1. Quantos e quais são os jovens salesianos da região norte que vão para a Jornada Mundial da Juventude? Quais foram os critérios para a escolha ou seleção deles?
Ao todo somos 78 pessoas inscritas na JMJ 2011 da Inspetoria de Manaus (Amazônia); são provenientes obras que estão em três cidades diferentes: Manaus, Manicoré (Am) e Ji-Paraná (Ro). O grupo é formado por diversas categorias de pessoas, tais como, adolescentes, jovens e adultos (educadores, líderes de comunidades e religiosos salesianos). O processo de escolha dos participantes foi, sim, orientado por diversos critérios, como por exemplo, a participação deles na vida de nossas obras (escola, obra social e paróquia), o engajamento eclesial, a necessidade da participar de um processo de formação, a predisposição para serem multiplicadores das lições aprendidas.
2. Estão sendo feitas atividades preparatórias para a JMJ? Quais?
Sim, o processo de formação está sendo levado a sério envolvendo muitas atividades em diversas dimensões. Na dimensão econômica os grupos estão profundamente comprometidos na captação dos recursos financeiros necessários promovendo atividades como bingos, rifas, cafés, lanches, apadrinhamento etc. Na dimensão espiritual as atividades giram em torno de celebrações e encontros de meditação das catequeses do papa Bento XVI em preparação à JMJ 2011 sobre o tema “enraizados em Cristo”. Na dimensão cultural, sobretudo o grupo de Manicoré, está preparando um show cultural com danças e músicas folclóricas para serem apresentados em diversas cidades que serão visitadas. Não queremos ser simples turistas, mas peregrinos que querem dar um testemunho de fé e de igreja viva através da esperança, alegria e otimismo. Em fim, o processo de preparação está sendo intenso; cada grupo tem uma agenda específica e uma dinâmica de acordo com a índole e o contexto (urbano e rural) em que se encontra.
3. Qual é, na sua opinião, a importância da JMJ? Que aprimoramento ou aprendizado o jovem pode ter ao participar desse evento?
A JMJ é um evento profundamente formativo, voltado essencialmente para a juventude. Está em profunda sintonia com a sensibilidade do mundo globalizado que favorece o encontro de povos, o intercâmbio cultural, a abertura da visão de mundo, o estímulo à autocrítica etc… Do ponto de vista eclesial creio que seja um evento que estimula o jovem sentir, na prática, a beleza da catolicidade da Igreja, ou seja, sua universalidade e, ao mesmo tempo, a experiência da comunhão. Isso é um estímulo para que os jovens aprendam, a partir da experiência de fé, a construir pontes de amizade e de esperança entre os continentes, povos e culturas, acreditando na civilização do amor, de um mundo sem barreiras! Portanto, por sua natureza, conteúdo e dinâmica a JMJ é profundamente formativa.
4. Alguns dos jovens que participarão da JMJ nunca saíram da região. Qual é a expectativa desses jovens com a JMJ?
É verdade, sobretudo, no que diz respeito ao grupo de Manicoré, do interior do Amazonas, a 340 km de Manaus, às margens do Rio Madeira. Eles não acreditavam que um dia alguém poderia fazer-lhe uma proposta dessas, ou melhor, um desafio! Até alguns salesianos acharam um absurdo, loucura! Isso revela uma mentalidade! Em geral, no contexto interiorano-ribeirinho-amazônico, o povo caboclo ou indígena, está acostumado a sempre receber os “estrangeiros” (gente de fora!), mas pouco sai de casa. E isso, a meu ver, é uma atitude limitante, porque pouco amplia sua visão de mundo! Por outro lado, ir a Europa, encontrar-se com o papa é sonho de milhões de pessoas…! Mas para estes, devido muitas barreiras, como o isolamento geográfico, a pobreza, o medo, a tímida práxis pastoral pouco empreendedora, a falta de referenciais culturais de outros mundos, eles nem sonhavam… Até custaram a acreditar! Por isso a expectativa é grande, eufórica e, ao mesmo tempo, tensa e cheia de confiança!
5. Tive informação também de que será feita uma visita aos lugares salesianos, na Europa. Gostaria de saber mais informações sobre essa continuidade da viagem, o que está programado e com qual objetivo se decidiu proporcionar essa experiência combinada de vivência salesiana.
É verdade…os três grupos visitarão os históricos lugares salesianos; achamos que fazer uma viagem à Europa e reduzi-la à participação na JMJ (em Madri) não seria o suficiente, ou muito pobre!! Então resolvemos agregar outros valores e experiências formativas a essa peregrinação. Daí, tomamos a decisão de ir também a Turim e visitar os lugares históricos salesianos em vista de ampliar nossa bagagem de salesianidade. Afinal quem vai, são todos carismaticamente filhos e filhas de Dom Bosco. Iremos também, não poderia faltar, a Roma, onde esperamos fazer outra marcante experiência de visitas e celebrações. O grupo de Manicoré vai além, e passará por Lisboa, visitará Fátima e Aveiro em Portugal. Com Aveiro temos um vínculo por causa do voluntariado missionário, pois nos anos passados a Inspetoria acolheu diversos jovens dessa diocese.
6. Qual a sua expectativa Pe. Bira?
Que seja uma experiência profundamente formativa para todos os participantes… Que voltando, cada um deles, sobretudo os jovens e educadores, desenvolvam renovados padrões de comportamento, para serem mais abertos, dinâmicos, ousados… Que cresçam na auto-estima e passem a acreditar mais em suas possibilidades, em seus talentos, em recurso… Que valorizem mais as próprias riquezas culturais! Enfim, sobretudo, que acolhendo essa peregrinação como dom de Deus, renovem a própria espiritualidade, o amor à Igreja e o compromisso de serem cada vez mais promotores do Reino de Deus onde vivem. Quando nos abrimos ao mundo nos tornamos mais amante daquilo que é nosso.