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RETORNAR A DOM BOSCO: Fidelidade criativa

Foi no seminário de Chieri que Dom Bosco leu pela primeira vez as palavras DA MIHI ANIMAS, CAETERA TOLLE. Era o lema episcopal do Bispo Colombano Chiaverotti, beneditino camaldulense, que feito bispo de Turim em 1818 começou uma reforma estrutural no seminário propondo uma profunda espiritualidade apostólica no clero. Em 1829 ele fundou o seminário de São Filipe Nery, onde Dom Bosco estudou e se preparou para o ministério presbiteral. O lema do bispo era de inspiração para os seminaristas para uma vida ascética, alegre e apostólica.

Infelizmente o seminário de Chieri quando da entrada de João Bosco não era um ambiente de boa fama. João Bosco mesmo fará observações sobre questões de disciplina, moralidade e a distância dos superiores (Cf. MO, 29). Contudo ele soube superar todos os limites.

O lema do bispo não foi apenas um bom propósito, mas um projeto de vida para João Bosco. Uma experiência de vida, que durante o Convitto Eclesisastico, será fundamental para sua opção pelos jovens pobres.

O CG 26 se coloca na trilha deste lema, com o apelo de retornar a Dom Bosco. Que significa isto? Significa que precisamos mudar a mentalidade. Os CGs precedentes já colocaram a meta de refundação do nosso Instituto. Desde o CG especial nosso Instituto vive um processo de refundação contínua. A grande questão de fundo é a seguinte: Em qual Capítulo Geral estamos? Onde estagnamos? Ou, talvez, aonde nem chegamos? Para mim a crise de identidade e crescimento do nosso carisma está neste drama. Já estamos nas portas do CG 26 e a partilha do carisma com os leigos (CG24) e a comunidade salesiana (CG25), parece que foram se sobrepondo um sobre o outro. Nem comento o CG23. Fazemos um giro de 360 graus e voltamos ao mesmo ponto sem mudanças significativas. Basta avaliar, para citar um exemplo, a maneira como nós salesianos participamos da Família Salesiana e já teremos um quadro para nos situar neste processo de refundação. A ação conjunta com os leigos ainda está distante da realidade que nos foi proposta pelo CG 24. O capítulo descrevia uma formação conjunta: aonde temos este tipo de experiência?

Dois elementos são importantes para este processo de refundação em vista do CG 26: 1. Os jovens e seu mundo; 2. Os leigos e a partilha carismática. Poderíamos até aumentar a lista acrescentando a Família Salesiana na sua diversidade e unidade. Dom Bosco não foi um homem sozinho, senhor absoluto de um carisma, mas um homem com capacidade de envolver muitas pessoas no projeto que sonhara. Ousadia, comunhão e missão, foram elementos integrados nas ações do nosso fundador. Portanto, a conversão da mente, vontade e coração, são urgentes!

Não sei como estão se desenvolvendo as Assembléias pré-capitulares, mas acredito que não pode faltar a presença efetiva dos leigos e os jovens. Se quisermos ser coerentes com o CG 23, 24 e 25, é impossível na atual conjuntura realizar um capítulo sem a presença daqueles que são pessoas de significatividade da nossa existência. Sem eles estaremos fechados numa eclesiologia clerical, excludente e reticente a toda mudança. O resultado será mais um documento a ser digerido nos próximos anos; enquanto os processos humanos de vida e missão caminhão à margem das doutrinas e repetições de Capítulos anteriores.

Os jovens nos ajudam a fazer a experiência de família. Se eles não estão presentes, pergunto: Vamos continuar fazendo capítulos para que outros leiam no futuro? Que sentido tem ainda nossa consagração? Ser salesiano para quê? Para mim o CG 26 será uma experiência de revisão do que somos ou estamos sendo chamados a ser. É um ponto de chegada de um processo que começamos com o CG especial, ainda no vento do Concílio. Dom Bosco foi um camponês emigrante, e hoje ele caminha à nossa frente chamando-nos a acelerar o passo porque o tempo urge e os jovens não podem esperar.

Gostaria que neste CG tivéssemos a coragem de propor o fim do clericalismo em nosso Instituto; abrir a janela que nos ajudaria a concretizar o desejo carismático de Dom Bosco, de um Instituto misto, onde todos fossem de fato iguais em seus deveres e direitos. É certo que a Igreja nos reconhece como um Instituto clerical (C 4 ), mas Dom Bosco não pensava assim. Ele silenciou, é certo, porque o contexto eclesial da época não permitia algo tão ousado e diferente como ele imaginara. Porém hoje a laicidade é uma conquista eclesial. A Igreja Povo de Deus nos faz todos servos e ouvintes da Palavra. Já é hora de mudar a mentalidade de que o ser Bom Pastor no ministério ordenado é superior ao ser Bom Pastor na laicidade consagrada. É hora de retornar ao desejo fundacional de Dom Bosco dando o devido protagonismo aos irmãos coadjutores. Não se trata apenas de poder. Mas do justo lugar do leigo consagrado dentro da vida religiosa. O papa João Paulo 2o. na exortação apostólica Vita Consegrata dedica dois números sobre a questão dos religiosos irmãos e Institutos mistos (60-61). Acredito que no processo de retorno a Dom Bosco seria importante voltar a questionar este problema que julgo vital para a proposta do religioso leigo.

Outra questão no processo de discernimento sobre o chamado de Deus é a forma como estamos desenvolvendo a Animação Vocacional. Os tempos mudaram e faz-se urgente mudar os métodos. Somos poucos e precisamos reorganizar as f orças para poder propor a vocação salesiana aos jovens de hoje. Por isto proponho aos irmãos a reflexão sobre o redimensionamento da nossa proposta educativa vocacional. Parece que manter dois CVS se tornou difícil porque as escolas ocupam boa parte do tempo dos salesianos. Então, proponho que seja avaliada a possibilidade de um CVS, contemplando aspirantado, ou em Belém ou Manaus. Com uma equipe de salesianos que se organizem de tal forma que sejam capazes de acompanhar, guiar e propor a vocação salesiana nos lugares onde já estamos e em outras realidades onde os jovens esperam por Dom Bosco. Uma equipe capaz de dedicar, um salesiano cada vez, segundo um projeto, tempo fora de casa, em outro Estado para desde ali acompanhar os jovens. Uma equipe de animação vocacional itinerante. Com tempo para isto e capacitação continua. Formando uma comunidade fraterna, proporcionando até aos demais salesianos tempo de oração, retiro e estudo. Seria muito bom para todos nós. Uma riqueza para os jovens.

A minha esperança é que a graça de Deus, que tudo cria e recria, desde o vazio do cosmo, possa fazer das coisas velhas uma nova humanidade, um novo Instituto rejuvenescido à luz da ação do Espírito Santo de Deus.



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