Manaus/AM – Quando falamos em realidade juvenil, identificamos uma grande diversidade de identidades e experiências. Recentemente, fizemos um estudo no módulo Identidade da juventude, linguagem e comunicação, no curso online de pós-graduação em pastoral escolar, pela UCB – Brasília, iniciativa da Rede Salesiana de Escolas. Como sistematização da aprendizagem, fizemos uma pesquisa com 657 jovens de várias obras salesianas, tanto FMA quando SDB, nas 5 regiões do Brasil. Os jovens entrevistados têm em torno de 14 e 18 anos, sendo que grande parte é ainda solteiro. Das pessoas entrevistadas, 74% freqüentam a escola particular e 16% a escola pública. Embora o conceito de família tenha mudado devido às mudanças de comportamento nesta instituição, vale dizer que parte desses jovens ainda moram em uma família composta por pai, mãe e irmãos. São poucos os que convivem somente com os avós e apenas 2% vivem sozinhos.
O mundo está marcado por enormes e velozes mudanças no âmbito tecnológico. Além disso, a globalização do século XX inaugurou novos comportamentos entre as pessoas. A nova geração conceituada como Y, nos revela uma juventude cheia de idéias, de energias e de com uma imensa capacidade pra inovar. Estes jovens se tornam mais imediatistas, devido à facilidade da comunicação, como por exemplo, a internet. A maioria dos jovens aproveita o tempo livre assistindo TV, outros passeiam com os amigos e, por incrível que pareça, apenas 11% frequentam os shopping e cinemas. Talvez isto aconteça porque o shopping e o cinema deixaram de ser um lugar de encontro, e a tela do computador passou a ditar uma nova geração de amigos virtuais. Tal fato se justifica pois, 79% dos jovens passam maior parte do tempo na frente do computador, acessando as diversas redes sociais como é o caso do MSN com 59%, e do Facebook, cuja participação chega a 62% de jovens. Diante da velocidade da comunicação e do entretenimento que tecnologia oferece, o Orkut deixou de ser a rede social mais acessada, tendo apenas 31% de acessos dos jovens entrevistados. Os jovens reconhecem a importância das mídias, no entanto, 76% afirmam que é preciso ter senso crítico diante delas.
Outra realidade que afeta o mundo juvenil é a questão da violência. A pesquisa revela que os jovens têm consciência de que a droga é um mal que afeta a vida do ser humano e sugerem que elas sejam tratadas como uma questão de saúde pública, onde o governo deveria investir em mais em espaços de prevenção. Embora as mídias falem que os jovens são os protagonistas da violência, os dados demonstram que eles são mais vítimas do que causadores da violência. Em se tratando das drogas, os jovens são os que mais consomem e sofrem as conseqüências com a mortalidade precoce. Nas escolas, onde as juventudes são atuantes, o bullyng é concebido como uma forma de violência que machuca as pessoas (48%). Para 37% dos jovens entrevistados, tal situação de violência deveria fazer parte do conteúdo pedagógico a ser trabalhado nas escolas. Sabemos que a violência é cultural e que provém das relações humanas e sociais que estabelecemos. Talvez esta afirmação revele o porque 5% dos jovens entrevistados entendam o bullyng como algo normal. Diante desta situação, precisamos desenvolver uma educação eficaz, inerente à realidade do jovem e das situações ordinárias da vida.
Contudo, mesmo diante deste quadro de violência, 64% dos jovem afirmaram ter mais medo de perder a família do que da realidade da morte. Isto nos orgulha pois, embora esta instituição apresente novas características, ela ainda é considerada um valor na vida dos jovens. Enquanto educadores, precisamos aprender a trabalhar mais com as famílias, a fim de criarmos uma sinergia que leve a atingir os objetivos educativo-pastorais propostos.
Os jovens não são todos iguais e 91% dos entrevistados estão cordatos com esta afirmação. As juventudes existentes, com seus anseios e sonhos, modificam a realidade e nos esperam para um encontro. Por isso, precisamos desenvolver uma educação que esteja mais próxima da realidade das juventudes, e não criarmos projetos com a errônea imagem de que os jovens são todos iguais. Quando perguntamos sobre religião, 34% disseram que o importante é acreditar em Deus, independentemente de ter ou não ter uma religião. No entanto, para 32% dos jovens, a religião é boa porque ajuda a cultivar valores.
Portanto, compartilho tal estudo, pois ele é significativo para quem trabalha com jovens. Além disso, podemos obter uma visão da realidade, colaborando assim para entendermos as diversas manifestações e experiências juvenis. Nos dias hodiernos, onde os jovens estão cada vez mais conectados às mudanças, nós educadores precisamos aperfeiçoar nossos conhecimentos para podermos cumprir com a missão a qual somos chamados: formar bons cristão e honestos.