Por Comunicação / Inspetoria São Domingos Sávio –
A Pastoral Juvenil Salesiana, da Inspetoria São Domingos Sávio realizou, na noite de ontem (16), o ritual da Ceia Pessach (Páscoa Judaica), no Pró-Menor Dom Bosco, em Manaus, e contou com a participação de cerca de setenta pessoas entre religiosos, leigos e jovens da Família Salesiana.
Segundo o coordenador do evento, o delegado para a Pastoral Juvenil Salesiana padre Antonio de Assis Ribeiro (P Bira) o objetivo do evento foi o de fazer memória sobre os remotos acontecimentos da pré-história da fé cristã “Este evento tem uma justificativa catequética e não há catequese sem história, sem memória do passado. Nosso Credo tem uma dimensão histórica e o cristão, discípulo de Jesus, não deve negar o Antigo Testamento” disse padre Bira.
E continuou explicando “Jesus não anulou a ‘Lei, nem os profetas’, mas veio dar-lhe pleno cumprimento. Por outro lado, não é possível conhecer em profundidade a pessoa de Jesus Cristo sem conhecermos o seu contexto existencial e nem a história do seu povo” disse.
A Páscoa para os judeus relembra a fuga e o fim da escravidão no Egito, e é comemorada sempre na Sexta-feira Santa. Os Salesianos realizaram na noite do Domingo de Páscoa para apresentar, aos representantes da Família Salesiana presentes um pouco da tradição e da história de Jesus.
A palavra “Pessach” significa “passagem”, em hebraico, e dá origem à palavra Páscoa, que também tem o significado de passagem e libertação. Para a Salesiana Cooperadora Isabelle este evento a fez repensar sobre sua vida “A riqueza dos detalhes da ceia apresentada nesta noite, me fez colocar a minha vida em cada momento, como na representação do ovo cozido que significa a mudança de vida”, explicou a cooperadora que recentemente tornou-se mãe.
Preparada com ingredientes que tem significados que relembram o período, a Ceia Judaica oferece aos convidados ervas amargas e raiz forte que lembram a amargura da escravidão, a pasta vermelha, o barro e os tijolos que os judeus tiveram que carregar para fazer as construções. A água com sal, as lágrimas derramadas durante o período. O ovo, o fato da mudança da vida do ser humano após ter abraçado a Fé.
Cada um dos alimentos tem um significado importante que celebra o momento em que os hebreus foram tirados da escravidão no Egito e passaram pelo Mar vermelho rumo à liberdade.
Assim como para os cristãos, para os judeus, a páscoa também é a festa mais importante do ano e há a reunião de parentes e amigos. Na Ceia, da noite passada, a Família Salesiana esteve presente através de representantes como catequistas, professores, diretores, jovens, pais e filhos “Devemos fazer memória junto a nossa família, amigos e catequizandos. Ensinar através dos ensinamentos de Jesus que ser um homem livre implica em responsabilidades, de saber acolher, de saber partilhar para que possamos estar atentos ao contexto de cada momento de nossa vida” explicou Monica, professora da Faculdade Salesiana Dom Bosco.
Durante o jantar os presentes dividiram o pão ázimo chamado matzá, que os hebreus comeram quando, ao fugir da escravidão no Egito, não tinham fermento para o pão. Essa travessia é justamente o tema que está por trás do Pessach e que traz o significado da libertação.
Além de conhecer as tradições, o evento foi uma demonstração de que é possível a convivência de duas culturas diferentes se aceitando e respeitando em um universo amplo e plural. Para o coordenador do evento, foi muito mais que uma aproximação cultural “A Ceia Judaica realizada pelos católicos é muito mais que uma aproximação cultural através dos seus elementos religiosos, mas encontro e reconhecimento da mesma fonte ético-religiosa que nos guia: o amor a Deus e ao próximo. O que é valido para o judeu, para o muçulmano e cristão. Temos um só Deus”, disse padre Bira, que concluiu falando sobre os princípios morais “Temos por isso mesmos princípios éticoscomo a justiça (libertação), a honestidade, a paz, a harmonia, a solidariedade. Acreditamos na necessária libertação dos males nesta vida. Acreditamos na vida eterna, isso não vem dos homens é a nossa vocação: vem de Deus”.