Por Pe Antônio de Assis Ribeiro – P. Bira, SDB
Hoje, 04 de Agosto, é o dia de São João Maria Vianey, um Santo francês (*1786 +1859) que destacou-se pela sua santidade sacerdotal, por isso, é o padroeiro dos sacerdotes e dos párocos (dos padres). Pároco, é o sacerdote administrador da Comunidade Paroquial.
Aproveito essa ocasião para partilhar consigo uma reflexão sobre a pessoa do “padre”. Refletir sobre a própria vocação ou categoria profissional a qual pertencemos sempre nos faz bem. Esse é também um modo de reafirmação da própria identidade!
A palavra “padre” (latim) quer dizer “pai”… O padre é pai: pai espiritual, pai afetivo, pai psicológico, pai religioso, pai do coração..! Pai espiritual porque a Palavra de Deus pregada, gera a fé no coração das pessoas (cf. Rm 10,17).
Por ter recebido a sublime vocação à PATERNIDADE ESPIRITUAL, que é dom de Deus, seu agir não tem fronteiras e nem está confinado a um espaço físico, nem sociocultural! Por isso o padre, exerce seu ministério de paternidade espiritual na acolhida a todos, na escuta atenciosa, no aconselhamento provocativo, no diálogo estimulante por toda parte: em casa, na rua, na igreja, no confessionário, no escritório, na praça, no mercado, na escola, na universidade, no campo e na cidade, seguindo os passos de quem o chamou (cf. Lc 4,44; Lc 8,1).
O PADRE É EDUCADOR… Ele educa, ensina, orienta, aconselha… Mas não tem conteúdo próprio e nem doutrina! É ministro da Palavra por isso, a autenticidade da sua pregação e a eficácia da sua ação, não dependem dos seus talentos, mas provém da força do Espírito que tudo fecunda (cf. 2 Tm 3,15-16).
O PADRE É VOCACIONADO… chamado por Deus para ajudar na promoção do seu Reino! Enquanto convocado, é servo, ministro, administrador dos bens de Deus… por isso NÃO se autoproclama sacerdote, padre, pastor… é constituído! Não funda em nome próprio nenhuma igreja ou comunidade, pois nada é seu; não é dono do rebanho, não serve pelo dinheiro, não é empresário! (cf. 1Cor 4,1; 2Cor 6,1; 1Pd 5,2-4).
O PADRE É SACERTOTE… está sempre disponível para se fazer ofertas (doação) e experimentar sacrifícios! Como sacerdote é intercessor, orante, celebrante, contemplativo dos sinais divinos! Por isso, intercede pelo povo ao qual serve e pela humanidade necessitada de presenças de confiança, de mãos honestas, de palavra confiável, de sábios conselhos, de gestos de esperança! (cf. Hb 5,6).
O PADRE É MISTAGOGO… assim como existe o “pedagogo” (educador) que tem como missão estimular o desenvolvimento humano das pessoas, há também o “mistagogo”, aquele que conduz o fiel à experiência do mistério! A vocação sacerdotal tem uma dimensão mistagógica! O sacerdote não trabalha com coisas, mas lida com os mistérios da fé no coração das pessoas! Por isso, por vocação, é catequista, promotor da paixão pela Palavra de Deus e do seu Reino! (cf. Cl 1,27; Cl 2,2;Ef. 3,9; 6,19).
O PADRE É PROFETA … é chamado por Deus a ser ministro da justiça, promotor da dignidade humana, defensor dos direitos fundamentais da pessoa… Por isso, tenta imitar o Mestre sendo, bom Samaritano da humanidade onde quer que esteja, servindo gratuitamente e com generosidade! Torna-se assim, sinal de contradição: que conflita, contraria, denuncia, anuncia o Novo! (cf. Jer 1,1-10).
O PADRE É PASTOR… foi chamado a ser zeloso cuidador, Bom Pastor! Bom Pastor que respeita a dignidade das ovelhas, que acompanha a vida do rebanho… Bom Pastor que está atento às ameaças e fragilidades das ovelhas… Por isso cuida, trata, alimenta, defende, estimula, educa, corrige, protege, encaminha, desafia! Em casos extremos, abraça também o martírio como prova de amor às suas ovelhas! (cf. Jo 10,1-17; Ez 34,1-16).
O PADRE É UM PROFISSIONAL… Sim, para isso se preparou, estudou, foi capacitado, pastoralmente treinado! Tem responsabilidades legisladas, definidas, organizadas… Como todo profissional não pode servir de qualquer jeito, seguindo seus caprichos: deve seguir procedimentos, padrões, ritos, processos, orientações pastorais… Deve obedecer, trabalhar em comunhão, ter espírito ético, servir em sinergia com seus superiores, preservando assim, a comunhão da Igreja! (cf. 1Cor 10,17; Ef 4,5-6).
O PADRE É MÉDICO… médico que trata de feridas da alma, que escuta gritos do espírito humano e acolhe dores interiores… que orienta crises, conflitos de consciência, dúvidas morais… que apresenta terapias e processos de tratamento em vista da saúde, da conversão, da santidade, da Paz interior, do sentido da Vida animado pela Fé! (cf. Mt 10,1.8; Tg 5,14-15).
O PADRE É HUMANO… homem que participa do dinamismo existencial da mesma humanidade, de corpo e alma; é um irmão da mesma condição natural! Por isso tem sentimentos, se emociona, se chateia, se apaixona, sonha e vibra; é frágil, erra, peca, se contradiz, aprende… (cf. Hb 5,1; 7,27). Traz consigo um nobre tesouro em vasos de barro (cf. 2Cor 4,7). Assim pode entender quem cai e se aproxima com liberdade de quem erra! Precisa de orações, apoio, perdão, colaboração! Por isso, pode ser amigo, manifestar afeto, estar com seus semelhantes, se divertir, cultivar amizades.
Em tudo isso, o padre é chamado a ser um sinal do mistério da misericórdia de Deus, semeador da Esperança!