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CONGRESSO INTERNACIONAL: “SISTEMA PREVENTIVO E DIREITOS HUMANOS” – IV DIA

A quarta jornada do Congresso foi dedicada à apresentação de ações concretas que nos estimulam a promover uma leitura crítica das nossas ações sócio-educativas e a ousar possibilidades inéditas. Três significativas experiências foram apresentadas. A primeira delas, durante o momento de oração, veio da Inspetoria de Barcelona (Espanha) e tratou-se da formação para o voluntariado como forma de promoção de direitos humanos para jovens. O apresentador da experiência, padre Rafael Gasol, através do vídeo “Cidadão do mundo”, disse que a experiência do protagonismo juvenil no voluntariado é conseqüência de um longo processo de formação dos jovens que deve começar desde a infância educando as crianças para a solidariedade. Para isso deve haver um processo de formação baseado na vivência de valores humanos, em experiências concretas que sensibilizam e animam os envolvidos. O itinerário de formação pelo qual passam esses jovens, em geral universitários e maiores de 20 anos, é constituído pelo estudo sobre a dignidade humana e suas relações (ética), a sociedade, meio ambiente etc. Trata-se de um itinerário formativo. Não é uma experiência isolada feita em uma casa, mas é um projeto inspetorial que está envolvendo todas as obras da inspetoria, é um trabalho coletivo e documentado para que possa estimular outros jovens e comunidades salesianas.

A segunda experiência vem de Goma (Congo) onde os Salesianos trabalham com crianças, adolescentes e jovens refugiados por causa da guerra civil. Ao total somam-se um milhão de seiscentas mil pessoas refugiadas espalhados em muitos campos de concentração a céu aberto. Os jovens de Goma são obrigados a pegar nas armas para ingressar em milícias rebeldes, aqueles que não aceitam são obrigados a fugir de suas cidades e suas famílias os acompanham. O documentário apresentou uma dura realidade onde vivem milhares de crianças, adolescentes e jovens em condição sub-humanas. O título do vídeo “Goma, uma luz bilha nas trevas”, apresenta a significatividade da presença salesiana naquele território na defesa, tutela e promoção dos direitos humanos com iniciativas básicas que sustentam o mínimo da dignidade humana: alimento, abrigo, educação profissional, defesa da violência… Muitas iniciativas estão em ato para transformar essa realidade, dentre elas, a do “micro crédito”, uma espécie de empréstimo à famílias sem teto que recebem uma quantia de dinheiro para que possam construir dignamente suas casas. A devolução desse recurso é de US$ 1,00 (um dólar) por mês. É uma forma de exigir o mínimo de participação dos beneficiados.

A terceira experiência veio de Roma da “Casa Família” do Borgo Raggazzi Don Bosco. A experiência apresentada deu ênfase ao processo de acompanhamento de jovens romanos e estrangeiros em situação de risco. A obra iniciou como escola média, profissional e oratório com uma complexidade de propostas sócio-educativas, todavia, há cerca de dez anos passou por uma grande mudança e decidiu-se ir ao encontro dos jovens mais necessitados fundando a “casa família” para atender jovens provenientes de outros países, sobretudo. O processo de acompanhamento desses jovens é promovido por uma equipe de educadores especializados em educação social que têm como meta a promoção integral dessa juventude. Estimulado pelo trabalho em rede a Comunidade Educativa sensibiliza famílias para que acolham esses jovens e os ajudem no processo de inserção social. Dessa forma nasceu um movimento de famílias de apoio. Outro grupo mobilizado são os empresários do território de diversos ramos que acolhem esses jovens e os ajudam no processo de conquista do primeiro emprego.

Pela parte da tarde houve uma mesa redonda onde os debatedores participantes refletiram sobre o significado dessas “boas práticas” apresentadas. Dentre outras reflexões disseram que elas “nos ajudam a pensar em respostas concretas a partir das nossas realidades”; “nos ajudam a rever a nossa mentalidade para ver se estamos sendo capazes de dar respostas aos nossos problemas”; “nos ajudam a não sermos meros expectadores da realidade onde vivemos”; “nos ajudam a pensar em como traduzir o sistema preventivo de Dom Bosco em um contexto problemático concreto”; “trata-se de um “investimento de esperança” que ressalta o positivo porque vê um potencial presente na realidade que possibilita a sua transformação”; “é uma forma de promoção da preventividade através das boas obras e dessa forma, de modo simples e com poucos meios, se abre uma perspectiva de futuro para crianças, adolescentes e jovens; “a documentação dessa boas práticas ajuda a sensibilizar outros atores em vista de estimular a cultura da solidariedade, é bom documentar o bem que se faz”.

