Manicoré/AM – De 13 a 15 de abril aconteceu o II Retiro das Santas Missões Populares nas comunidades ribeirinhas do Rio Mataurá, trabalho realizado pela paróquia Nossa Senhora das Dores – Manicoré, através de um grupo de leigos da Pastoral da Itinerância (jovens e adultos). Nessa ocasião, tive a oportunidade de acompanhar um grupo de oito leigos para realizar essa experiência visita missionária àquelas comunidades indígenas. Aqui destaco alguns aspectos significantes nessa experiência. Primeiro, a convivência e o conhecimento de cada um do grupo. Isso enriqueceu pessoalmente o modo de pensar e o modo de trabalhar. Segundo, a oportunidade de conhecer uma nova realidade, cultura diferente, modo de conviver, novas pessoas.
Fui acolhido como um deles, pois aquela região e de maioria indígena (mura). Mas, infelizmente, a cultura indígena já está quase extinta: poucos têm as características próprias do indígena, como a língua falada e valores da cultura. Pude notar as influências de fora na maioria dos adolescentes e jovens: o uso da tecnologia, consumo de bebida alcoólica, música e outros estilos juvenis da área urbana. Por outro lado, notei coisa positivas como a participação da maioria na comunidade, o engajamento dos jovens na igreja local, a formação humana e cristã, a convivência em comunidade que é um dos aspectos bem presente naquela cultura. Particularmente aprendi muita coisa nova, que serviu de enriquecimento cultural e vocacional, sobretudo, na questão missionária. Pude partilhar, com a comunidade, sobre a minha identidade cultural e também como salesiano, contribui na formação religiosa e cristã, através da partilha do tema “a fidelidade com compromisso missionário assumido – ser discípulo missionário de Jesus Cristo”. Outro aspecto que pude notar e a presença de outras igrejas (evangélicas) nas comunidades e o desafio que o povo enfrenta na questão religiosa. A divisão da comunidade e até mesmo das famílias por causa da presença dessas igrejas evangélicas. Eis ai o desafio de trabalho e a conscientização do missionário. Surpreendeu-me a resistência de muitos católicos diante da pressão dos evangélicos que chegam até a oferecer dinheiro e outras coisas parecidas para que mudem de igreja.
Diante desses fatos percebemos a importância e a necessidade de conhecerem mais a fundo a Palavra de Deus, para terem o fundamento e o conhecimento sobre dimensão religiosa, para não serem enganados facilmente. O trabalho missionário nas comunidades ribeirinhas está produzindo frutos bons e a Palavra de Deus está sendo bem semeada e cultivada. A maioria leva a sério e demonstram o interesse de conhecer mais a Palavra de Deus. Fiquei contente em ver o esforço e o compromisso dessas pessoas. Já temos vários passos dados e ainda temos um longo caminho a ser feito. Agradeço a Deus por esta oportunidade de conhecer nova realidade para aprender mais e crescer na dimensão missionária. Ao Pe. Bira (pároco), pelo incentivo e a preocupação que tem com esse trabalho missionário com as comunidades ribeirinhas e indígenas, os excluídos em geral. Ao grupo de leigos missionários da paróquia, com o qual pude conviver diretamente e colaborar com eles nesse trabalho. Agradeço ainda as lideranças das comunidades ribeirinhas do Rio Mataurá (em Manicoré), por terem acolhido essa oportunidade de crescerem com esse trabalho missionário, pela colaboração e participação. Enfim, agradeço a todos que direta ou indiretamente, ajudaram para que esse trabalho continue sendo realizado. E esperamos a próxima oportunidade. Para o segundo semestre estão previstos encontros com jovens, catequistas, casais e um curso para ministros da Palavra.