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Pe. FRANCISCO: A DOENÇA DESOBRIGA?

  • Por Pe. Bené Castro

Não vou repetir as coisas belas assinaladas em artigos e homilias sobre o Pe. Francisco Laudato. Repetir ajuda, mas às vezes entorna ou, em imagem antiga, fura o disco.

Mantenho, porém, uma das coisas belas referidas. Recupero um traço de sua vida que ainda me questiona e, sem ter sido sua intenção, pode confrontar a muitos religiosos(as). Por vezes e não são poucas, nos aproveitamos de inúmeras ocasiões e as transformamos em pretextos para nos eximirmos de compromissos da oração pessoal e comunitária: uma gripe com um dia de cama e… folga da Eucaristia; Um compromisso de manhã cedo e …e ele supre minha oração da manhã; saí cedo ou cheguei tarde de uma viagem, e … e no lugar de oração , meu descanso reparador; estou de férias entre familiares e… e lá não há horário marcado de oração comunitária e nem mesmo de Missa dominical.

Já vivi e muitos irmãos já relataram ter vivido tais incongruências. E assim vou me acostumando a suprimir e se torna normal eu não sentir necessidade de repor ou recriar novas formas de oração pessoal, quando algum evento sério me impede a presença física entre os demais irmãos. Passa por batido.

Loucura seria colocar a cama do irmão doente no centro da capela, ou obrigar o sacerdote ardendo de febre ou recém-operado para presidir uma liturgia eucarística ou colocar um irmão derrubado pela malária para carregar a cruz da Via Sacra. Mas imaginemos todos nós na impossibilidade de abrir a caixa eletrônica por um ou dois dias, de ficar sem poder usar o celular por um ou dois dias, de não ler o jornal pela manhã, de perder um capítulo da novela predileta, de perder a transmissão do jogo do time pelo qual eu torço. Quantas múltiplas lamúrias e sentidos incômodos! Ficar sem estas coisas, nem pensar!

Mas o Pe. Francisco não se permitia pretextos. Sem condições físicas ideais, parecia mais presente do que muitos dos presentes de nós, com saúde esbanjando. Mesmo depois de noites de insônia, em muitos dias parecia mais pontual do que os que roncávamos vigorosamente a noite inteira. Atribuo tudo à perseverança na fidelidade na oração pessoal forjando seu coração orante. Ele já não rezava com as linguagens conhecidas (por vezes só mecanicamente repetidas), da oração do livro, mas sentíamos sua compostura interior na comunhão. Talvez, no silêncio imenso das matas entre os Ianomame, foi que ele aprendeu a rezar por amor, não por obrigação.

Só por obrigação, cansamos, enjoamos, sofremos a oração da mesmice ou a mesmice na oração e logo forjamos muito pretextos (doença, viagem, curso, consultas, provas, “não estou afim”, “estou com deprê”, “o despertador não funcionou”, “tive pesadelos perturbadores”) para nos omitir de compromissos que são mediações para um encontro cotidiano com Cristo. E quando a gente se acostuma à omissão ou à supressão e tudo se baliza, aí pode estar se agrudizando a fragilidade vocacional. Em não poucas vezes, o coração frio se afasta da oração como o demônio da água benta (ainda é assim?). Pior é que, por vezes, convivem juntos. É a vida religiosa que se torna um pretexto. Mais morto que o Pe. Francisco.

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