Por P João Mendonça, sdb –
No ano dedicado a Maria, o círio de Nazaré ganhou novas cores. Com o tema: Maria, estrela da evangelização, uma invocação presente na exortação apostólica Evangelii Gaudium, do papa Francisco, celebramos o círio 2017 com fervor e luz.
Círio é a festa do povo de Deus. Está na alma do paraense e, de certa forma dos católicos do Brasil. É a maior procissão do mundo. Mais de 2 milhões de pessoas se juntam num grande coro que grita viva a virgem de Nazaré, viva, viva, viva! É um grito carregado de fé e esperança. O povo se reúne ao redor da mãe e escuta mais uma vez o pedido de Jesus: Eis ai tua mãe! O verdadeiro discípulo e discípula amada acolhe a mãe e a leva para casa. A berlinda se move, quase que flutua no meio da multidão, ornada de flores e coroada com seus filhos.
A pequena imagem torna-se peregrina. Visita as paróquias, os hospitais, as prisões, o comércio, as escolas e tantos outros lugares. Sua presença é, de fato, evangelizadora. Ela nos comunica uma mensagem de esperança. A festa fica por nossa conta. Muitos chegam de longe, romeiros, que caminham quilômetros e deixam alguns dias suas famílias para encontrar uma grande família: a família de Nazaré. É um mar de gente, um mar de homens, mulheres, crianças e jovens, também muitos idosos, romeiros e romeiras, promesseiros, curiosos, agnósticos, todos chegam para ver, contemplar, e a maioria tenta chegar pelo menos perto para tocar com os dedos no manto que envolve a pequena imagem da mãe. Braços se levantam, preces são elevadas. Quantas e quantas orações ficam no silêncio dos gestos de pessoas que se arrastam pelas ruas de Belém pagando promessa, muitos descalços, outros com uma casa na cabeça, um braço, uma perna; enfim, gestos e ritos que revelam na simplicidade de quem crer a grandeza da força de Deus salvador que passa pelas mãos da mãe cuidadora.
É um oceano de gente que enche nossos olhos, alegra o coração e faz vibrar o carinho pela virgem Mãe de Deus. A pequena imagem de 25 cm que, segundo a lenda, Plácido encontrou às margens do igarapé Murutucu, levou para casa e que voltou novamente para o igarapé parece dizer: eu quero ficar aqui. Ela ficou e nos visita a cada círio como aquela presença cuidadora, educadora da fé, socorro nos perigos, auxiliadora na hora da desesperança. Ela é a mãe solicita que nos une e se torna irmã, companheira, amiga.
Nós a chamamos de rainha porque colocaram uma coroa na cabeça dela, mas ela quer ser a serva de todos. Ela não veio para ser servida, mas servir. Não veio para dar trabalho, mas trabalhar. Não veio para ficar distante, na glória, mas para entrar em nossas casas dando a mão a cada um sem pedir nada em troca. Ela é mãe de Nazaré que na simplicidade atende ao filho que chora, alimenta o faminto, consola o triste, canta para o que não consegue dormir, cura as chagas do enfermo e seu manto nos protege e revela sua grandeza. Ela leva ao colo o Filho bendito, apresentando-o a todos ensinando-nos a dizer sempre: A Ele toda a glória e poder, pelos séculos dos séculos. Amém.