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PODE HAVER UMA TERCEIRA VIA?

Em meados de março, participei de uma experiência totalmente nova para mim: o CERNE 105, , realizado em Manaus e organizado pela CRB Nacional e que reuniu cerca de 35 religiosos e religiosas vindos de todo o Brasil. Quase 40 dias de reflexão sobre temáticas concernentes à vida religiosa, tempo para confronto pessoal, especial dedicação à oração pessoal, proposta de revisão de vida. Unica celebração conjunta: a celebração eucarística. O CERNE se estendeu do dia 12 de Fevereiro ao dia 23 de Março; parte final dele, o retiro foi do dia 16 ao dia 22. 

Dois salesianos contribuíram com a iniciativa: Pe. João Sucarrats assessorou alguns dias de reflexão sobre o tema “Análise de Conjuntura; desafios à Vida Religiosa Consagrada”. O Pe. Bené foi convidado para fazer parte de uma equipe de seis religiosos ( três padres e três religiosas) de Manaus que assumiram o compromisso de acompanhantes espirituais de grupos de ‘cernistas’. 

Mas aprender o que? O ciclo de palestras também serve como preparação para o retiro conclusivo. Quando começou o retiro, todos os participantes estavam predispostos para acolher a proposta do retiro.

O que tem a ver conosco? Em muitas vezes chegamos ao retiro na véspera e outros no dia de início. Chegamos deixando pra trás programações suspensas, planejamentos incompletos, palestra adiadas, compromissos sérios, perspectivas de mudança de casa, exames médicos marcados. Tudo isto nos acompanha e invade o clima do retiro. Estamos retirados, mas com dificuldades de nos retirarmos. Porque não conseguimos desligar a tomada do corre-corre diário, chegamos acompanhados de instrumentais tais como celular e notebook que se tornam imprescindíveis na bagagem. O discreto celular não pára e, nos quartos, o note está sempre a postos. De longe estamos plugados nas notícias mais longínquas do mundo e nas de nossas comunidades. A noite tranqüila nos encontra navegando. O facebook em dia. O silêncio vive bombardeado por informações fresquinhas, que precisam ser partilhadas, comentadas. Deixamos o trabalho, mas ele nos acompanha de perto.
Também sofre a proposta de inteririorização silenciosa. Os coordenadores dos retiros bem que se esforçam, mas sucumbem diante do permanente burburinho. Pelos gestuais e pelas risadas, podemos suspeitar que não se trate de partilha espiritual. Por vezes, a saída se direciona rumo à multiplicação de celebrações para preencher o tempo. O ativismo, até o pastoral, pode tentar, em vão, esconder e camuflar, o vazio espiritual. Os lábios podem estar proferindo loas ao Senhor, mas o coração pode estar longe e coloca longe nisto!.

Participei do retiro do CERNE como retirante. Desafiador para mim foi ficar o dia todo em silêncio. Mas sem ele, a reflexão pessoal sobre os textos bíblicos teria evaporado. E todos os ’cernistas’ contribuíram com o clima. E todos eles têm a mesma tonelada de compromissos que nós, salesianos. O silêncio pode estar se tornando o calcanhar de Aquiles de nossa vivência espiritual. Como escutar a Palavra, com uma a vida tão brindada de palavras, comentários, risos, informações com gosto de fofocas? Como restaurar a integridade do coração, com uma experiência tão ruidosa? A vida comunitária tem, entre outros desafios, o de conviver com o fato de que o ruído na vida de um irmão venha ter ressonâncias em outros irmãos, como ondas de um rio após um banzeiro.

Seria possível preceder o retiro com uns dois ou três dias destinados à reflexão educativo-pastoral sobre temas referentes à nossa vida consagrada, à vida ministerial? Tal espaço poderia se tornar numa modalidade inspetorial de formação permanente, com uma grade trienal de temas. Então, os papos seriam postos em dias, os vazios comentários zerados, a comunicação atualizada e todos ganhariam com um banho de atualização. Esta proposta não é inédita, pois outras Inspetorias a manejam, com grandes resultados de renovação pessoal e comunitária.
Dom Bosco inicialmente apostava numa proposta de retiro totalmente em silêncio, no estilo do retiro inaciano, mas, depois foi mitigando o rigor por vários motivos. Hoje, conheço e conhecemos a modalidade de retiro salesiano. Mas por vezes, me pergunto: em nossa prática atual, não passamos dos 8 para o 88? Mais: esta modalidade vigente é a única possível?

Fui ao CERNE para prestar um serviço e acabei sendo servido com uma fraterna vivência de religiosas e religiosas empenhadas em recuperar a qualidade profética e testemunhal de sua vida religiosa consagrada.

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