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Confiar é importante!

Confiar é importante!

O salmista diz no salmo 24 versículo 2b: “Em Ti confio, não seja eu confundido!”. Esta expressão me inspirou escrever este artigo. Creio na confiança, sobretudo quando ela se refere a Deus. Entretanto, precisamos saber confiar no outro. Confiar numa pessoa, mesmo as coisas mais intimas faz bem a alma. O mesmo salmo diz ainda se referindo a Deus: “O mistério da intimidade com Deus é para os que O temem e sua aliança é para quem Ele a revela” (v.14). “O mistério da intimidade” humana é um caudal que forma um grande rio. Quem escuta a intimidade de alguém deve saber preservar a pureza destas águas.

A confiança é uma daquelas atitudes que está em crise hoje. Às vezes me pergunto: Em quem confiar? Basta recorrer ao confessor para revelar os mistérios da intimidade? Ali, acontece algo sagrado, sacramento, que não pode ser revelado. Num consultório médico também acontece o “mistério da intimidade” entre paciente e o profissional da medicina. Aquilo que é descoberto e revelado não pode ser exposto sem a permissão da pessoa. Também numa conversa de amigos, às vezes são revelados os segredos da intimidade. A confiança supõe o segredo e a descrição. Na orientação espiritual o “mistério da intimidade” entre o dirigido, Deus e o diretor espiritual, não pode ser revelado. Mais do que uma questão puramente de ética profissional o “mistério da intimidade” é o respeito incondicional à pessoa. Independente, portanto, de sacramento ou não, o segredo do outro deve ser preservado.

Quem abre o coração a alguém se expõe. Tira a própria pele. É uma nudez no sentido mais estrito da palavra. Quem escuta uma revelação precisa respeitar este despojamento porque a pessoa que se revela rompe com o “sacrário mais intimo”, como ensina o Concílio Vaticano II. Este sacrário só Deus entra sem pedir licença, entretanto ele respeita, pois “quem confia nele não sente vergonha” (Sl 24,3). Não sentir vergonha de dizer ao outro as angústias e esperanças, as dores e as alegrias, é uma necessidade do ser humano. Porém, o eu revelado precisa de um eu acolhedor que saiba guardar como um tesouro precioso o que foi descoberto: “Ó Deus, em Ti espero!” (Sl 24,21). Que bom seria poder dizer: “Ó irmão, em ti espero!”.

A falta de confiança pode levar uma pessoa a morrer antes do tempo. A angústia e a sensação de estar só no meio de uma multidão que não sabe escutar; provoca a morte. Daí a oração tão importante do salmista: ”Mesmo passando por vales de sombras de morte eu não tenho a temer o que quer que seja, pois Tu estás perto, junto comigo” (Sl 23,4). As sombras da morte podem ser compreendidas aqui como a falta de confiança. Quando uma pessoa sabe que é acolhida na sua intimidade, o vale da sombra da morte não é temido, mas conquistado a cada dia até chegar à luz e a serenidade.

Entre nós, homens de fé, superiores de comunidades religiosas e de Províncias, é urgente reconquistar a confiança. Os irmãos precisam de quem os escute e guarde o “mistério da intimidade”. Por vezes temos a sensação de que esta práxis esteja em crise, pois não há confiança. Facilmente a vida, os problemas mais profundos dos irmãos são expostos, às vezes até com certo ar de leviandade. Aqui e ali segredos são revelados, pessoas são expostas e ridicularizadas, marginalizadas e jogadas num mar de comentários porque não sabemos mais guardar os “mistérios da intimidade”. O preconceito e a falta de ética obrigam a muitos a se fecharem como caracol para não ficarem ainda mais expostos. Nada é tão amargo como o sabor de um segredo revelado, de uma intimidade exposta, de uma história destroçada. Sobre isto muito bem se refere o salmo 31 quando diz: ”Desapareci dos corações, como um defunto; como um vaso quebrado fui esquecido” (v.13).

Quem escuta um segredo deve saber que lhe foi permitido entrar no “mistério da intimidade” da pessoa. Deveria, sem dúvida, refletir sobre este versículo do salmo 31: ”Em tuas mãos está o destino dos meus dias” (v.16). Neste sentido, a paz de Jesus está exatamente nesta capacidade de cuidar do destino dos outros. Ele não trouxe o medo aos discípulos já atormentados, mas a paz. Ele partilhou com eles do pão e do peixe saciando-os de sua sede e fome. Jesus é o nosso perene modelo de escuta, acolhida e respeito do ser humano. Queira Deus que saibamos reconquistar o valor da confiança no outro, pois assim teremos vida. Que saibamos ter uma prática fraterna que possibilite dizer como o salmista: “Inclina para mim o teu ouvido, vem depressa e me liberta!” (Sl 31,3).

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