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CG26: BOA NOITE DO PE. FRANCESCO CEREDA

INTRODUÇÃO AOS EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS
Exercícios do Espírito no Espírito

Os exercícios espirituais são uma aventura em que, com os dinamismos da nossa pessoa, entram em jogo as iniciativas da graça de Deus, as propostas fascinantes de Cristo, as motivações do Espírito. Perguntemo-nos, por isso, com quais atitudes estamos iniciando esta aventura spiritual: com cansaço ou desejo? Com tristeza ou alegria? Com perturbação ou serenidade? Qual é o grau de nossa apertura à graça de Deus, de coragem diante das propostas do Senhor Jesus, de disponibilidade ao Espírito? Estamos prontos para iniciar esta experiência com abertura, coragem, disponibilidade?

Os exercícios espirituais são um caminho gradual e progressivo, que apresenta etapas e horizontes. A vida espiritual é um caminho de aprendizagens; ela exige exercício. A fim de adquirir uma habilidade, uma atitude ou uma capacidade, é preciso aplicação metódica, exercício repetido, esforço paciente. Por exemplo, a oração é uma arte que se aprende. O atleta e o artista devem treinar, experimentar e experimentar de novo, repetir movimentos e gestos, para chegar a rendimentos elevados. "Cristão não se nasce, se torna", dizia Tertuliano. A vida espiritual comporta a prova e o combate espiritual.

Fala-se de exercícios no plural, porque esta experiência sugere-nos diversos exercícios espirituais a ser praticados. A vida espiritual exige ascese, exercício, portanto. Não se trata de voluntarismo, mas de abertura à graça de Deus, de acolhida das propostas de Cristo, de disponibilidade ao Espírito; e isso exige exercício e prática. Sugiro-vos agora alguns importantes exercícios do espírito.

1. O primeiro exercício a fazer consiste em criar as condições de atenção: concentrar-se, repousar, convergir. Segundo a etimologia latina, atenção deriva de "ad-tendere", isto é, "tender para"; trata-se de um movimento do espírito para alguma coisa. Se descobriste o sentido, o centro e a finalidade dos exercícios espirituais, a atenção é a conduta unificada dessa meta, é a tensão para esse centro, é a dedicação a essa finalidade. Criar capacidade de atenção é crescer na unificação pessoal. Os exercícios já começaram; é preciso "entrar nele", logo, deixando-nos envolver sem distração, sem superficialidade, sem dispersão. A vida espiritual desenvolve-se no coração, ou seja, no lugar das opções, das decisões, dos desejos. Ela nos pede para ir em profundidade, descer ao coração, entrar na interioridade. É preciso concentrar-nos por isso sem incertezas e sem demoras em nosso coração!

2. A tradição ascética reconhece a essencialidade do silêncio para uma autêntica vida espiritual. "A oração tem por pai o silêncio e por mãe a solidão", dizia Gerolamo Savonarola. Só o silêncio torna possível a escuta, isto é, a acolhida não só da Palavra, mas também dAquele que fala. Na experiência amorosa, o silêncio é freqüentemente muito mais eloqüente, comunicativo e intenso do que uma palavra. Infelizmente, o silêncio em nossos dias é raro, surdos que somos pelo rumor, bombardeados por mensagens sonoras e visíveis, submersos pelas tagarelices. A vida espiritual ressente-se dessa carência. "É inerente ao silêncio um admirável poder de observação, de clarificação, de concentração sobre as coisas essenciais", escrevia Dietrich Bonhoeffer. Do silêncio pode nascer uma palavra arguta, comunicativa, luminosa, O silêncio é o guarda da interioridade. Ela é, antes de tudo, sobriedade, disciplina e abstenção de palavras; ela pede, pois, que se façam calar os pensamentos, as imagens, os ressentimentos, as murmurações. O silêncio é o caminho para "habitare secum". Façamos juntos, então, o exercício do silêncio atendo-nos aos tempos propostos. Não nos entretenhamos com os outros em distrações inúteis. Procuremos os lugares do silêncio. Ele nos ajudará a alcançar aquele silêncio interior que se joga no nosso coração, lugar da luta espiritual.
3. Na vida espiritual, a capacidade de falar a Deus depende do escutá-Lo. A fé nasce da escuta. A oração é, antes de tudo, escuta: uma escuta de Deus através do sacramento da sua Palavra que são as Escrituras; uma escuta de Deus na história e no cotidiano; uma escuta de Deus através do discernimento para o qual nos educou a freqüentação com o evangelho. A vida cristã, e, portanto a vida espiritual, pode ser chamada de ascese da escuta, arte da escuta. É preciso prestar atenção naquele que se escuta, no que se escuta, como se escuta. Isso exige a ação esforçada de reconhecimento da Palavra de Deus nas palavras humanas e o discernimento contínuo da sua vontade nos eventos históricos. A escuta leva o crente a repetir com Jacó: "O Senhor está aqui e eu não o sabia" (Gn 18,16).

