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Mudança de religião (1)

O Censo do IBGE de 2000 acendeu uma luz amarela sobre a realidade religiosa brasileira, alertando para uma grande mobilidade de pessoas de uma religião para outra. Muitos católicos, por exemplo, migram para igrejas evangélicas pentecostais. Isto suscitou uma reflexão entre os Bispos, não porque o fato amedronte, mas porque precisamos saber as causas. Por isso a Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pediu ao CERIS (Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais) para estudar o assunto. A pesquisa realizada em 2003 sobre o “trânsito religioso” no Brasil está publicada pela Editora Palavra e Prece e se intitula: Mudança de Religião no Brasil, desvendando sentidos e motivações. Eis algumas questões:


1. Religiosidade individual: muitos que mudam de religião estão construindo um estilo de religiosidade sem vínculos com instituições religiosas tradicionais. As pessoas migram por vários movimentos religiosos em busca de respostas para suas inquietações, mas não se comprometem com nenhuma delas. No fundo elas querem resolver seus problemas espirituais e materiais de forma imediata, sem se sentirem comprometidas com a vivencia cotidiana da crença que buscam. Quando se inserem em algum grupo religioso ficam porque simpatizam com alguém, mas no mínimo de discordância logo saem. São migrantes religiosos.


2. Descrédito na religião: muitos que abandonam a religião o fazem também porque perderam a credibilidade no discurso e nas pessoas que representam a instituição. É também comum que as pessoas pensem que é possível viver uma religiosidade onde se conjugue sem problemas flexibilidade de normas e desenvolvimento de uma ética subjetiva. Trata-se do fenômeno da desinstitucionalizaçao. Neste caso é possível para aqueles que mudam de religião ou que não criam vínculos fazer uma experiência religiosa sem, contudo, possuir uma crença religiosa definida. Na verdade muitas pessoas que mudam de religião uma, duas ou três vezes na vida, principalmente entre os 46 aos 56 anos, o fazem porque deixaram de acreditar nos valores da religião na qual foram iniciados.



3. Novo paradigma da conversão: a conversão durante muitos séculos era considerada como uma adesão inconteste a uma determinada religião e seus valores. Isto exigia do converso atitudes novas no contexto social. Hoje a coisa mudou. As pessoas que migram por instituições religiosas não se convertem a um padrão institucional, mas a uma experiência individual, subjetiva, que se identifica com o modo de viver de um grupo no qual a pessoa se sente bem. Isto não quer dizer que ela adere aos valores do grupo, aliás, o grupo não se organiza a partir de normas, mas sim a partir do relato das experiências pessoais narradas. Isto tem seu valor, mas é um processo sem raízes, que cresce no meio de espinhos e normalmente é sufocado pela insaciável busca de sentido para crer.



A compreensão da mobilidade religiosa no Brasil pode nos ajudar a entender melhor as necessidades fundamentais do povo na atual conjuntura nacional



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