São Gabriel/AM – Um evento simples, fraterno, descontraído, espontâneo… Assim foi classificada uma reunião entre um grupo de salesianos e irmãs em São Gabriel da Cachoeira na tarde do dia 18 de março, na Casa Maria Auxiliadora. A forma como aconteceu o encontro, o clima e o seu conteúdo, nos estimulam a partilhar essa experiência.
Os salesianos de Dom Bosco que trabalham na área do Rio Negro, reunidos em Assembleia Pré-Capitular, estavam refletindo sobre a significatividade da presença missionária naquela área índigena. Visto que nossa presença carismática não é solitária, mas somos uma família (Filhas de Maria Auxiliadora, Salesianos de Dom Bosco, ADMA e SSCC), trabalhamos no mesmo território e na mesma Igreja, o padre Antônio de Assis Ribeiro (Pe. Bira), assessor da Assembleia, convocou espontaneamente alguns irmãos, representantes de comunidades e algumas irmãs para uma breve reflexão sobre persepctivas de uma ação conjunta mais forte e visível. Participaram da reunião a Ir. Lidiany Viana, Ir. Madalena Martins, Pe. José Francisco, Pe. Lázaro Santos, Pe. Jacinto Sampaio, Luis Washinton e Pe. Norberto Honesherer.
Refletindo sobre a realidade
Num primeiro momento os participantes relataram como estão vendo e sentindo a relação entre os dois grupos de religiosos (FMA e DSB). Resumimos aqui em algumas reflexões:
– em São Gabriel, onde temos várias obras salesianas há colaboração: o padre Mario Zangarini dá assistência espitirual às irmãs e há esforços crescentes para a promoção de uma ação mais compartilhada entre a Escola São Gabriel e o Centro Juvenil Salesiano, pois os jovens são os mesmos;
– em Santa Isabel, em 2012, houve, com o padre Jacinto e a irmã Orminda, uma grande aproximação e inter-ajuda entre as obras; houve também até a programação de um retiro trimestral conjunto;
– em Yauaretê há esforço de manutenção da proximidade fraterna nas ações do dia-a-dia e em momentos especiais de orações, festas, almoço; mas é preciso mais ações pastorais conjuntas (AJS);
– superamos o tempo de pura prestação de serviço do passado (das FMA em relação aos SDB e vice-versa), os preconceitos estão morrendo, não se sustentam e nossos superiores pedem de nós ação conjunta no mesmo território programadamente;
– já não basta a mera gentileza fraterna… trabalhamos com os mesmos povos e devemos agir em sintonia em sintonia no enfrentamento aos desafios comuns: o combate ao alcoolismo, a promoçao do sentido da vida (suicídios e violência), a promoção da educação, a pastoral vocacional, a Articulação da Juventude Salesiana Indígena, etc.
Estímulos para uma ação conjunta
Num segundo momento o grupo reunido foi convidado a identificar estímulos que temos atualmente, vindo tanto das congregações, como também da Igreja e da Sociedade para um trabalho conjunto. Diversos fatores forama identificados tais como:
– As Filhas de Maria Auxiliadora estão celebrando 90 anos de presença salesiana no Rio Negro;
– No ano 2015 os salesianos celebrarão 100 anos de presença no Rio Negro;
– Estamos no processo de preparação da a Celebração do Bicentenário de Dom Bosco;
– Temos muitas ocasiões para eventos extraordinários e conjuntos, tais como: nossas festas religiosas, litúrgicas, aniversários;
– Temos a mesma missão juvenil: os mesmos desafios, em geral, são os mesmos jovens que frequentam as nossas obras: escola das FMA e a obra social dos SDB;
– A Igreja, a sociedade, a cultura do trabalho em rede nos pedem ação conjunta;
– A riqueza da proposta da AJS em cada realidade a partir daquilo que já temos;
Compromissos a serem tentados
Para concluir a reunião, o pequeno grupo, desejoso de assumir compromissos, adotou simplesmente três linhas de ação e estratégias para serem divulgadas e refletidas entre as comunidades da área do Rio Negro:
a) Promover cada vez mais a ação conjunta entre FMA e SDB nos lugares onde atuam, programando momentos de oração conjunta, refeições e festas salesianas entre as comunidades e exercitando-se na prática da partilha entre as comunidades;
b) Elaborar um plano conjunto de ressignificação da presença Salesiana como Família no Rio Negro, programando um encontro reflexivo entre Salesianos e Irmãs a ser agendado;
c) Articular um encontrão formativo com a Juventude Salesiana das obras do Rio Negro em 2014 em preparação à Comemoração do Bicentenário de Nasc.de Dom Bosco, a ser precedido por eventos pastorais conjuntos em cada realidade, definindo datas nos calendários das Comunidades.
Não era um evento institucional calendarizado e por isso mesmo, por causa da sua singeleza, foi tão bonito e significativo. Ficou claro para os participantes, bem verbalizado, que mais do que atividades, precisamos traçar um plano de ação conjunta no Rio Negro; a relação entre FMA x SDB depende muito das pessoas, mas precisamos estabelecer “políticas” de ação conjunta, marcar rumos, desenvolver processos, definir metas…
Mesmo às vezes distantes, nos queremos bem e temos consciência de sermos carismaticamente irmãos e irmãs. Isso transpareceu no depoimento de alguém quando dizia que, quando os salesianos saíram de Taracuá, Parí-cachoeira e Içana, as irmãs sentiram muito e o trabalho com os outros padres que chegaram, no início, foi muito difícil. Ainda sentem a ausência dos irmãos.
Eis uma bonita decalração que significa que somos importantes, somos irmãos e, na ausência sentimos a perda, o vazio, a saudade! Contatou-se que, o que fazemos conjuntamente, ainda é muito pouco, pois o trabalho conjunto, além de expressar força carismática, também nos ajuda a crescer como pessoas e religiosos.
Pe. Antônio de Assis Ribeiro – (Pe. Bira)
Vice-inspetor e Coordenador de Pastoral