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ENTREVISTA COM JUSTINO SARMENTO REZENDE, DO POVO TUYUCA E PADRE SALESIANO

Por Luis Miguel Modino
(Fonte: http://repam.org.br/noticias/entrevista/24-11-2017/entrevista-com-justino-sarmento-rezende-do-povo-tuyuca-e-padre-salesiano)

A convocatória do Sínodo dos Bispos da Pan-Amazônia está provocando muitas reações nas últimas semanas. Alguém que sem dúvida pode nos ajudar a entender um pouco mais sobre a evangelização dos povos indígenas é o padre Justino Sarmento Rezende, do povo tuyuka, salesiano indígena nascido na região do Alto Rio Negro, na região conhecida como a “cabeça do cachorro”.
Ninguém pode esquecer que o objetivo principal do Sínodo, em palavras do próprio Papa Francisco, é “identificar novos caminhos para a evangelização daquela parte do Povo de Deus, especialmente os indígenas, muitas vezes esquecidos e sem perspectiva de um futuro sereno”. Desde esse objetivo, as palavras de alguém que vê essa realidade desde sua experiência de 24 anos de padre e como indígena e estudioso do mundo indígena amazônico, podem ajudar a encontrar pistas para esse momento histórico.
Para o padre Justino, o Sínodo é momento de oficializar um trabalho de interculturalidade de muitos missionários e missionárias ao longo de muitos anos, mas que sempre ficou “à margem da opção preferencial da Igreja”. É tempo de ajudar a entender que na missão em regiões especificamente indígenas, precisa-se de “uma atitude de respeito, de diálogo, de conversas, de compreensão das culturas, histórias anteriores, das iniciativas malsucedidas, que são grandes lições para poder fazer as coisas de forma diferente”.
Ele mesmo reconhece que não é fácil entrar numa dinâmica de interculturação, inclusive para quem é indígena e padre, mesmo que isso não pode ser impedimento para continuar sonhando e se confrontando com quem chega de outras latitudes, bispos, padres, religiosas e religiosos, leigas e leigos, e não consegue entender a nova realidade em que se encontra.
Esta entrevista também aborda uma questão cada vez mais presente e que muitos não duvidam em afirmar que será tratada no Sínodo, como é a ordenação de homens casados, algo que ele vê possível e necessário. Nesse sentido, coloca como exemplo seu próprio pai, “catequista durante 36 anos, que era mais padre do que eu, em oração, espiritualidade, convivência, minha mãe o ajudava, rezava com a comunidade, celebrava o culto”.

O que pode supor este Sínodo para a Região e a Igreja da Pan-Amazônia?

Justino Sarmento – Penso que não é uma iniciativa nova, pois os missionários e missionárias desde há várias décadas vêm fazendo esse trabalho de inculturação como Igreja indígena, mas era necessário oficializa-lo, pois ficava no anonimato, à margem da opção preferencial da Igreja.
Foram coisas que ficaram no papel, como algo que não ficou muito claro para nós que tentamos buscar esse novo perfil da Igreja em América, no meio dos povos indígenas. Também as conferências episcopais não têm dado a importância que merece. No Brasil, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) tem uma linha pastoral que vai no mais no lado político, o que também é bom, mas na questão da evangelização, da catequese, ainda deve melhorar.
É claro que precisa estar em primeira linha na luta contra os poderes nacionais, mas do outro lado a Igreja necessita assumir linhas pastorais mais definidas e sem medo, implicar os agentes de pastoral, principalmente os padres, que devem ter claro, quando vão em regiões especificamente indígenas, uma atitude de respeito, de diálogo, de conversar, de compreensão das culturas, histórias anteriores, das iniciativas mal sucedidas, que são grandes lições para poder fazer as coisas de forma diferente.
Vejo que este Sínodo que o Papa está convocando deve suscitar em muitos bispos muito medo também, pois é uma coisa muito grande a ser pensada como Igreja universal. Mesmo para quem está fazendo esse trabalho é uma motivação adicional.
Temos que desenvolver trabalhos iniciais ou pelo menos estabelecer alguns princípios que devem ser trabalhados, mesmo que é necessário saber quem vai trabalhar isso, pois deve ser encaminhado para organismos nacionais, como a Conferência dos Religiosos ou dos Bispos, e meu grande medo é que os indígenas fiquem fora dessas discussões, que se dirigem diretamente para eles.
No final, quem acaba discutindo sobre esses temas são religiosos, padres, bispos que trabalham com os indígenas e que às vezes pensam que entendem sobre os indígenas e acabam sendo porta-vozes dos indígenas, enquanto no mundo de hoje aqui na Amazônia, sabemos que existem organismos oficiais que podem se pronunciar sobre alguns temas referentes aos povos indígenas.
Para falar sobre a ecologia humana, sobre ecologia em sentido amplo tem grandes coordenações indígenas que podem estabelecer um diálogo. Por isso, minha grande pergunta é onde entram os indígenas para discutir esses temas? Pelo menos antes do Sínodo, pois no Sínodo quem vai discutir são os bispos, e no meu conhecimento não há muitos bispos indígenas.