Ao final da tarde houve uma mesa redonda animada por três expositores provenientes do Brasil (ir. Adair Asberga – FMA), Itália (Ricardo Tonelli, SDB) e Alemanha (Jean Paul Müller, SDB) que estimularam os congressistas a uma postura crítica diante das próprias práticas sócio-educativas. Dentre várias idéias desenvolvidas disseram:

“Hoje não mais podemos pensar o desenvolvimento do nosso trabalho de promoção humana, sem o articularmos em forma de rede, sem isso fazemos pouco e nos isolamos, mas não basta querer, é necessário organizar! (…) A perspectiva da formação para os Direitos humanos exige que tenhamos educadores equilibrados, portadores de um profundo senso de respeito para com as pessoas, capazes de trabalhar em comunhão e de estarem em um contínuo processo de reflexão crítica sobre a própria práxis. Disso tudo depende a eficácia do trabalho salesiano” (Jean Paul Müller).

“Em todo contexto no qual nos encontrarmos será sempre justo nos questionarmos: qual é o problema central que nos preocupa? Quais são os recursos que temos disponíveis para enfrentar a realidade que nos desafia? Que relação há entre o que fazemos concretamente (respostas aos problemas sociais) e a nossa vocação salesiana? (…) Tudo o que fizermos em prol dos mais pobres, nos recorda o Reitor-mor, deve ser uma resposta vocacional. Na nossa atuação sócio-pastoral é necessário nos fixarmos no “olhar de Jesus”. Ele é o portador da nossa Esperança e é essa Esperança que levamos aos mais desesperados. Por isso devemos testemunhar sinais de fé! (…) Não podemos ter pressa… nem em preocuparmos em dar respostas puramente técnicas. O Sistema Preventivo nos dá uma perspectiva ampla que orientam as nossas ações que transcendem as condições sócio-econômicas. Então, o educador Salesiana é um crente, uma pessoa que tem fé! Essa dimensão religiosa (espiritual) é irrenunciável. Sem essa sensibilidade religiosa da educação salesiana não acontece” (Ricardo Tonelli).

Enfim, Adair Asberga, proporcionou à assembléia um breve resumo de uma série de convites lançados pelos diversos expositores ao longo desses dias. Disse que a perspectiva da educação “para” e “com” os Direitos Humanos nos convidam a assumirmos um processo de conversão da nossa postura. Esse compromisso nos exige algumas mudanças:
– não usar as pessoas como objetos, mas como sujeitos que têm direito a serem sujeitos;
– é necessário crescermos na capacidade de formatarmos as nossas iniciativas em rede e trabalhando num clima de família e fraternidade como Família Salesiana;
– é necessário crescermos mais na socialização das nossas experiências educativas e a estarmos numa postura de contínua de reflexão repensando nosso agir e investindo em novas formas de ação;
– zelar pela nossa coerência entre os valores que anunciamos e nossas atitudes concretas;
– Promover mais diálogo com os Centros de Estudos, Universidades, sobretudo com os profissionais da Comunicação para que saibam sempre divulgar o bem que existe na sociedade;
– educar promovendo os direitos humanos requer de toda a Família Salesiana a consciência de que não devemos ficar confinados em nossas obras (CG 26 – presença flexível), mas urge uma ação em forma de rede com todas as instituições que lutam pela dignidade da vida humana;
– é necessário elaborarmos propostas de um itinerário formativo seja para educadores, assim como para nossas crianças, adolescentes e jovens que os ajude a amadurecer na cultura dos direitos humanos (de respeito pelo outro);
– enfim, a melhor metodologia para a promoção dos direitos humanos é a nossa própria vida: nosso modo de pensar e de agir, sobretudo, como tratamos as pessoas no nosso dia-a-dia”.

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