Dom Rua e a RODA O nosso caro Miguel Rua, como bem sabemos, era piemontês. Nascido na grande e central capital do Reino, a grande Turim ele, naturalmente, recebeu a influência da sua cultura urbana e é daqui que podemos entender o significado do seu nome no dialeto local: RUA significa RODA. Nome mais do que oportuno para apresentar uma das principais características que emergem deste período de estudos sobre nosso Dom Rua, ele foi o que sempre colocou em movimento as iniciativas de Dom Bosco. Foi a RODA que carregou muito dos pesos necessários ao nascimento, consolidamento e expansão da obra do Oratório.
O Pe. Pascual Chavez chega afirmar, lembrando a imagem evocada por Paulo VI, que Dom Rua era o canal que conduzia a água que brotava da fonte do coração de Dom Bosco. E aqui podemos nos perguntar como o modelo de vida de Dom Rua pode nos ajudar hoje, aqui na nossa Amazônia? E é claro a resposta só pode ser a de nos motivarmos a transformarmos a nossa vida num canal pelo qual passa essa água pura que brota ainda hoje do coração de Dom Bosco. Mas, pra isso é necessário ter consciência do período histórico no qual vivemos. Um congresso de estudos como este não resgata somente um pedaço de história, não é motivado por uma simples saudade do já passou.
Um congresso como este, como diz o próprio Reitor Mor é feito para iluminar o futuro, para que olhando para nossas raízes (Dom Rua), possamos entender melhor a nós mesmos (nossa Identitade) e assim poder garantir que o carisma salesiano chegue a tantos jovens (futuro). Seria justo também nos perguntarmos por que estudar e conhecer Dom Rua se, em tantos aspectos, mal conhecemos Dom Bosco? Neste caso a resposta também não tão difícil, pois quanto mais conhecemos Dom Rua, ou nossa história, mais, com certeza, conheceremos Dom Bosco. Porém o importante é superar os aspectos puramente fenomenológicos para chegar ao núcleo da tensão entre o espiritual e a vivência, pois aí, neste lugar teológico, encontraremos a missão particular que Deus confiou a ele, ou seja: o dom de si ao carisma acolhido em modo vital. Missão que se manifesta tanto na Entrega de si a Deus, quanto na própria vida vivida sob o olhar paterno de Deus, como na tensão da busca da virtude e do trabalho pastoral. Assim, nossa vida pode encontrar um modelo não tanto para copiar, quanto para se realizar um confronto de descoberta da nossa própria missão diante de Deus e dentro do carisma salesiano.
Missão que realizará nossa vida dando sentido a tudo o que fazemos, inclusive às nossas renúncias e sacrifícios. Por isso, é sempre, o Pe. Pascual que nos alerta sobre um elemento central que Dom Rua nos ensina: quando interpelado por novas fundações, mesmo famoso pela grande expansão da Congregação no seu período, Dom Rua é fiel ao critério de que não queremos presenças numéricas, mas que onde formos devemos levar um Carisma diferente, o qual não pode existir e ser oferecido se não através de uma Comunidade. Que possamos nós como pede o Pe. Pascual: “Direcionados ao bicentenário do nascimento de Dom Bosco, Dom Rua pode, antes deve, se transformar para cada um de nós um guia seguro e um constante modelo. Pois ele não vivia que de Dom Bosco e para Dom Bosco, e o seu coração se alegrava quando podia de qualquer modo colocar em evidencia a memória do amado pai.” E assim, cada um de nós poderá ser como ele uma RODA que assume na sua identidade a função de mover, de estimular o andar para frente, de projetar o futuro.