… Silêncio!¨
Eis a palavra ideal para definir o filme
¨O Grande Silêncio¨ de Philip Groning,
produção tedesca fabulosa de 2006.
Totalmente averso ao mercado cinematografico.
O filme retrata apenas em cenas o enigmatico silêncio
dos monges do Grande Chartreuse na França.
Talvez o filme suscite uma grande adiversidade
ao mero silêncio que rodeia a sala do cinema,
ou suscite ao telespectador
o indubitável barulho
ou rumor interior que de som gradativo
passa ao aterrador grito interior
se torna oração,
intimidade profunda consigo mesmo
através do ritmo quotidiano e rotineiro dos monges.
Longe de ser destinado prioritariamente a religiosos,
o filme deixa, intermitente, a vida dos monges falar e pôr-se a pergunta:
O que leva um homem deixar tudo para privar-se e confinar-se à clausura total?
Certamente o próprio silêncio é incapaz de responder a esta pergunta,
pois trata-se de uma resposta vocacional,
afinal as respostas poderiam ser muitas e até incompreensíveis
a céticos e incredíveis olhos.
… Me seduzistes Senhor e eu me deixei seduzir!
… é o que disse o profeta Jeremias no AT
é o que contemplam hoje na insurdência do mundo
os monges chartreuses.
… Me seduzistes Senhor e eu me deixei seduzir!
Nada te perturbe, nada te espante, só Deus basta!
… disse Teresa.
Nada te impeça, tudo seja teu e aprazível
Insejam os consumistas e hedonistas do mundo hodierno.
[… Pois vem o silêncio
… rompe o grito!
provoca-se o silêncio,
mas alguém está a falar.
Chega a noite,
o som se arvora
a ecoar no silêncio das altas horas.
Dorme o homem
Mas não se adormenta o silêncio!]
Quem não toma a própria cruz e não me segue
não é digno de mim!
A pesante quotidianidade dos monges
mostra a pequenos gestos,
o sentido próprio da vida:
entrega, serviço, caridade, bondade,
c o n t e m p l a ç ã o
… amor!
Diz um velho monge a sorrir:
¨Quando se aproxima da morte,
se aproxima da verdadeira VIDA!¨
Tu me seduzistes Senhor e eu me deixei seduzir!
Vem o rosto de cada um.
Consigo uma história,
uma vida, uma escolha pessoal:
a liberdade.
Ninguém fala, apenas se contempla.
As palavras se esvaziam nos próprios
rostos que se apresentam.
Afinal definir Deus é como
escutar o silêncio.
Basta! Psi… pois o silêncio está a falar!
[…]
11… E Deus lhe disse:
Sai para fora, e põe-te neste monte perante o SENHOR.
E eis que passava o SENHOR,
como também um grande e forte vento
que fendia os montes e quebrava as penhas diante do SENHOR;
porém o SENHOR não estava no vento;
e depois do vento um terremoto;
também o SENHOR não estava no terremoto;
12 E depois do terremoto um fogo;
porém também o SENHOR não estava no fogo;
e depois do fogo uma voz mansa e delicada…
1 Kings 19:11-12
O GRANDE SILENCIO