo televisão… possivelmente um jogo de futebol, ou rezando tranquilamente seu terço.
Nas ruas estavam muitas pessoas, com uma simples camiseta branca, ou uma camisa do Brasil; alguns sem nenhuma camisa, vestidos com uma bandeira, vestidos de pátria, vestido de luta por direitos verdadeiros.
E então, o que fostes ver? Um caniço agitado pelo vento? Uma massa de manobra? Uma modinha passageira? Que fostes ver?
Com certeza não era nada disso, pois quem procura por modismos normalmente procura nos shoppings; e massas de manobra normalmente não produzem cartazes tão criativos, do fundo de um coração tão jovem, mas já tão cansado… e tão esperançoso.
É bem verdade que muitos não sabiam o que era mesmo a PEC 37… mas aprenderam, e compreenderam, e continuaram o caminho.
Mas, diga-me, o que fostes mesmo ver? Profetas?
Sim, eu vos digo, vocês foram ver profetas. Profetas dos novos tempos, sentinelas do amanhã! Gente querendo construir o futuro. Gente dizendo “não!” à falta de dignidade e à corrupção.
Eu também fui lá ver, e ao vê-los, meu coração se aqueceu, de tal modo, que me tornei um deles… um profeta!
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Texto e fotos: S. Augusto Rodrigues, pós-noviço