Fala sobre a necessidade de interculturação, aspecto que em algumas dioceses tem-se dado passos. Quais são os passos que ainda devem ser dados nesse caminho?

Justino Sarmento – A questão da interculturação, desde meu ponto de vista, tem caminhos diferentes. Uma coisa é o que um missionário não indígena tenta fazer, que é a questão do diálogo, do respeito, da implicação dos indígenas no processo evangelizador, de organização, de catequese, de fazer inserção, por menor que seja, nas celebrações, na liturgia.
Outra coisa é quando nós, eu sou indígenas e estou com 24 anos de padre, temos a enorme vontade de fazer as coisas de modo diferente, de trazer para dentro da paróquia e inovar certas coisas. Eu como indígena tuyuka, meu primeiro destino pastoral foi a Paróquia de Iauareté. Queria celebrar a missa em língua tukano, cantar músicas com ritmos de nossas danças tradicionais, com posturas corporais, danças nas celebrações, rituais celebrativos indígenas, mas fui criticado. Primeiro pelos próprios irmãos padres e depois pelos próprios indígenas, que comparavam a evangelização anterior e aquele modo de celebrar.
Houve um conflito, pois a gente pensa que a partir de nosso estudo e sonhos vamos revolucionar, mas o povo está em outro nível de vivência, de compreensão. No meu caso foi assim, tinha ideais, pois tinha estudado Missionologia em São Paulo, com teólogos latino-americanos da linha da Teologia da Libertação e queria fazer coisas diferentes.
Isso me levou a falar da educação indígena, da valorização da cultura nos cursos. Depois quando fui estudando, meus formadores disseram que se eu quisesse começar pela liturgia era o campo mais duro dentro da Igreja, que se queria avançar mais tinha que ir na linha da catequese, da formação, desde onde poderia chegar também a fazer celebrações.
Essa é uma realidade que vejo, mas tem que ter gente que sonhe com isso. Se não houvesse uma atitude interior de fazer coisas diferentes, não vai se avançar. Vejo que nem todos nós, os padres indígenas, temos essa vontade. Atualmente são seis padres salesianos indígenas do Alto Rio Negro e entre nós não há uma unidade para pensar essas coisas, sobre o rosto indígena da Igreja.
Em primeiro lugar porque estamos espalhados, mas temos que ser um grupo que pense nisso com o povo, com nossos sábios, com quem não há facilidade para o diálogo, pois eles nos veem como padres e nem tanto como parentes. Por isso é importante que nós, padres indígenas, tenhamos domínio sobre os benzimentos, como fazer as curas, conhecer como funcionam nossas teologias e crenças. A partir daí é desde onde podemos dialogar.
O objetivo principal do Sínodo, segundo o Papa Francisco é procurar caminhos de evangelização para os povos indígenas. Mesmo com as dificuldades que têm aparecido ao longo da história, as palavras do Papa podem ser um motivo a mais para retomar essa tentativa de interculturação, sobretudo a partir de sua atitude em algumas viagens na América Latina em que tem introduzido elementos indígenas nas celebrações?
A Igreja, como Igreja hierárquica é muito fechada para essas situações, que se tornam marginais. Longe do controle das dioceses pode-se fazer o que a gente acredita, mas com muita rebeldia, temos que faze-lo porque acreditamos que isso é bom para nós. Não é o bispo ou a Conferência dos Bispos, quem tem que nos dizer o que é válido. Até quando vamos ficar esperando quem um ou outro reconheça? Só se a gente dizer que a Igreja é nossa, mas não é.
O Papa em seu discurso falou que os indígenas muitas vezes foram pouco valorizados, mas quem foi que não valorizou? São os próprios bispos e padres. Por exemplo, em nossa diocese de São Gabriel da Cachoeira, teve um tempo em que nas Assembleias de Pastoral teve que brigar com alguns padres, dizendo que se eles pensavam que ali não tinha povos indígenas, era melhor não ir para a diocese.
Chegar com um modelo do Sul e dizer que em Barcelos ou Santa Isabel do Rio Negro não existe índio, mostra que atrás dessa afirmação eles não queriam assumir a realidade. Até cheguei falar ao bispo, dom Edson Damian, que quando acolhia um padre, poderia lhe apresentar as prioridades antes dele vir.
Dizer que a primeira prioridade é a inculturação do Evangelho, lhe apresentando todas elas e perguntando se ele pensa que vai conseguir acompanhar a caminhada da diocese. Nessa tentativa de ser Igreja irmã, enviam um padre e não funciona, pois não tem continuidade, ele sabe que é alguém temporal. Por isso, quando a Igreja fala de prioridades, ela mesma deve começar. O próprio Papa tem que um dia, lá em Roma, deixar que os próprios indígenas possam mostrar, para quem está lá, suas orações, danças, para que o mundo veja que realmente existem indígenas e que nossos bispos vejam, pois senão vai ficar no discurso, o Sínodo pode ficar no discurso.

