EnglishFrenchGermanItalianPolishPortugueseSpanish


Notícias

P João Mendonça, recebe a medalha de Ouro Dom João da Mata e Amaral

Senhoras e senhores,
Caríssimos paroquianos, amigos, familiares, salesianos, membros da Família Salesiana, jovens
Desde já agradeço a presença de cada um.

Quando o caríssimo amigo Adson Santos, presidente da Associação dos moradores do bairro São José, e o vereador Homero de Miranda Leão me fizeram a proposta de receber esta medalha de Ouro Dom João da Mata E Amaral minha primeira reação foi dizer não. Fiquei temeroso que esta medalha pese na minha consciência e no meu pescoço mais do que mereço. O peso de não ter feito nem a metade do bem, justiça e evangelização pelo nosso povo mais excluído.

Contudo, depois de alguns dias refletindo resolvi aceitar, não para ostentá-la como um troféu, porque para nós salesianos “as honras, o dinheiro e os cargos”, como bem disse Dom Bosco aos primeiros missionários em 1875, não devem ser a meta de nossas ações, mas a evangelização e a educação dos jovens e do povo, portanto, ao aceitar esta medalha me comprometo ainda mais com a missão de discípulo missionário de Jesus Cristo.
A data de hoje coincide com os 20 anos de minha Ordenação presbiteral. Naquele dia assumi como Projeto pessoal de vida o pensamento de Paulo dirigido à comunidade de Corinto: “Ai de mim se não anunciar o Evangelho” (1 Cor 9,16). Tenho procurado pautar minhas escolhas e práticas a partir deste lema durante esses vinte anos de serviço à Igreja Católica como presbítero e a missão salesiana. É um dia especial para agradecer ao bom Deus que me escolheu para esta missão e pedir a intercessão da Virgem Auxiliadora para saber dizer sempre SIM à vontade misteriosa de Deus.
Aceito, senhoras e senhores, esta medalha fundamentado em três motivos:
1.Com ela quero homenagear o povo da nossa cara zona leste, sobretudo do território da paróquia São José. Povo sofrido, lutador, persistente. Embora vitimado pelas carências mais humilhantes e violentas: falta de água, deficiente serviço de energia, desemprego, péssimo serviço de transporte público, assédio de candidatos/as oportunistas [nem todos é claro] pregadores de falsas promessas, pois só visitam nossos bairros para pedir voto e depois desaparecem exercendo o mandato indiferentes aos problemas da população, o tráfico e o consumo de drogas que mata nossas crianças, adolescentes e jovens, a falta de segurança pública, com o avanço selvagem da violência; a pesar de tudo, o povo da Zona Leste é esperançoso, fraterno, religioso. Partilho, portanto, com eles e elas, esta medalha.

2.Aceito a medalha e faço com ela homenagem a todos os padres, religiosos, religiosas e agentes de pastoral que no cotidiano trabalham incansavelmente para promover a justiça, os direitos e a solidariedade entre os mais pobres dentre os pobres nesta grande cidade, na periferia e no interior. Muitas vezes fazendo tarefas que o Estado e o Município deveriam realizar, mas se omitem, deixando o povo carente das necessidades básicas para uma vida digna.

3.Quero também partilhar desta medalha com meus queridos irmãos salesianos que desde 1915 trabalham incansavelmente nas missões indígenas do Alto Rio Negro, no Estado de Rondônia, Pará e Amazonas. Os filhos de Dom Bosco chegaram aqui com a missão de anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo e encarnar o carisma salesiano nestas terras. Aqui estamos. Nosso foco é a juventude, sobretudo a mais carente. Queremos ajudar na formação de bons cristãos e cidadãos honestos, que se comprometam de fato com a causa do bem comum rompendo com todo sistema de corrupção que assola nossa machucada sociedade manauara.
Senhoras e senhores, creio no ser humano porque acredito na força de Deus que salva (Rm 1,16). Continuarei minha missão de evangelizador com uma única pretensão: QUE TODOS SE SALVEM E CHEGUEM AO CONHECIMENTO DA VERDADE, QUE É JESUS, O FILHO DE DEUS BENDITO. Por isso, aproveito o ensejo para fazer eco às palavras do papa Bento XVI no discurso que fez ao novo Embaixador do Brasil junto a Sé Apostólica, disse o papa: “A Igreja espera que o Estado reconheça que um laicismo sadio não deve considerar a religião como um simples sentimento individual que pode ser relegado ao âmbito privado, mas sim como uma realidade, que, ao estar organizada em estruturas visíveis, precisa que sua presença seja reconhecida na sociedade pública”.