4. A alma da vida espiritual é a oração. "A ação mais difícil é a oração" ouviam dizer os jovens monges ao ancião interrogado por eles. A oração é a nossa resposta à decisão gratuita de Deus de entrar em relação conosco. Segundo a Sagrada Escritura é Deus que procura, interroga e chama. A nossa resposta é a oração em suas formas fundamentais: a ação de graças, ou seja, o louvor, a bênção, a adoração; e o pedido, isto é, a invocação, a súplica, a intercessão. A Revelação atesta também a dimensão da oração como busca de Deus, como abertura ao evento do encontro com Ele. Os salmos demonstram-no de modo evidente: "Ó Deus, desde a aurora eu te busco" (Sl 63). É esta dimensão relacional o que melhor exprime a identidade da oração cristã; ela nos insere no vivo do diálogo com Deus. Nestes exercícios não nos contentemos com a oração litúrgica; encontremos tempo para a oração pessoal, para este diálogo íntimo com Deus.

* * *

As Constituições falam dos exercícios espirituais como de uma experiência de conversão. Eles "são tempos de retomada espiritual, que Dom Bosco considerava como parte fundamental e síntese de todas as práticas de piedade. Para a comunidade e para cada salesiano são ocasiões especiais de escuta da Palavra de Deus, de discernimento de sua vontade e de purificação do coração. Tais momentos de graça restituem ao nosso espírito profunda unidade no Senhor Jesus" (Const. 91).

A vida do salesiano está sujeita aos riscos da superficialidade, do ativismo e da usura. É fácil deixar-se prender pela ação e não conseguir encontrar tempo para a vida espiritual. A nossa Regra convida-nos a dar importância a esses tempos fortes do espírito. Não cedamos à tentação de transformá-los em jornadas de estudo ou discussões. Demos importância à escuta da palavra de Deus, que nos permite discernir a Sua vontade no momento presente e nos chama à purificação do coração.

Dom Bosco escrevia a um clérigo para que examinasse durante os retiros espirituais "quid sit addendum, quid corrigendum, quid tollendum, ut sis bonus miles Christi". Ele depois não hesitava em afirmar: "Os exercícios espirituais podem chamar-se sustento das Congregações religiosas e tesouro dos sócios que lhe pertencem". E na primeira redação do Regulamento dos exercícios escrevia: "A nossa humilde Sociedade deve ser devedora a eles do seu maior desenvolvimento, e muitos de seus membros devem fazer depender de algum curso de exercícios o início de uma vida melhor".

Convido-vos, por isso, a viverem estes dias intensos de vida espiritual com as palavras do Papa Bento: "Durante estas jornadas, podereis refazer a experiência tocante da oração como diálogo com Deus, por quem nos sabemos amados e a quem desejamos amar por nossa vez. A todos gostaria de dizer com insistência: abri o vosso coração a Deus, deixai-vos surpreender por Cristo". Concedei-lhe o "direito de vos falar durante estes dias! Abri as portas da vossa liberdade ao seu amor misericordioso! Apresentai a Cristo as vossas alegrias e as vossas penas, deixando que Ele ilumine com a sua luz a vossa mente e toque com a sua graça o vosso coração" (Discurso aos jovens à beira do Reno, Colônia 18.08.2005).

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