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Notícias

As novas Diretrizes da CNBB

Pinceladas nas novas Diretrizes Gerais da CNBB e a pastoral juvenil

Pastoral, pode ser traduzida, como evangelização, ou seja, “anunciar por palavras e ações, Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida”(DGAE 2011-2015, apresentação). Não é um conjunto de objetivos, estratégias e planos se chegar a uma meta; aliás, o planejamento estratégico será sempre um instrumento, mas se faltar o impulso missionário, certamente todo o projeto será uma semente que cai no meio do caminho, entre as pedras e morre sufocada pelos espinhos.

Quando o tema é a ação evangelizadora direcionada aos jovens, então, a coisa ficaainda mais complexa. Faz-se urgente sair, como reproduz as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil 2011-2015, citando Bento XVI, “do medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual, aparentemente tudo procede com normalidade, mas, na verdade, a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez” (DGAE, 3).

De fato, a mudança de época (DAp, 44) que sacode nossa história não nos permite mais viver na mediocridade, às vezes, com ótimas idéias, mas com praticas velhas. Precisamos evoluir para ações de maior eficácia e impacto no mundo juvenil. Desconheço as fórmulas mágicas, entretanto, procuro orientar-me por contextos que mudam e exigem mentalidades mais abertas para “promover uma sociedade que respeite as diferenças, combatendo o preconceito e a discriminação nas mais diversas esferas, efetivando a convivência pacifica das varias etnias, culturas e expressões religiosas, o respeito das legitimas diferenças” (DGAE, 112).

O mundo juvenil contemporâneo é complexo. As comunidades juvenis temporárias, nas quais os jovens buscam identificação, são numerosas e diferenciadas. Não cabe neste contexto plural uma ação evangelizadora preconceituosa e limitada pelo medo das diferenças. Precisamos “colocar os pés no chão”(DGAE, 127). Isto, com certeza, não será fácil para nenhum discípulo missionário de hoje, pois, somos herdeiros de uma mens pudica demais, na qual, muitas vezes moral e justiça, ética e verdade, nem sempre caminham juntas. Quando falamos de diferenças no contexto juvenil é preciso entender que hoje isto perpassa, sobretudo as condições sexuais; neste aspecto ainda de calças curtas porque entre a questão de gênero (homem e mulher) e as variedades sexuais entre os jovens, inclusive a precocidade da iniciação à vida sexual, nos surpreendemos a cada instante.

Nas novas Diretrizes encontrei dois números que mencionam os jovens. No parágrafo 81 os bispos dizem “que os jovens merecem atenção especial”. É um pedido importante, mas talvez, um pouco tarde ou repetitivo, porque estamos perdendo os jovens há algumas décadas. Os grandes movimentos de massa nem sempre são o retrato real da ação evangelizadora eficaz com as juventudes. Entretanto, nunca é tarde para repensar as praticas e rever os conceitos. Contudo, não podemos fazer isto sem a participação dos jovens na sua diversidade. Pensar uma pastoral para os jovens a partir de nós será uma resposta feita para perguntas que não existem ou, certamente, não são importantes para eles. Certa vez li num muro na cidade de Roma a seguinte provocação: alguém escreveu: Jesus Cristo é a resposta! E outra pessoa, talvez um jovem grafiteiro, acrescentou em baixo: E qual é a pergunta? Trago este exemplo para dizer que às vezes vamos com as respostas, com o prato feito, mas será que são estas as interrogações de fundo das diferenças juvenil? Outro numero que fala de adolescentes e jovens é o 109. Novamente os bispos nos lembram que eles são a parte mais importante da população, portanto necessitam da nossa atenção. Pedem, inclusive uma pastoral “infanto-juvenil”. De fato, os adolescentes estão perdidos nesta grande massa e temos poucas ações voltadas para eles. As mídias já passaram na nossa frente há décadas com propostas ousadas que mexem na necessidade de comunicar. Ainda não chegamos ai porque nossa interação com as mídias juvenis são tímidas ou quase inexistentes.
Então, diante das provocações expostas, compreendo que os agentes juvenis precisam assumir as Urgências apontadas pelas Diretrizes para começar um novo diálogo com esta complexidade juvenil, para tanto, faz-se urgente pensar uma pastoral juvenil em estado permanente de missão; uma casa que inicie na fé cristã os jovens; que anime as questões existenciais dos jovens com a Bíblia; que seja uma rede juvenil de comunidades; que esteja a serviço da vida. O desafio não é pequeno. O que podemos dizer de cada urgência desta em vista da pastoral juvenil?