Senhoras e Senhores. A religião, de fato, não é um simples sentimento individual, ela é uma experiência de vida que nos mexe por dentro como indivíduos e comunidades. Infelizmente há uma enganosa propaganda que difunde a ideia de que a vida movida pelo Espírito de Deus é danosa ao ser humano, melhor seria viver como se Deus não existisse. Para tanto, propaga-se uma mentalidade agnóstica, perversa e, até certo ponto, agressiva que considera a religião como um obstáculo para o desenvolvimento, uma aberração quando se trata de assuntos sociais relativos à vida, a justiça, ao exercício da cidadania e ao bem comum. Muitas vezes, a religião, neste âmbito a Igreja Católica, é acusada de ser castradora e contra o desenvolvimento. Uma crítica falsa, ideologicamente contrária aos valores que a religião defende, querendo com isto sua resignação ao âmbito privado, sem voz na sociedade.
Acrescento ainda neste comentário a opinião de um agnóstico, ateu como chamamos popularmente, Mário Vargas Llosa, prêmio Nobel de Literatura 2010, publicado no jornal “El País”, de Madri, comentando a Jornada Mundial da Juventude, dizia ele: “Durante muito tempo acreditava-se que com o progresso do saber e da cultura democrática, a religião, esta forma elevada de superstição, teria desaparecido e que a ciência e a cultura a teriam amplamente substituído. Agora sabemos que esta era uma outra superstição que pouco a pouco a realidade aniquilou. A cultura da nossa época deixou de ser uma resposta séria e profunda às grandes interrogações do ser humano a respeito da vida, da morte e da história. A cultura não conseguiu substituir a religião, e não poderá fazê-lo, a não ser para pequenas minorias. A maior parte dos seres humanos só encontra resposta de sentido na transcendência, pois nem a filosofia, nem a literatura, nem a ciência conseguiram justificar racionalmente”.
Espero que esta medalha que hoje recebo seja um sinal de que no Estado Democrático de Direito o valor da religião e de suas tradições seja um bem a ser respeitado.
Na realidade a religião incomoda pelo seu valor profético e humanístico. Ela ainda forma uma barreira contra todo tipo de opressão, corrupção e perversão social. Não queremos e nem peço privilégios para nós católicos, mas é inegável que a Igreja Católica presta um serviço evangelizador, educativo e humanitário precioso para a sociedade. Como homens e mulheres movidos pela fé somos parceiros de todas as iniciativas que buscam a melhoria de vida para o povo, não o mero assistencialismo, que não dignifica, muito pelo contrário, oprime e escraviza. Nosso sonho é com o bem estar social de todos, sem a triste realidade da miséria e da fome que ainda machuca e cria chagas sociais imensas em nossa população, sobretudo nos jovens.

