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Celebrar os 50 anos da Inspetoria.

A Inspetoria completa em novembro cinqüenta anos de sua existência. Como aconteceu a criação da Inspetoria? Quais foram seus primeiros organizadores? Que significado tem celebrar esta data?

Desde 1929 o primeiro Bispo do Rio Negro Dom Pedro Massa começou a ventilar a necessidade de uma separação do Norte do Nordeste. Ele argumentou sobre isto numa carta que enviou ao Conselho Geral dizendo que as distâncias eram enormes e dificultavam uma real animação da Inspetoria com sede em Recife. Juntou-se ao argumento de Dom Massa o padre Rinaldi, que numa sessão do Conselho em 1929 disse: “Não seria o caso de criar uma inspetoria Amazônica, em Manaus e as residências do Rio Negro e Porto Velho?” . Desde ai começaram a surgir opiniões favoráveis e contrárias a esta iniciativa. Aqueles que se diziam contrários argumentavam que os salesianos que trabalhavam no Norte não estavam preparados para assumirem uma Inspetoria; por outro lado os que aceitavam a idéia defendiam a necessidade prática de tal divisão devido às continentais distâncias. O processo seguiu amadurecendo até 1957.

Naquele ano, 1957, o Reitor-Mor padre Renato Ziggiotti, 5o. Sucessor de Dom Bosco visitou o Brasil e todas as casas das inspetorias. A recepção do superior em Manaus e nas missões foi gloriosa. Ele saiu do Brasil convencido do grande progresso das missões e sentiu na pele o que significavam as distâncias que tanto falavam os salesianos. Certamente esta visita abriu maiores possibilidades para a decisão da divisão que se dará apenas um ano depois.

No começo do ano seguinte, exatamente de 11 a 15 de fevereiro de 1958, no Colégio Salesiano do Recife, aconteceu o 18º Capítulo Inspetorial. Entre os capitulares alguns salesianos que fizeram nossa história: Pe. Estevão Domitrovitsch, Pe. Luiz Pasinelli, Pe. João Badalotti, Pe. Miguel Ghigo, Ir. Domingos Serra, Pe. Luiz Venzón, Pe. Antonio Góis, o então estudante Francisco Laudato (Cf. Luiz de Oliveira, 2005, p. 595). Um dos temas tratados foi a possível divisão da inspetoria do Recife. O responsável pela argumentação favorável foi o padre Pascoal Filipelli, diretor do Colégio Dom Bosco de Manaus. A proposta de Filipelli era ousada. Ele argumentou sobre uma nova geografia desmembrando a inspetoria do Nordeste em três assim localizadas: A primeira de Manaus até as Missões; A segunda de Belém a Fortaleza; A terceira de Natal a salvador. O texto foi aceito e enviado a Roma para o Capítulo Geral. Na época a Inspetoria compreendia 5.152 quilômetros quadrados (Cf. Id,p.173).

Após a realização do 19º Capítulo Geral em 1958 o novo Conselho Geral acatou em parte a proposta da divisão e criou a nova Inspetoria do Norte, com sede em Manaus e com o nome de São Domingos Sávio, compreendendo os Estados do Maranhão, Pará, Amazonas e territórios limítrofes . Para inspetor foi nomeado o então inspetor do Recife, padre Miguel D’Aversa que já conhecia bem a região. Um fato ilustrativo dos perigos daquelas viagens me narrou Dom Miguel anos atrás em Manicoré. Na sua primeira viagem ao Norte em 1955 quase pereceu num terrível acidente aéreo. Acontece que sua passagem num avião Catalina foi trocada de última hora por motivos mesmo da visita. Horas depois foi anunciado que o dito avião tinha caído em Parintins sem sobreviventes. A viagem ficou assim marcada na história de aventuras pela Amazônia. Contudo, quatro anos depois de eleito inspetor da nova Inspetoria, o Papa João XXIII o nomeou Bispo de Macri e Prelado de Humaitá. Sua ordenação aconteceu em 05 de agosto de 1962.

