Por P João Mendonça, sdb
Amanhã, 31/01, é a memória da Páscoa de Dom Bosco, deste mundo para o Pai.
Na vida de uma pessoa os encontros são sempre importantes. Com o adolescente João Bosco não foi diferente. Ele mesmo narra em suas memórias este encontro enigmático com o velho padre João Calosso. Ao retornar das missões populares que aconteciam numa paroquia vizinha dos Becchi, João encontrou um padre idoso que caminhava lentamente e com passos firmes. O padre o aborda e pergunta se ele entendeu alguma coisa das pregações dos missionários. João, não apenas diz que sim, como também repete algumas pregações. O padre fica perplexo. Começa um diálogo de amigos. No final o padre o convida a estudar com ele, na sua casa paroquial.
Este esquema de encontro é enigmático e fundamental em várias narrativas de Dom Bosco. Foi assim como Miguel Magone, com Dom Rua, com Bartolomeu Garelli, com Domingos Sávio e com o jovem seminarista José Cafasso que, mais tarde se tornará seu confessor e grande amigo.
Isto tem um grande significado pedagógico e evangelizador, pois no próprio sonho dos 9/10 anos Dom Bosco também o narra em forma de um diálogo, de um encontro com um senhor majestosa e uma bela senhora. Assim se molda uma pedagogia do encontro da vida salesiana. Elemento fundamental, no meu modo de ver, para toda nossa prática pastoral educativa com os jovens. O poço onde buscamos água verdadeira está ai, na capacidade de abordar o outro, de estar com o outro e de iniciar um diálogo rompendo as barreiras da virtualidade. Não basta ter jovens seguidores nas redes sociais, precisamos encontra-los e ver seus rostos, sentir sua presença e crescer com eles no diálogo formativo.
Pois bem. Com padre Calosso e Joãozinho Bosco foi assim. Eles caminharam dialogando. O padre perguntava sobre sua família, seus estudos, sua vida cotidiana e Joãozinho logo deu a ficha de todos. Com forma muito simples e própria de um adolescente ele comenta que seu irmão Antônio não quer que ele estude. Calosso percebe que ali tem um bom tecido, dá para fazer uma boa roupa para Deus e começa logo a fazer a costura. Domingos Sávio teve a mesma sensação quando encontrou Dom Bosco e leu na porta de sua sala o letreiro: Dá-me almas, fica com o resto. Ele entendeu que Dom Bosco queria apenas que o jovem fosse salvo e se colocou imediatamente nas mãos do confessor e diretor espiritual. Este é o poço do Sistema Preventivo de educação evangelizar. A água que brota de dentro do educador passa pelo jovem que ele encontra e se transforma numa fonte que jorra para a vida em plenitude. É puramente evangélico esta intuição de Dom Bosco, narrada nos encontros que ele tivera com jovens a partir daquele enigmático diálogo com o velho padre Calosso, seu mestre e amigo.
Uma amizade tão profunda que, quando morreu Calosso, Joãozinho entrou num colapso emocional, depressão, e quase morreu também. Ele perdeu, com a morte do mestre, o contato com a fonte, com a água da sabedoria de Calosso, com a presença paterna. Foi um duro golpe, mas ele se reergueu, porém, nunca esqueceu aquela fórmula de encontro e a guardou para toda a vida sabendo adaptá-la e até repeti-la nos vários encontros que teve durante a vida. VIVA DOM BOSCO!