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MISSA DE ABERTURA DO CG26: HOMILIA DO REITOR-MOR

“As tuas palavras são espírito e vida; tu tens palavras de vida eterna”
Segunda-feira da quarta semana da Quaresma
Homilia para o dia de abertura do CG26
Is 65,17-21; Sl 29,; Jo4,43-54

Carissimos irmãos capitulares

Concluímos a etapa preliminar do CG26, que nos levou a Turim para visitar os lugares santos salesianos, seguindo-se a apresentação da vida da congregação através dos diversos Sectores e Regiões, concluindo com os dias de Retiro Espiritual. Tudo isso faz parte, obviamente, da experiência capitular, porque se trata de elementos que deveriam estimular a tomada de consciência da realidade da nosso congregação, o nosso entusiasmo pelo vocação salesiana e a disponibilidade do nosso interior para esta experiência do Espírito.

O dia de hoje significa, porém, a abertura formal do Capitulo Geral, e não temos modo melhor para o começar que celebrando o memorial da nossa salvação, fonte e culminação da nossa vida e da nossa missão.

A Palavra de Deus que escutamos encontra a sua chave de leitura no versículo do canto do Evangelho; “As tuas palavras, senhor, são espírito e vido; tu tens palavras de vida eterna” e constitui uma sugestão a fazer desta importante sede capitular um intenso processo de discernimento, deixando-nos guiar pelo Espírito santo e tendo na palavra de Deus a exigência crítica sobre tudo o que na nossa vida pessoal, comunitária ou institucional não está de acordo com o Seu querer, a iluminação para conhecer melhor quanto somos chamados a ser e a fazer, a energia para assumi-lo e levá-lo à prática.

Na primeira leitura, o Terceiro Isaías dirige-se ao povo, regressado do exílio, que cede ainda à tentação dos cultos idolátricos, resiste à voz do Senhor, não procura invocar o seu nome e de tal modo o provoca, recordando-lhe que Deus é juiz e justo e designa uma sorte bem diversa aos seus servos fiéis e aos rebeldes. Neste contexto, a passagem proposta abre uma pequena abertura de luz sobre o futuro, revelando as dimensões do desígnio de Deus, que não se restringe ao destino dos indivíduos, mas abarca todo o cosmos: as tribulações antigas serão brevemente esquecidas, porque o Senhor se prepara para fazer uma “nova criação”, inundada de alegria. Nestes versículos parece entrelaçar-se o canto do coração de Deus e o da humanidade: a alegria de Deus pela sua sociedade santa, pelo seu povo renovado no seu íntimo, reponde à alegria do povo pelas maravilhas desta recriação. O profeta coloca as mais belas imagens da vida humana para exprimir o inefável, para aludir à vida de comunhão com Deus: a na nova Jerusalém desaparecerá a tristeza, cessará a difusa mortalidade infantil, a longevidade será extraordinária, a liberdade e a estabilidade politica garantirão um vida próspera e serena. A obra salvífica do Senhor transformará o, mundo: é uma promessa que encontra em Jesus o seu cumprimento e que chegará à plenitude no fim dos tempos.

Temos necessidade, caros irmãos, de creditar nesta Palavra de Deus, necessidade em acolher nos nossos coração e nas nossas mentes como “espírito” a inspirar e “vida” a entregar. Porque nós, como salesianos, estamos a lutar contra a tristeza do mundo, sobretudo juvenil, e a trabalhar, ao lado de Deus, pela sua salvação. A nada mais devemos e por Nenhum outro trabalhamos. Recuperemos, portanto a coragem que infunde a Palavra escutada e acolhida. Estamos aqui para fazer realidade as promessas de Deus!

Eis o poder imenso da Palavra de Deus, capaz de criar do nada e de ultrapassar a morte, como nos é revelado em Jesus. Isto torna-se ainda mais evidente na passagem de João. João, com efeito, através de uma cura à distância quer revelar-nos Jesus como Palavra de vida, O Mestre volta à Galileia e é bem acolhido porque se difundiu a fama do que realizou em Jerusalém. Mas esta popularidade está fundada sobre a dimensão de prodígio. Volta a Caná, onde tinha operado o primeiro dos seus milagres (“sinais”, segundo a linguagem usado por João). Ora eis o segundo: um funcionário de Herodes Antipas suplica a Jesus para o seguir até Cafarnaum, onde o seu filho está a morrer. A colocação geográfica de Caná a respeito a Cafarnaum explica o sentido do verbo “descer”, mas não dá o significado total, cuja importância aparece na insistência com que aquele homem suplica a Cristo para “descer”. Ele, é, de facto, aquele que “por nós homens e pela nossa salvação desceu do céu”. Jesus rejeita uma fé muito imperfeita, mas o funcionário não desiste. Em resposta à invocação desesperada de uma humanidade que definhe e está para morrer, ele oferece então uma palavra que dá a vida, mas exige a fé.