O primeiro conselho inspetorial era composto dos seguintes membros: secretário o padre Gianfranco Biggiaretti, conselheiros: Pe. Agostinho Caballero, Pe. Estevão Domitrovitsch, Pe. Hermano Schilp, Pe. Luiz Venzón. Tive a alegria de conhecer e conviver com o padre Biggiaretti no aspirantado; passei umas férias em Porto Velho e convivi com o padre Schilp e como aspirante conheci também o padre Venzón. Grandes homens e cheios de amor pela Inspetoria. Na divisão, a Inspetoria ficou com 107 salesianos e as seguintes obras: Colégio Nossa Senhora do Carmo, Colégio Agrícola Dom Lasagna – Ananindeua (Belém), Colégio Dom Bosco e Escola Industrial São Domingos Sávio (Manaus), Humaitá, Porto velho, São Carlos do Jamarí, Jí-Paraná (Rondônia). Oficialmente esta casa de Jí-Paraná aparece no elenco em 1965, mas nos relatos de Dom Miguel ela já existia na divisão. No Rio Negro tínhamos: Barcelos, Cuaborí, Içana, Iauareté, Pari-Cachoeira, Tapurucuara, Taracuá. Os estudantes de teologia eram 21, 17 ficaram para o Nordeste; os estudantes de filosofia eram 20, 10 ficaram para o Nordeste.

A Congregação para os Intitutos Religiosos e Sociedades de Vida Apostólicas aprovou a divisão com o decreto n. 15.488/58 no dia 25 de novembro de 1958.

Tudo estava por ser feito. Certa vez, numa conversa com o padre Biggiaretti ele me dizia que quando a Inspetoria começou tudo era improvisado. Não existia ambiente apropriado nem para o inspetor. Era tudo muito simples. Ele mesmo não sabia como começar o arquivo, nem tinha dados sobre os salesianos. Foram anos e anos de trabalho e organização. O que temos hoje é fruto de uma longa e corajosa história, feitas por homens desbravadores e cheios de ideais. Não podemos perder este brilho.

Celebrar esta data para mim tem um grande significado. Entrei no aspirantado de Manaus em 1979. Dois anos antes morrera o padre Góis e naquele ano faleceu o padre Antonio Scolaro, não tive a graça de conhecê-los, mas muito ouvi falar da vivência missionária e salesiana de ambos. Naqueles anos o fervor missionário era grande. Durante o aspirantado tive a oportunidade de passar as férias no Içana, São Gabriel e Manicoré. Em cada lugar convivi com missionários de grande espírito salesiano: padre Afonso Casasnovas (Içana), padre Ricardo Lorenzoni (Manicoré), Ir. Theotônio Ferreira (Gabriel). Apenas para citar alguns. Durante esses 25 anos de vida religiosa conheci missionários que tudo deixaram e assumiram a Amazônia. Poderia aqui fazer uma lista interminável desses personagens, mas não o farei com o risco de ser injusto. Contudo quero prestar minha homenagem sincera a alguns, sinto o dever: Pe. Cânio Grimaldi, o primeiro salesiano que vi na minha vida, tinha apenas 16 anos. Durante um curso de liderança cristã, TLC, o conheci e me confessei com ele, talvez ali o bom Deus me pegou pelas mãos; Dom Franco Dalla Valle, meu primeiro formador. Um missionário de grande ousadia e criatividade. Com ele aprendi a conhecer a Igreja e a Congregação; Pe. Miguel Ghigo, durante três anos foi meu confessor. Um homem simples e orante, amigo e incentivador vocacional; Pe. Francisco Biggiaretti, meu formador e segundo confessor. Tinha senso de humor e sabia ser amigo e confidente, crítico e paterno. Entre os coadjutores não posso deixar de citar: Ir. Domingos Serra, um homem simples e santo. Tive a alegria de visitá-lo horas antes de sua morte e ele me recebeu com uma alegria contagiante, era o adeus; Ir. Theotônio Ferreira, missionário apaixonado pelo Rio Negro. Sempre falante, alegre e otimista. Todas essas lembranças me levam a agradecer a Deus por esta data jubilosa. Queira o Senhor que continuemos o ideal desses missionários. Amém!

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