A cada quarta-feira, o pároco da Paróquia Nossa Senhora das Dores, Pe. Bira, faz visita às comunidades levando comunhão e unção dos enfermos aos doentes e idosos. Numa dessas ocasiões, os donos da casa anfitriã se encontravam no quintal que era separado dos demais por cercas; com a chegada do pároco, os vizinhos começaram a se aproximar. Iniciou-se a oração e o número de pessoas foi aumentando. Foi um momento oportuno para evangelização, uma vez que a maioria é afastada da vida comunitária da capela daquele bairro.
Conta o sacerdote que naquele momento lhe veio uma inspiração: “porque não realizar celebrações para essas pessoas que têm dificuldades de chegar à Igreja? São “afastados” porque são doentes, idosos, indiferentes, acomodados, não evangelizados, pagãos…”. E foi isso mesmo fez; lançou o desafio para algumas famílias, e neste dia 21/12 celebrou a primeira “missa doméstica” reunindo mais de 100 pessoas de diversas famílias em uma das ruas da comunidade (bairro) Nossa Senhora do Rosário em Manicoré (Am).
Algumas famílias, sobretudo envolvendo jovens e crianças, se empenharam na preparação de forma que a celebração aconteceu de forma bem preparada e organizada. O processo de preparação exigiu duas reuniões com as pessoas que estavam preparando a celebração, ocasião esta para esclarecer o sentido da liturgia, estimular ao surgimento de novas lideranças e incentivá-las a envolver o maior número possível de famílias católicas vizinhas, sobretudo daqueles que não participam da vida da Igreja.
No dia, antes da celebração, o sacerdote disponibilizou-se por alguns minutos para celebrar o sacramento da Reconciliação e, para surpresa, um número significativo de pessoas procuraram o confessor.
Com certeza para essas famílias o Natal deste ano começou mais cedo e bem diferente. Ficaram felizes! A presença de Deus era visível em cada um, expresso pelo entusiasmo sereno e alegria de estar ali participando… Acredito que este é verdadeiramente um caminho de evangelização, um meio eficaz para se fazer conhecer Deus, que motiva a uma caminhada espiritual, uma ocasião que alimenta a própria fé, impulsiona à solidariedade, à fraternidade, a vivenciar o Amor verdadeiro anunciado por Jesus.
Essa atividade pastoral extraordinária parece estar profundamente em sintonia com o que nos pede o Documento de Aparecida quando diz: “A renovação da paróquia exige atitudes novas dos párocos e dos sacerdotes que estão a serviço dela” (DA 201). E mais: “A primeira exigência é que o pároco seja autêntico discípulo de Jesus Cristo… Mas, ao mesmo tempo, deve ser ardoroso missionário que vive o constante desejo de buscar os afastados e não se contenta com a simples administração” (DA 201). E por fim estimula que os párocos sejam promotores e animadores da missionariedade nas comunidades e isso requer imaginação e criação de novas iniciativas, serviços, ministérios, pastorais (cf. DA 202).