O prodígio de Jesus é de facto a Palavra, uma ordem: se nela se crê e se obedece experimenta-se o milagre que está no seu íntimo. Estupendo e eficaz é o efeito do eco: o funcionário parte sentindo ressoar no coração o que Jesus lhe disse: “Vai, o teu filho vive”. Esta palavra, única esperança, acompanha e sustém cada passo que dá ao ir para casa. E dali vêm ao seu encontro os servos exultantes que lhe dão a noticia com as mesmas palavras: “Teu filho vive”. A fé que caminhou na obscuridade encontra a luz, torna-se consenso pleno: é repetida num “crescendo” a palavra de Jesus, e é seguida imediatamente pela afirmação: “E acreditai”.

Crer na Palavra é como abrir diante de nós uma porta que nos introduz numa realidade nova. Permanecer na Palavra, guardá-la no coração, significa participar na obra divina da recriação, santificação e transfiguração do cosmos. Crer na Palavra é deixá-la que se torne luz e viático no caminho da promessa, é permitir que nos diga a onde devemos ir e como devemos caminhar, quem nos espera e o que quer de nós.

Jesus é a Palavra vivente de Deus: só ele nos pode dirigir esta palavra com eficácia. E fá-lo de uma forma serena, comum, pedindo uma fé livre, absoluta. Consentir e partir acreditando nEle pode ser questão de vida ou de morte: foi-o para aquele pai sofredor do evangelho, que em resposta à sus súplica não recebeu de Jesus um prodígio, mas uma palavra de vida, e deixou-se abandonar. Nada tinha ainda mudado na sua existência, mas no seu coração habitava a esperança. Na noite do sofrimento e da prova a Palavra é lâmpada aos nossos passos. Torna-se também oração repetida sem vaidade até que encontrará a confirmação luminosa e poderosa: o Senhor escutou, o Senhor operou maravilhas de graça. Cristo Jesus é o Senhor da vida, no tempo e pela eternidade.

Toda a vida cristã, mas com muita mais razão a vida religiosa, e portanto, a vida salesiana, dão ocasião a acolher Jesus como o Logos do Pai, seu filho Unigénito, que somos convidados a escutar para modelar pouco a pouco a nossa vida de acordo com a sua. Se ser discípulo de Jesus significa entrar na sua escola, na escola do Evangelho, seguir Cristo sem compromissos para nos tornarmos nós mesmos Evangelho vivo para o mundo, ser consagrado quer dizer “tornar-se memória via do mundo no ser e operar de Jesus” (VC 19)

A vida religiosa, de facto, nasceu muito antes de que nascessem o Monacato, as Ordens, as Congregações, os Institutos da Vida Apostólica. Nasceu sobre o influxo do Espírito quando suscitou homens e mulheres que, encontrando Cristo, ficaram fascinados por Ele, sentiram sobre si o seu olhar, escutaram o seu chamamento, e deixaram todos e tudo para segui-lo, para ficar com Ele, para condividir a sua paixão pelo Reino, para deixar-se guiar pelo Espírito.

No início da vida consagrada “há sempre uma forte inspiração evangélica” – dizia Bento XVI na última Jornada mundial da Vida Consagrada” – recordando algumas figuras religiosas que assinalarem a história da Igreja, desde Santo António Abade em diante (Cfr. OR, 4-5.02.08, p.1).

Não foi diferente para nós, caros irmãos. Também a nossa vida Salesiana põe as suas raízes no Evangelho, na contemplação de dom Bosco do Cristo como o “Divino Salvador”, e a nossa missão está bem expressa no artigo 34 das Constituições que, depois de ter recordado a convicção de dom Bosco por “esta Sociedade que nos seus princípios era um simples catecismo” afirma: “Também para nós a evangelização e a catequese são a dimensão fundamental da nossa missão. Como Dom Bosco, somos chamados todos e em todas as ocasiões a ser educadores da fé. A nossa ciência mais eminente é, portanto, conhecer Jesus Cristo e a alegria mais profunda é revelar a todos as insondáveis riquezas do seu mistério”. Por isso o nosso carisma não se identifica com a festa das obras ou com o manter das estruturas, mas com uma grande missão, que em nós se torna paixão educativa, precisamente aquela de conhecer e amar a Cristo para o fazer conhecido e amado pelos jovens. Não temos outra missão mais bela e importante a cumprir.

O renovamento da nossa congregação é, portanto, inseparável do nosso retorno ao Evangelho. Com efeito, “a nossa regra de vida é Jesus Cristo, o salvador anunciado no Evangelho” (Const. 186)- A transformação do mundo, “os novos céus e a nova terra” de que fala a primeira leitura, e a salvação do homem, “a vida do jovem” de que fala a passagem evangélica, são fruto da Palavra escutada com fé. Desejo que possamos fazer nossa a resposta do funcionário do rei: “aquele homem acreditou na Palavra que lhe tinha dito Jesus e põs-se a caminho”; acreditamos, assim, e pomo-nos a caminho sem hesitação! Que este capitulo seja um exercicio da nossa fé sobre as palavras de Cristo, que possamos reler o Evangelho propondo-nos em compreender o que Jesus nos diz. Nada substituirá a força das palavras de Jesus. Deixemo-nos evangelizar por ele e tornar-nos-emos evangelizadores convictos, entusiastas, credíveis e eficazes para jovens, e eles encontrarão em Cristo e nele terão a plenitude de vida. Ámen.

Pe. Pascual Chávez Villanueva,
Casa Generalícia, 03 Fevereiro 2008

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