EnglishFrenchGermanItalianPolishPortugueseSpanish


Notícias

Identidade carismática

Santiago/Chile – Visita de Conjunto 4

Como todas as manhãs iniciamos com a celebração eucarística. Presidiu o arcebispo de Santiago Dom Ricardo, sdb. Recordamos a memória de dois mártires latino-americanos: Dom Oscar Romero e o padre Rodolfo Lukenbein.
O primeiro tema desta manhã foi a Identidade carismática e a qualidade da vida religiosa salesiana e seu futuro no contexto latino-americano, apresentado pelo inspetor da Argentina Norte Pe. Manuel Cayo.

A partir do n. 220 de Aparecida ele destacou a vida discipular – apaixonada por JC – mística – missionária – profética – serviço do mundo, sobretudo dos mais pequenos.

1) Mística salesiana: alguns irmãos estão desencantados devido a crises: ativismo, distanciamento das fontes, comodidades. Também aparece o ardor, amor a Dom Bosco, forte convite a recuperar as fontes da vocação, fortalecimento das comunidades e das casas de formação.

2) Comunhão salesiana: permeados pelo individualismo, incapacidade de projetos conjuntos, competições, narcisismo, redução numérica, escassez do dialogo, dificuldade em viver o carisma partilhado com os leigos. No entanto há o desejo de viver intensamente a vida de comunhão com os leigos, trabalho em rede e a dimensão discipular.

3) Profecia salesiana: pouco entusiasmo pela missão, assustados pela condição juvenil, falta audácia pastoral para estar com os jovens. Contudo cresce entre muitos sdb a presença entre os jovens, a presença do carisma na região.

Diante do quadro padre Cayo nos chamou a voltar a essencialidade, a recuperar os valores da nossa vida consagrada salesiana. É urgente recuperar ou, talvez, investir, na qualidade da vida salesiana aberta ao mundo dos jovens de tal maneira que os jovens se abram a nossa experiência de discípulos missionários de Jesus Cristo.
Na minha sensibilidade como salesiano acredito que a nossa identidade carismática salesiana precisa ler os sinais da re-estruturação da vida religiosa na América Latina e aprender a ser cada vez menos. Temos a herança de um passado grandioso. Basta ver nossas obras. Interessante que Dom Bosco entre 1841 a 1846 foi um migrante com seu oratório. Aliás, ele mesmo foi um homem que aprendeu da migração de sua herança familiar a viver da solidariedade, da busca de um ambiente acolhedor, da escuta da Palavra de Deus e da providência como meio seguro para responder aos desafios. Aos poucos fomos perdendo estes valores. A institucionalização eliminou de nossa identidade carismática a mobilidade. Claro que um espaço fixo ajuda, mas não pode se tornar um ponto fixo. O único ponto fixo é Jesus Cristo e o seu Reino. Neste aspecto a vida religiosa na América Latina tem feito um caminho e, para o bem da verdade, nós não estamos, pelo menos num conjunto, seguindo o mesmo processo.

A CRB, nas últimas décadas, fez um caminho de re-estruturação da vida religiosa, quer dizer, buscou estar num novo lugar teológico da missão. Passou pela re-significação da autoridade, depois da inserção, da intercongregacionalidade com fases formativas partilhadas, em seguida seguiu pelo caminho da inculturação e, por fim, da mística-profética. Nenhuma destas fases se sobrepõem ou se anulam, mas se integram num processo de re-significação contínuo.

Por outro lado, emerge entre nós, a preocupação com o envelhecimento e a redução de pessoal. Qual é o problema, então? Queremos manter as estruturas. Para mantê-las precisamos de braços. A questão é que a vida religiosa não pode ser medida pelo fazer, mas pelo ser. Neste aspecto, muitas congregações religiosas fazem ou já fizeram o caminho da re-estruturação. Comunidades pequenas, fraternas, inseridas, focadas sobre determinado trabalho, abertura aos leigos, eclesialidade, comunidades itinerantes, etc. Talvez algumas chegaram ao ponto de se fundirem com outras, isto é outra questão a ser avaliada, mas respondem a uma corajosa re-significação.