Esta medalha que me é concedida “pelos serviços prestados como religioso à sociedade manauara”, é algo que supera minhas forças e ações, embora, assim, quero verdadeiramente concebê-la, pois seria uma honraria contrária ao Evangelho se assim não o fosse, fortalece, senhoras e senhores, o valor da religião, neste caso do catolicismo. Ai de nós se a chama da religiosidade e da espiritualidade for apagada. Infeliz da geração que não tiver a liberdade da experiência do transcendente na própria vida. Pobre do Estado que arrancar da cultura popular pela força de um laicismo preconceituoso o valor da religião. Evidentemente, precisamos zelar pela transparência da religião e pela sua estrutura visível, pela mensagem que comunica para superar o “comércio religioso” e a subjetividade religiosa que se instaurou mascarado de um charlatanismo verdadeiramente alienante, isto sim pode ser chamado de “ópio do povo”. Portanto, sem a verdade da experiência religiosa cairemos no vazio e na perda total de sentido e daremos lugar às trevas da barbárie. Mais do que nunca a religião está chamada a ser a parceira da Sabedoria no diálogo construtivo, no fomento da intelectualidade e na cultura da vida.

Neste sentido, na paróquia São José estamos empenhados na melhoria dos espaços reservados à formação e ao culto. Sobre a formação podemos dizer que assumimos com uma força imensa a missão continental que a Igreja, desde o Documento de Aparecida, nos convocou, a ser uma igreja discípula missionária, superando a mera conservação da ação pastoral e investindo na conscientização da iniciação cristã como base fundamental de um catolicismo mais profético, místico e transformador. O investimento nas pessoas, nas comunidades e na espiritualidade é imenso. É aqui que entra o valor essencial do culto como lugar do encontro profundo com a Palavra de Deus como expressão de uma comunidade orante. Estamos trabalhando e muito. Hoje, a Cáritas paroquial, é o braço no social que evangeliza e nos compromete ainda mais com os mais pobres. Convido, portanto, aos senhores vereadores/as que quiserem nos visitar e ver nossa realidade que marquem presença. Serão sempre bem-vindos na casa da fé, da esperança e da caridade.
Caríssimo Adson obrigado pela sua amizade e confiança. Caro vereador Homero obrigado por esta honraria e pedirei sempre a Deus que o ajude a fazer a diferença na classe politica. Estendo também o meu abraço ao caro vereador Bandeira e meus agradecimentos ao Deputado Estadual Sinésio Campos, nossos parceiros em tantas iniciativas pelo bem do nosso bairro São José. Agradeço aos senhores e senhoras vereadores/as que me concederam esta medalha. Obrigado Deputado José Ricardo pela sua corajosa presença política e sua amizade. Caríssimo Dom Luiz sua presença profética e carismática na Igreja nos fortalece, mais ainda sua amizade, sabedoria, influencia e confiança.
Senhoras e senhoras vereadores, deputados, posso lhes fazer um pedido? Nós precisamos de lideranças limpas, pois, como diz o profeta Daniel: “não há neste tempo, chefe, profeta ou liderança”(Dn 3,3). Lutem, portanto, por uma política limpa, sejam hoje e sempre fichas limpas e rompam com a corrupção que corrói o nosso Estado e o nosso Município. Pois, mesmo que o Supremo coloque limites à Lei da Ficha Limpa, discutindo sobre legalidade e ilegalidades, continuaremos na luta, através da consciência política e do voto consciente.
Aproveito o ensejo para presentear com meu livro sobre Dom Bosco a algumas personalidades aqui presentes. Dom Bosco, um padre que ousou sonhar com um mundo possível para os jovens de seu tempo e nos envolve ainda hoje com seu projeto missionário.
Caros paroquianos, jovens, salesianos e amigos aqui presentes, mamãe e familiares, muito obrigado pelo carinho e pela força nos momentos de provação. A presença de vocês me alegra e fortalece.

Deus seja bendito.
Obrigado a todos e todas.
Pe. João Mendonça, sdb
Manaus, 24/11/2011.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

PÁSCOA JOVEM 2024

No dia 13 de abril, a Articulação da Juventude Salesiana (AJS) da Área de Manaus, realizou a Páscoa Jovem 2024. A Matriz Paroquial São José

Leia mais

Está gostando deste Conteúdo? Compartilhe!

plugins premium WordPress
Ir para o Whatsapp
1
Precisa de ajuda?
Olá! Podemos te ajudar? 😀