Nessa visibilidade dos povos indígenas, pode ajudar a viagem do papa Francisco em Puerto Maldonado, Peru, em janeiro?

Justino Sarmento – É claro que pode dar visibilidade. Para mim seria preciso que ele fosse um dia numa diocese indígena para mostrar que está dando todo o apoio às questões indígenas, não só um pequeno momento para o diálogo.
Muitas vezes não consigo discutir muito quando aparecem esses temas, pois quem vai fazer as coisas, em quem vai delegar isso a Igreja, nas dioceses, quem são os bispos espalhados por aí que olham nas questões indígenas? Muitos não se preocupam com os povos e culturas indígenas. Poucos bispos gostam dos povos indígenas e estão com eles. Sei que é difícil abandonar a própria cultura para se colocar no lugar de outro povo.
Nem todos os padres e missionários têm uma preparação específica para trabalhar com os povos indígenas. Têm algumas congregações, formações em nível nacional, mas é pouca coisa para chegar na compreensão das diferenças existentes, que vão ser cada vez mais complicadas, motivado pela aparição de Igrejas evangélicas, que também são críticas, de muitos indígenas que desde os movimentos indígenas são críticos com a história da evangelização em América, de muitos indígenas estudando em universidades.
Por isso, que bispos e padres dialoguem com esses indígenas, que têm formação e uma visão crítica sobre nossa presencia e ações, é cada vez mais um desafio para os agentes de pastoral.
Não é que temos medo de nos prepararmos, que pensamos que podemos chegar e fazer as coisas de qualquer jeito, que ainda temos esse ar de superioridade próprio da cultura ocidental sobre as culturas indígenas?
A Igreja, as congregações, são ocidentais e ocidentalizam nossa mentalidade. Por isso, como modificar isso é um desafio. Nós indígenas, quando somos padres, religiosas e religiosos, como conseguirmos desvincular essa ocidentalidade? Não o conseguimos, pois estamos muito ligados com a estrutura disciplinar. Uma das coisas que eu dizia aos meus parentes indígenas religiosos é que se somos muito disciplinados, para a vida interior da congregação vai ser uma coisa boa, mas nós vamos ficar com um vazio.
Quando acontecem assembleias de nossos parentes, se não entrarmos lá para estar com eles, para saber como acontecem as coisas, entender seu discurso, a gente fica fora dessa realidade. Imagino os padres jovens que não conheceram as gerações mais antigas. Eu estou com 56 anos e conheci meus avós que faziam danças, discursos e ainda participo quando vou na comunidade de São Pedro, no Rio Tiquié, sei como funciona. Mas a maioria de nós indígenas têm medo de tudo isso, pois em sua mente, se participam dessas coisas se sentem fora, igual se estivessem sendo controlados por alguém.
Por isso, eu lhes dizia que senão conseguem ser mais rebeldes, eles vão ser bons coroinhas dentro da instituição, que é o que acontece, pois não temos pessoas que pensem, analisem, avaliem as pastorais que fazemos. Temos receio de escrever, mas é preciso escrever, pois o que cada um faz é o que vai ficar.
Para mim o Sínodo já foi celebrado dentro da minha história pessoal, desde que comecei entender, partindo do documento de Medellín e Puebla, onde se dia que a Igreja presente no meio dos indígenas tem que ser diferente. Eu assumi isso pessoalmente, pois para mim não faz sentido ser padre indígena e não fazer as coisas de um modo diferente.

