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Em homenagem a um irmão

Em homenagem a um irmão: Pe. João Batista

Corria o ano de 1979. Cheguei ao aspirantado de Manaus e encontrei um jovem alegre e bem disposto. Sempre com uma fotografia na mão, cabelo partido no meio, sorriso expansivo, cantando. Era o Batista. Um jovem aspirante de Porto Velho. Naquela foto estava a irmã Nilde Tissot, sua mestra de catequese. Ele tinha uma verdadeira veneração pela irmã Nilde. Falava muito também do padre João Carlos Isoard. A todo instante o Batista estava fazendo comentários do curso de catequese que fizera na escola da catequética dirigida pela irmã Nilde.

Logo, o Batista se destacou no acompanhamento dos meninos do ADS (Amigos de Domingos Sávio) e na catequese para os menores do Colégio Dom Bosco. Ele cantava, mesmo com a voz desafinada, mas não perdia a pose. No oratório que tínhamos na Alvorada III ele também se destacava pela alegria e boa disposição no meio da garotada. Sempre muito organizado nas mínimas coisas, o aspirante Batista foi ganhando espaço dentro do grupo de aspirantes. Fez-se logo amigo do padre Francisco Biggiarette, de quem recebia constantes elogios e o apelido de motoyoshi, devido deus olhos um pouco puxados. Ele não gostava muito no começo, mas depois, quando percebeu as vantagens, assumiu até como sobrenome.

Fizemos o noviciado em São Carlos/SP. O Batista foi um noviço trabalhador, discreto, sereno, piedoso, amigo de todos. Era péssimo jogador de futebol como eu, entretanto estava sempre nos jogos. Durante o pós-noviciado em Lorena o Batista vivia quase para os estudos. Dormia encima dos livros de tanto cansaço. Os colegas mexiam com: “Motoyoshi deixa um pouco os livros, vamos jogar”. Mas ele não queria saber. Naquele tempo fazíamos duas faculdades ao mesmo tempo. Era dureza. Na comunidade ele sempre queria estar presente no coral, na organização das festas e na animação vocacional. Mexia com todos, porém, não gostava muito das brincadeiras que faziam com ele. Uma frase desta época do Batista era: “O homem é um mistério”. Todas as vezes que acontecia algum problema ele repetia esta frase.
Depois dessas fases da formação vivemos sempre em situações separadas.

Depois da assistência ele foi para o Instituto Pio XI, São Paulo, e eu para Bogotá, Colômbia. Nossos encontros aconteciam nas reuniões de áreas, nos Capítulos e Assembléias. Fizemos a profissão perpétua juntos em 1989 com mais quatro FMA. Foi uma festa muito bonita. Fomos também ordenados diáconos juntos em 1990.
Nossa última festa juntos aconteceu em 2008 quando celebramos os 25 anos de profissão religiosa. Ele não queria a festa. Dizia que bastava uma boa oração pela manhã e nada mais. Eu fiz questão de convidar amigos, amigas e membros da FS. Quando ele viu todo aquele pessoal se animou. Padre Batista era assim: introvertido para certas coisas que exigiam exposição pública e extrovertido nas relações mais reservadas. Era o tipo dele.

Aos poucos, porém, o padre Batista se tornou mais reservado. Suas risadas, tão características do tempo de aspirantado e filosofia, foram se calando dentro dele. Falava cada vez menos de si. Como pároco aqui no São José foi muito reservado. Contudo, deixou uma marca positiva em tudo que fez. Acompanhou a catequese, preparou durante três meses um grupo numeroso de ministros e ministras da eucaristia, palavra e dos enfermos, continuou o processo de organização do fundo paroquial e da equipe financeira. Aos poucos, porém, sua saúde foi debilitando e não se sentiu mais em condições de animar esta paróquia. Sofreu para sair, apesar de mostrar serenidade. Durante a mudança conversamos duas vezes. Falou bem de todos. Em nenhum momento expressou ressentimentos com qualquer pessoa, pastoral ou movimento.

Agora ele partiu para a casa do Pai. Deixou sua marca na história da nossa inspetoria. Certamente lá do céu padre Batista continuará rezando pelas vocações. Cada salesiano é um dom de Deus para nós. O tempo que convivi com ele aprendi a descobri-lo. Padre Batista foi também, como todo homem é “um mistério”. Cada um de nós vive esta dimensão do mistério na sua própria consciência e ações. Padre Batista descanse na contemplação do Pai e reze por nós!

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