Outro tema desta manhã, em intima sintonia com o primeiro, foi o redimensionamento e a gestão e sustentabilidade das obras, apresentado pelo padre Diego Vanzetta, inspetor do Nordeste. Esta re-estruturação é uma maneira de garantir a significatividade da obra no território, muito mais que partir desde o número reduzido, pois até aqui a preocupação é esta. A gestão da obra requer o envolvimento, a partilha entre salesianos e leigos e formação. A perspectiva empresarial do salesiano que se coloca como patrão ou não, representa um risco, quer dizer. Em algumas obras quando os leigos assumem toda a gestão os salesianos se tornam figura simbólica. A gestão não pode desembocar nesta síntese, mas um envolvimento que mantenha o protagonismo de salesianos e leigos. Para tanto o CG 26 dita alguns critérios: a consistência numérica da comunidade, a co-responsabilidade entre leigos e salesianos, a disponibilidade do diretor no seu papel, novas formas de presença e flexibilidade, programação comum com a FS, trabalho em rede com outras organizações (n.100). A questão real é que nem sempre esta modalidade de gestão salesianos e leigos é assumida de fato. O CG 26 não fecha a forma de gestão. Há uma diversidade de possibilidades, entretanto, a condição é que a comunidade salesiana seja consistente para que o trabalhar e viver juntos seja possível (C, 49).

A sustentabilidade no tempo e a estabilidade no tempo. Aqui parece o desafio fundamental.

Na primeira parte da tarde o padre Orestes Fistarol, inspetor de Porto Alegre, coordenou a apresentação do tema da pastoral juvenil e vocacional. O primeiro a falar foi o padre Assis Moser. Apresentou a realidade desafiadora do clima social atual que influencia nos contextos juvenil. Na sequência o padre Marcos Sandrini apresentou os marcos centrais da PJ a partir dos documentos da Igreja na América Latina. Pe. Oreste apresentou as propostas pastorais concretas para a PJ.

Acredito que o problema não está nas juventudes, mas no clima cultura e social das sociedades no mundo-contemporâneo. Não estamos na cultura da objetividade, mas da passagem. As juventudes passam pelas realidades, como também, elas, as realidades, passam pelos jovens, mas não deixam marcas profundas. Há uma dificuldade no mundo-contemporâneo de estabelecer metas e tempo. É uma cultura de “ficação” e da “Zoação”, quer dizer, aproveitar, curtir o que é sedutor agora. Se a religião consegue atrair, então, fica-se. Eis, então, a dificuldade de permanecer numa instituição e criar laços com ela. As tribos juvenis ou as chamadas “comunidades juvenis temporárias”, não criam laços permanentes, mas vínculos segundo as necessidades para preencher o vazio interior, permanecendo o desejo, a pulsão. Quando esta cultura não consegue criar laços, produz a “zoação”. Zoar, neste caso é tirar sarro, levar tudo na brincadeira, debochar até do que seria importante. Por isso, as juventudes são tão complexas e a proposta juvenil tão inferior a esta complexidade. A “cultura vocacional” padece, então, de vínculos que geram pertença. Por tanto, não é o jovem ou os jovens, mas a capacidade de entender uma sociedade, na qual as pessoas buscam comunidades, mas não querem perder a liberdade. É um paradoxo. A comunidade, o grupo juvenil, a entrada numa instituição religiosa, pode até atrair, no entanto, gera a sensação da perda de liberdade, perda de autonomia, perda de laços.

Pe. Pascual nos brindou com uma conclusão destes trabalhos. Terminamos assim os trabalhos de grupos e os temas. A reflexão desta tarde foi muito rica. Três temas inseparáveis que poderiam ser definidos numa outra ordem: 1. Quem somos? 2. Somos apóstolos consagrados totalmente consagrados a Deus para os jovens; 3. O que fazemos? A nossa proposta educativo-pastoral responde a isto. Somos educadores-evangelizadores, portanto, as vocações são frutos da missão. Isto exige uma re-significação de nossas presenças de forma que sejam eclesialmente significativas, fecundas e auto-sustentáveis. Voltar a Dom Bosco é isto e não uma saudade do passado. Tudo isto garante nossa identidade e nossa fecundidade pastoral.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

PÁSCOA JOVEM 2024

No dia 13 de abril, a Articulação da Juventude Salesiana (AJS) da Área de Manaus, realizou a Páscoa Jovem 2024. A Matriz Paroquial São José

Leia mais

Está gostando deste Conteúdo? Compartilhe!

plugins premium WordPress
Ir para o Whatsapp
1
Precisa de ajuda?
Olá! Podemos te ajudar? 😀