O senhor fez a tradução da missa em língua tukano, para ser usada no “Triangulo Tukano”. Frente a isso, outros padres indígenas, não fazem essas tentativas. Não pensa que essa tentativa de rezar missa nas línguas indígenas ajuda? Por que isso não tem avançado?

Justino Sarmento – Desde minha primeira missa fiz isso, fui melhorando, mas se torna pouco dialogal, é necessário melhorar ainda mais. Alguns fatores que muitos indígenas não assumem é porque não sabem ler, são analfabetos em sua língua e não se esforçam em ler. Dom Edson me falou alguma vez se poderia rezar missa, para filmar e enviar para a Conferência dos Bispos do Brasil. Eu respondi que o texto está aí e que tinha outros padres indígenas. Tem que treinar, é uma coisa que é fruto do esforço. Eu treinava, chamava os catequistas e lhes perguntava se era compreensível. Falta esforço pessoal. Não acontece por falta de interesse.
O que o povo valoriza é o esforço de quem tenta. O importante é o esforço pessoal, como aconteceu com alguns salesianos antigos que aprenderam a língua. Por isso reflito com nossos jovens, mas seria preciso mais encontros para incentiva-los para pôr em prática. Igualmente com as religiosas, pois temos muitas irmãs indígenas, mas que têm pouca expressão. Poderiam fazer cantos em língua tukano, piratapuia. Eu tentei fazer, mesmo sem ser músico, do jeito que entendia que devia passar a mensagem. Depois parei quando mudei de ambiente. Mas tenho vontade de fazê-lo, é uma coisa que eu gosto.
Essas tentativas, esse esforço pessoal, é que provoca as mudanças. No inicio, quem o faz não recebe o reconhecimento e as vezes é criticado, mas as mudanças acontecem desde a rebeldia de alguns.

Antes falava dos padres que chegam de outras regiões… Não seria melhor trabalhar nas comunidades na formação de catequistas, que conhecem a cultura, para fazer um trabalho de evangelização mais profundo e que a caminhada da Igreja da Amazônia não dependa tanto do padre que chega, que muitas vezes está pouco tempo e vai embora?
Justino Sarmento –
 Essa é uma realidade. Fiz algumas críticas da experiência das Igrejas irmãs dizendo que muitas vezes essas pessoas que vem por dois ou três anos, eles chegam como salvadores. Têm catequistas de vários anos que têm uma caminhada de fé, celebração, catequese. Seria preciso, mais do que uma formação, uma organização de conteúdo, de contribuições que nós indígenas podemos oferecer à Igreja.
É uma coisa que começamos, mas que precisa continuar. Eu sempre pensei e falava a dom Edson Damian que para que isso caminhasse era necessário alguém que gostasse de fazer isso com as comunidades. Alguém que vai, escuta, avança, organiza, sistematiza os textos, as catequese. Formar equipes junto com algum assessor, que possa ajudar no nível da reflexão.

Nesse trabalho evangelizador têm alguns bispos, ainda poucos, que na Amazônia defendem que esses catequistas ou diáconos permanentes deveriam presidir a celebração eucarística. Como isso seria visto pelos indígenas?

