Pronunciamento de dom Geraldo Lyrio Rocha no Sínodo dos Bispos
“O ideal seria que todas as comunidades eclesiais, mesmo as menores, pudessem celebrar a Eucaristia dominical”, afirmou dom Geraldo.
O presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha, ao usar a palavra na aula sinodal da última quinta-feira, 9, abordou a questão da Celebração da Palavra. Ele chamou a atenção para esta forma de celebrar o Dia do Senhor nas comunidades que não têm a celebração da eucaristia nos domingos por falta de padre.
Leia a íntegra do pronunciamento do presidente da CNBB
A celebração da Palavra de Deus
Entre as várias formas transmitidas pela tradição litúrgica, é muito recomendada a Celebração da Palavra de Deus1 para fazer crescer a fé, a comunhão e o compromisso do Povo de Deus.
A Sacrosanctum Concilium recorda: Que se promova a celebração da Palavra de Deus na vigília das festas mais solenes, em algumas celebrações feriais do Advento e da Quaresma, nos domingos e nas festas, principalmente nos lugares onde falta o sacerdote2.
Em muitas nações da América Latina, a falta de ministros ordenados, a distância dos núcleos populacionais e a situação geográfica do Continente fizeram aumentar a consciência da importância das Celebrações da Palavra de Deus3.
É nestas celebrações que muitas comunidades eclesiais, em particular aquelas das periferias urbanas e da zona rural, encontram o alimento para a própria fé e para o testemunho cristão. No Brasil, cerca de 70% das comunidades não contam com a celebração dominical da Eucaristia. É ao redor e através da Palavra de Deus que estas comunidades celebram na fé o mistério de Cristo.
A Palavra de Deus e a santa Eucaristia são duas formas diferentes da presença do Senhor Jesus. O ideal seria que todas as comunidades eclesiais, mesmo as menores, pudessem celebrar a Eucaristia dominical. Infelizmente, pelas razões já mencionadas, são muitos os cristãos que se sentem impedidos de celebrar de forma completa o Mistério Pascal do Dia do Senhor.
Com extraordinária sabedoria, Bento XVI enfrenta esta questão na sua Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis: “… Ao contrário, lá onde as grandes distâncias tornam praticamente impossível a participação na Eucaristia dominical, é importante que as comunidades cristãs se encontrem igualmente para louvar o Senhor e fazer memória do Dia a Ele dedicado. Isto deve acontecer no contexto de uma adequada instrução a respeito da diferença entre a santa Missa e as assembléias dominicais na espera de sacerdote… Tais Assembléias deveriam ser ocasiões privilegiadas de pedido a Deus para que envie santos sacerdotes segundo seu coração”4.
A Celebração da Palavra de Deus se torna um dos lugares privilegiados do encontro com Jesus Cristo, centro e plenitude de toda a escritura e de cada celebração litúrgica. Na proclamação da palavra, Cristo continua a falar ao seu povo. Escutando a Palavra de Deus, os fiéis reconhecem que as maravilhas anunciadas atingem a sua plenitude no Mistério Pascal.
É através do Espírito Santo que a Palavra de Deus proclamada e celebrada frutifica nos corações e na vida de quem a recebe. A acolhida da Palavra, a oração de louvor, o agradecimento e a súplica são manifestações do Espírito no coração dos fiéis e na Assembléia cristã reunida em torno da Palavra de Deus5.
A Igreja, povo de Deus convocado para o culto, cresce e se estrutura escutando a Palavra de Deus. Na Liturgia, “a Igreja perpetua e transmite para cada geração tudo aquilo que ela é e tudo aquilo que ela crê, de tal modo que, através dos séculos, procede de maneira contínua rumo à plenitude da verdade divina até que nela mesma se realize plenamente a Palavra de Deus”6.
Tradução: Assessoria de Imprensa-CNBB