1. Estado permanente de missão: Outro dia acompanhe uma reportagem no Fantástico que comentou uma entrevista com jovens no Brasil. O resultado me surpreendeu. No lugar de apresentar uma juventude que não quer compromisso, acomodada, muda e preguiçosa; mostrou que uma boa e significativa parcela das juventudes sonham e já realizam ações que comprometem a vida na mudança da própria realidade local, tais como o voluntariado, a defesa da natureza, o interesse por aqueles que vivem em situação de risco, o desperta da música, do teatro, do esporte. É uma juventude que não coloca a cara para apanhar nas ruas, mas age nos porões das diferenças, das injustiças e das mortes, para gerar dignidade. Este estado de missão permanente precisa ser descoberto por nós e potencializado porque é um caminho para o encontro com Jesus Cristo a partir da vida, que desperta “amor, gratuidade, alteridade, unidade, eclesialidade, fidelidade, perdão e reconciliação” (DGAE, 16).

2. Casa que inicie na fé cristã. A pastoral juvenil precisa ser este berço da iniciação, das passagens, dos ritos, dos símbolos e dos gestos que levam à descoberta e ao valor da fé na vida e não como adesão a uma ideia (DGAE, 89). Infelizmente ainda insistimos muito na adesão a dogmas, doutrinas pesadas e rigorosas com seus valores imutáveis, não que estas coisas não sejam importantes, mas não cabem numa mentalidade mais ligada à liberdade de expressão e dominada pelo relativismo (DGAE, 88). A iniciação, portanto, é um instrumento que ajuda a recuperar desejos e suscita necessidades. Uma verdadeira mistagogia.

3. Animar as questões existenciais dos jovens com a Bíblia. Quando os jovens começarem a entender a Bíblia como um livro que revela experiências de profundo sentido entre o totalmente Outro e o ser humano, nas diversas fases da humanidade e da vida, ai eles irão gostar de saborear a Sabedoria que está na Bíblia. No momento em que os jovens perceberem que a Bíblia não é uma Palavra do passado, mas que ecoa ainda hoje no terreno de nossas vidas como aquela semente que cai e fecunda, então, eles iluminarão suas ações com gestos de gratidão diante da gratuidade de Deus.

4. Ser uma rede juvenil de comunidades. A pastoral das juventudes brota dos jovens, ou melhor, das diferenças que existem entre os jovens. Forma, assim, uma rede na complexidade dos desejos e das necessidades juvenis que não podem ser exauridos, quer dizer, os desejos precisam ser trabalhados por ele, expressos e re-significados, mas as necessidades não podem ser resolvidas com as respostas prontas. Na rede das comunidades juvenis, desde aquelas mais tradicionais até as mais desafiadoras, é preciso saber reinterpretar a historia que elas estão escrevendo. Isto requer uma ação personalizada, diálogo, paciência (DGAE, 87).

5. A serviço da vida. As ameaças que sofrem nossos jovens são tantas que uma lista jamais poderá elencar todas. Os sinais de morte estão impregnados em todas as camadas juvenis. Embora, o medo de morrer já perdeu até o sentido, pois, em muitas expressões juvenis a morte é o resultado das opções; o medo de estar desconectado não é mais um problema porque em cada esquina eles encontram as mídias que possibilitam a entrada no mundo globalizado, são pequenas “igrejas” freqüentadas por eles com deuses próprios e ritos diversificados; o medo de sobrar já se tornou um estigma, tanto é assim que as drogas para o consumo e para a venda, os roubos, as violências domesticas, já não amedrontam porque a corrupção tomou conta, inclusive da justiça. Portanto, o serviço à vida na pastoral das juventudes precisa entender as perguntas de base que as diferenças juvenis estão se fazendo. Eles “zoam” e “ficam” com a mesma naturalidade com a qual nós planejamos nossas atividades pastorais, a diferença é que eles não esperam por nós, porque são velozes como o cavalo.

Desde a minha sensibilidade como salesiano e pastoralista contemplo esta complexidade juvenil e leio as Diretrizes. Concordo plenamente com Bento XVI quando diz na Deus Cáritas Est: “Toda a atividade da Igreja é a manifestação de um amor que procura o bem integral do ser humano” (n. 19). Nisto Dom Bosco foi e continua sendo nosso mestre mais precioso. Ele queria o bem dos jovens DA MIHI ANIMAS. Toda sua ação pastoral consistia em entender os desejos mais profundos que os jovens traziam. Desde aquelas expressões religiosas mais simples até a necessidade de um pedaço de pão partilhado, de um diálogo olho no olho, de um encontro que marcava a vida, da confiança que amadurecia, da liberdade de ir e vir da casa salesiana sem medos, sem protecionismos, sem explorações, sem malicias, sem abusos, sem comércio TECERA TOLLE.

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