Justino Sarmento – É um aspecto sobre o qual já tem falado alguns bispos e cardeais, enxergando a Amazônia como uma espécie de “laboratório” para a ordenação de homens casados. Conversando com casais nas comunidades do interior da diocese de São Gabriel da Cachoeira, algumas mulheres diziam aos esposos que se fossem ordenados, elas iam separar. Diante disso respondia que essa era uma experiência nova, que ia fazer parte da família do padre e ia ajudar diretamente. É uma coisa que deve ser bem explicada, e depois disso, creio que não ia supor muito problema da parte dos indígenas.
Nesse sentido, muitos evangélicos questionam aos padres o motivo de não casarmos, pois seria uma coisa boa. Ao mesmo tempo, em alguns encontros de padres tem quem pregunta por que nós, padres indígenas, não discutimos sobre isso. Creio que se os bispos avançassem nisso, ia ser muito bom para nossos homens casados que desde há muito tempo estão comprometidos com a vida da comunidade.
Quando penso nisso, penso no meu pai, que foi catequista durante 36 anos, que era mais padre do que eu, na oração, espiritualidade, convivência. Minha mãe o ajudava, rezava com a comunidade, celebrava o culto. É um exemplo no meio de tantos homens casados que conheço no Rio Negro. Não haveria problema nenhum. A mesma coisa que na questão do diaconato permanente, algo pelo que poderia se começar, mas estamos demorando muito. Já foi anunciado dois anos atrás, mas não sei se estamos dando passos.
É verdade que os passos dados até agora são muito pequenos. Numa entrevista recente, Dom Pedro Conti, bispo de Macapá, dizia que estava disposto começar essas experiências em sua diocese e que só esperava um sinal verde do Papa Francisco. Já têm bispos que estão dispostos a dar esse passo diante de situações concretas de comunidades que só tem missa uma vez por ano.
Se houvesse um lugar onde isso seja iniciado, e com certeza há bispos que pensam a mesma coisa, outros também vamos tratar sobre isso. Sempre tive oportunidade para falar sobre isso com os bispos. Neste anos houve um encontro em Brasília com pessoas que trabalham com os povos indígenas, onde um wapichana indígena, que seria o tipo de candidato para ser ordenado diácono ou padre, dizia aos bispos, dentre eles o Cardeal Cláudio Hummes, que os pastores fazem quatro messes de curso e se tornam pastores, depois fazem outro curso de mais uns meses e são bispos, e ele que era catequista durante 40 anos ainda não era nem diácono, nem padre, e acreditava que ia morrer sendo catequista.
Aí falei para dom Cláudio que estava escutando, que o que ele estava querendo dizer é que a Igreja estava muito atrasada, o que estava reivindicando era a ordenação de homens casados. Diante disso me respondeu que entendia o que estava falando, mas que tínhamos que conversar sobre isso. A mentalidade de alguns está se abrindo aos poucos, mas tem que se abrir, mesmo que isso não acontece de um dia para outro.

O Sínodo pode ser uma boa oportunidade para discutir sobre isso?

Justino Sarmento – Temos que provocar para que eles pensem nisso. Por isso, falo que os casais, nossas lideranças das comunidades, nossos padres, deveríamos fazer essa preparação para escutar que é casado sobre esses temas, saber o que eles pensam sobre isso, o que os bispos pensam, o que os padres indígenas pensam sobre essa possibilidade.
Eu ia ser o primeiro em apoiar que homens casados da nossa Amazônia tivessem essa possibilidade de ser ordenados. Para isso precisa trabalhar para conscientizar as comunidades, mas no meu pensamento pode ser uma proposta a ser discutida. É preciso discutir sobre uma Igreja amazônica com rosto indígena.
Temos que nos convencer que a Igreja indígena tem que ser diferente e que introduzir esse rosto indígena dentro da Igreja católica vai nos ajudar a descobrir valores que estavam presentes nas primeiras comunidades cristãs e que aos poucos foi se perdendo. Poderia ser uma volta às origens, o que sempre renova e dá vida à própria Igreja.
Efetivamente. Por isso é uma esperança que nós indígenas, padres, leigos, possamos dizer como nos organizarmos em nível ministerial. Nas atividades evangelizadoras existem muitas experiências, mas estão muito regionalizadas e têm que ser universalizadas, de ter princípios em nível amazônico sobre como trabalhar, avançar. Nisso pode ajudar a reflexão da Teologia índia, e participando de alguns encontros vejo que os indígenas leigos e leigas podem fazer a diferença em tudo o que faz referência com a Teologia índia. É sobre tudo isso que vai se discutir

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