Há exatos cinco anos era assassinada em Anapú-PA, a missionária da Congregação de Congregação Notre Dame de Namur Dorothy Mae Stang.
Dorothy nasceu em Dayton, 7 de junho de 1931 e tornou-se religiosa emitindo sua profissão perpétua no ano de 1948. Chegou ao Brasil em 1966 sendo designada para a cidade de Coroatá no estado do Maranhão.
Desde a década de setenta exercia seu trabalho pastoral junto aos trabalhadores rurais da Região do Xingu. Sua atividade missionária buscava a geração de emprego e renda com projetos de reflorestamento em áreas degradadas, junto aos trabalhadores rurais da área da rodovia Transamazônica. Neste sentido seu trabalho focava também a diminuição dos conflitos fundiários na região.
Militou ativamente nos movimentos sociais no Pará. A sua participação em projetos de desenvolvimento sustentável ultrapassou as fronteiras da pequena Vila de Sucupira, no município de Anapu, no Estado do Pará, a 500 quilômetros de Belém do Pará, ganhando reconhecimento de organizações nacionais e internacionais.
A religiosa participava da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) desde a sua fundação e acompanhou com determinação e solidariedade a vida e a luta dos trabalhadores do campo, sobretudo na região da Transamazônica, no Pará. Defensora de uma reforma agrária justa e conseqüente, Irmã Dorothy sempre diálogava com lideranças camponesas, políticas e religiosas, na busca de soluções duradouras para os conflitos relacionados à posse e à exploração da terra na Região Amazônica.
Dentre suas inúmeras iniciativas em favor dos mais empobrecidos, Irmã Dorothy ajudou a fundar a primeira escola de formação de professores na rodovia Transamazônica, que corta ao meio a pequena Anapu. Era a Escola Brasil Grande.
Irmã Dorothy recebeu diversas ameaças de morte, sem deixar intimidar-se. Pouco antes de ser assassinada declarou: “Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar.”
A Irmã Dorothy Stang foi assassinada, com seis tiros, um na cabeça e cinco ao redor do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, às sete horas e trinta minutos da manhã, em uma estrada de terra de difícil acesso, à 53 quilômetros da sede do município de Anapu, no Estado do Pará, Brasil.
Segundo uma testemunha, antes de receber os disparos que lhe tiram a vida, ao ser indagada se estava armada, Ir. Dorothy afirmou “eis a minha arma!” e mostrou a Bíblia. Leu ainda alguns trechos deste livro para aquele que logo em seguida lhe balearia.
No cenário dos conflitos agrários no Brasil, seu nome associa-se aos de tantos outros homens, mulheres e crianças que morreram e ainda morrem sem ter seus direitos respeitados.
O corpo da missionária está enterrado em Anapu, Pará, Brasil, onde recebeu e recebe as homenagens de tantos que nela reconhecem as virtudes heróicas da matrona cristã.
“Dorothy foi irmã religiosa. Tomou a decisão de consagrar toda sua vida a Deus e ao seu povo. Queria ser irmã de todas as irmãs, de todos os irmãos. Entrou numa congregação de forte espiritualidade mariana. Dorothy quis seguir o exemploi de Maria a mãe de Jesus que engrandeceu o Senhor e exultou porque olhou para a humildade de sua serva (Lc 1,48)”
Trecho da homilia proferida por Dom Erwin Krautler, bispo prelado do Xingu durante a Missa de corpo presente de Ir. Dorothy,