Carta da XIII Assembléia Geral do CONIC às Comunidades
"Ó Deus, tu és o meu Deus, por ti madrugo.
Minha alma tem sede de ti, meu corpo te almeja, como
terra árida, exausta e sem água"
Sl. 63.1
Aosirmãos e irmãs de nossas Igrejas e a todas as pessoas amantes da justiça e dapaz,
"Água, Fonte de Vida e de Paz" foi o tema que noscongregou nesta XIII Assembléia Geral do Conselho Nacional de IgrejasCristãs do Brasil – CONIC, reunida no Centro de Formação Vicente Canhas emLuziânia, GO, de 13 a 15 de novembro de 2008.
Partilhamos com vocês a graça e a alegria de termos acolhidono seio do CONIC, como membros plenos, duas novas Igrejas, a Igreja OrtodoxaGrega – Patriarcado Ecumênico de Constantinopla e a Igreja Ortodoxa Antioquinado Brasil. Aprovamos também o ingresso de um novo membro associado, o PROFEC,Programa de Formação e Educação Comunitária de Duque de Caxias, RJ.
Debruçamo-nos sobre a reconfiguração do movimento ecumênicomundial que desafia nossas igrejas a iniciar um processo de reflexão sobre opapel dos Conselhos Ecumênicos para o futuro do ecumenismo, em seus maisvariados contextos e em relação com o Conselho Mundial de Igrejas. Somoschamados fraternalmente a um permanente diálogo para avaliar o momento atual epropor caminhos teológicos e pastorais de inserção na realidade brasileira. AAssembléia conclamou nossas Igrejas a intensificar a formação ecumênica de suaslideranças e dos seus fieis e aprofundar sua relação com organismos e fórunsecumênicos como tarefa prioritária no processo de reconfiguração.
O CONIC está empenhado com toda a sociedade civil brasileirana realização da Conferência Nacional de Segurança Pública e na reformulação daSegurança como uma estratégia de paz e de tranqüilidade para todos os cidadãose suas comunidades. Reitera também o seu apoio à Campanha da Fraternidade de2009 da CNBB: Fraternidade e Segurança.
Empenhamo-nos nesses dias a ultimar os preparativos para aCampanha da Fraternidade Ecumênica de 2010, tendo por tema: ECONOMIA E VIDA.
Queremos somar esforços com a CESE, para implementar asmetas do milênio em favor da infância e da juventude, apoiando suas iniciativase projetos .
Em relação ao tema central da Assembléia, constatamos que aágua, o elemento mais necessário à vida em todas suas formas, encontra-seameaçada pela crescente degradação ambiental, pelo seu uso predatório, pelodesperdício e pela sua conversão no mais rentável negócio internacional nosdias de hoje, ao mesmo tempo em que escasseia para os mais pobres.
Proclamamos que a água é dom de Deus a toda a criação,devendo ser reconhecida sua destinação universal e declarada bem públicoinalienável. Cabe aos Estados e à comunidade internacional assegurar o acessoprioritário de todos os seres humanos a água limpa e potável, a um custosuportável pelos mais pobres e vulneráveis, banindo todas as formas deprivatização das fontes e mananciais de superfície e subterrâneos eempenhando-se pela sua revitalização e despoluição dos rios e dos mares.
Reiteramos nosso irrestrito apoio e oferecemos nossacolaboração solidária ao esforço das comunidades, entidades e governos locais,estaduais e federal para acelerar a construção de 1 milhão de cisternas nosemi-árido nordestino. Ao recolher e armazenar a água escassa das chuvas, ascisternas asseguram a sobrevivência das pessoas e animais e apontam para ofortalecimento da cidadania e da independência econômica e política daspopulações sertanejas, em especial das mulheres. O investimento público deveser orientado prioritariamente no sentido de assegurar água para o uso humano esó depois para a indústria e o agro-negócio que monopolizam atualmente 90% da águadisponível no país.
Preocupou-nos igualmente a atual crise financeirainternacional pelos efeitos que já começam a se manifestar na economia real,provocando desemprego e agravando a crise alimentar. É escandaloso que játenham sido alocados apenas pelos governos dos Estados Unidos, União Européia eChina mais de 2 trilhões de dólares para socorro de bancos, financeiras ecompanhias de seguro. Ao mesmo tempo o dramático apelo do diretor geral da FAO(Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação), JacquesDiouf, para que os países membros se mobilizassem para minorar a escassezalimentar que ameaça quase 1 bilhão de seres humanos recebeu resposta pífia.Dos 22 bilhões de dólares aprovados para minorar o agravamento da fome, só 2 bilhõesforam entregues à FAO!
Deus apresenta-se uma vez mais como defensor do pobre, doórfão, da viúva e do imigrante cujo clamor ele escuta, interpelando-nos comopessoas e como Igrejas sobre a sorte de nossos irmãos e irmãs mais necessitadose conclamando-nos a caminhar junto com eles para enfrentar os desafios da criseinternacional, com determinação, compaixão e ousadia, em favor de um mundodiferente, em que todos os povos possam habitar com segurança e dignidade.
Em nome da Assembléia,
Pastor Sinodal Carlos Möller
Presidente do CONIC