Daqui a duas semanas estaremos vivendo o momento central do Cirio deste ano. A aproximação do evento faz com que a movimentação de pessoas e preparativos cresça ainda mais. Eis que chega Outubro!
Toda grande festa tem seus preparativos, o que é muito normal. O Círio,
porém, é preparado com carinho durante o ano todo para que nenhum detalhe
seja esquecido. Os noticiários locais a cada dia trouxeram os detalhes:
reforma da berlinda, melhoria nos outros carros, a chegada da corda, as
exposições do Círio pelo Brasil, as datas das celebrações, os eventos
interligados, a preparação da Basílica Santuário, as peregrinações da
imagem.
A maneira de comemorarmos esse evento é também muito próprio nosso. Aqui
em Belém o modo de celebrar o Círio condiciona não só as demais
manifestações do Pará, mas também de tantos outros lugares do nosso país
que na mesma data ou em momento próximo vive também o seu Círio de
Nazaré.
Assim como a festividade tem sua preparação, os locais por onde passará o
Círio recebe um tratamento especial, as famílias preocupam-se em como
acolher os visitantes e também em preparar as comidas típicas. Cada um de
nós também é chamado a preparar-se para viver o Círio!
As peregrinações de casa em casa que são realizadas durante o mês de
setembro já são uma certa preparação espiritual para que, em pequenas
comunidades, com reflexões diante da Palavra de Deus e em clima de oração,
estejamos sendo preparados interiormente para termos frutos em nossa
caminhada durante as celebrações de nossa festa.
Sobre o fruto desejado para a organização da Arquidiocese, eu fiz
referência na semana passada: formar comunidades missionárias,
significando com isso que gostaríamos que fosse reforçada a rede de
comunidades e que as lideranças que estão à frente fossem cada vez mais
comprometidas com o Plano Arquidiocesano de Pastoral.
Porém, um outro fruto desejado é que a vida das pessoas se transforme
ainda mais. Sim, a procura de uma conversão sincera que nos ajude a ser
fermento, sal e luz em nossa tão violenta sociedade.
Eu acredito que uma manifestação como essa deve levar cada pessoa a fazer
uma experiência com Deus. À semelhança de tantas outras peregrinações que
encontramos na tradição da Igreja que leva as pessoas a retornarem
diferentes para suas casas, assim também tenho visto a participação no
Círio: um momento a ser aproveitado para essa comunhão com Deus numa vida
de conversão, aproveitando o exemplo de Maria que, além de nos mostrar
Jesus, nosso Salvador, é o grande sinal de fidelidade. Assim como Ela,
digamos nosso sim ao plano do Pai.
Por isso a participação no Círio além dos frutos na formação das
comunidades deve também ajudar cada participante a se aproximar de Deus,
e, à luz da Palavra de Deus e conduzido pelo Espírito Santo fazer a
experiência de uma conversão profunda e sincera.
Com essa multidão de pessoas que pode fazer essa experiência podemos dizer
que o Círio ainda nos ajuda a permanecermos cultivando os valores humanos,
éticos, morais e cristãos em nossa sociedade. Ele leva as pessoas a
voltarem melhores para suas casas e a procurar fazer o bem!
A vigília de dois dias de oração que precede o Círio é um outro segredo da
intercessão por todos os que irão participar: que seja um louvor e
encontro com Deus!
Por isso mesmo é que cada um daqueles que estarão participando do Círio
devem preparar-se com uma boa confissão, abertura de coração à ação do
Espírito Santo e disponibilidade para deixar-se conduzir por Deus.
E todos, junto com sua família e comunidade, na alegria de nossa caminhada
típica com Maria, tenhamos um feliz Círio!
* Dom Orani João Tempesta é arcebispo de Belém (PA) e presidente da
Comissão Episcopal para a Educação, Cultura e Comunicação da CNBB