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As “tribos juvenis” no catolicismo subjetivo.

Durante o encontro do Papa com os jovens no Pacaembu, dia 10 de maio, e na missa de canonização do Frei Galvão, tive a curiosidade de observar os jovens que ali estavam. Fiquei impressionado. São verdadeiras “tribos juvenis” bem caracterizadas dentro das juventudes católicas. Trata-se de algo novo que desafia a evangelização dos jovens de maneira assustadora. É incrível a constatação de que estas tribos não fazem pontes entre si. Como uni-los, por exemplo, num projeto comum de ação evangelizadora?


Tive a calma de identificar os perfis destas tribos. Eis alguns:


1. Os legionários de Cristo: jovens que usam roupas eclesiásticas bem arrumadas, cabelo cortado na maquina zero, liturgia das horas nas mãos e curiosidade, durante o aquecimento para a chegada do papa, no meio daquele barulho todo eles rezaram o terço e o oficio divino, pareciam estar dentro de uma capela no total silêncio. Não cantavam, não aplaudiam, não se moviam. Foram educados para não se misturarem com a aparente profanação do ambiente;

2. Toca de Assis: jovens com cabelo cortado ao modelo São Francisco, hábito marrom surrado e pés no chão, dançarinos da melhor qualidade, cantam e pulam sem se importar com o hábito que levam. Passam o tempo todo evento no meio de outros jovens e são simpáticos. A turma da Toca impressiona pela vitalidade e alegria;

3. Arautos do Evangelho: jovens com vestes medievais e coturnos, sérios, passam sempre marchando de dois em dois, obedientes ao mínimo sinal dos superiores, uniformidade total entre meninos e meninas, estavam sempre juntos e não se envolviam nas músicas e danças da ocasião. Parece que saíram de um quadro do século 12, representantes atuais dos tempos das cruzadas;

4. Renovação Carismática: jovens que sabem de cor e salteado os cantos das bandas carismáticas como “Resgate dos Anjos”, “Dominum”, “Agnus Dei” e outras. Esses jovens sabem todas a músicas, coreografias e danças, pulam ao som de todos os ritmos, sobretudo, daqueles que imitam o axé. Vale ressaltar que muitos jovens religiosos e religiosas estão inteiramente identificados com esta espiritualidade, não sei como fica a espiritualidade do próprio Instituto;

5. Pastoral da juventude: jovens que militam nos poucos grupos juvenis das paróquias e dioceses com muita dificuldade. Não são expressivos como os demais. Eles entram no ritmo dos outros e aproveitam a situação. Aliás, notei que alguns já simpatizam também com a RCC e vibram no mesmo ritmo;

6. Aliança de misericórdia: jovens que formam um grupo dissidente da Toca de Assis. Dormem na rua com os mendigos, vivem pobremente, alegres e cheios de simpatia. Conhecem a música gospel e realizam a cristoteca, uma espécie de balada que começa com a adoração ao Santíssimo e depois rola a música religiosa com ritmo de discoteca.

7. Seminaristas eclesiásticos: jovens seminaristas bem vestidos. Com suas batinas e colarinhos brancos, hábitos de todas as cores, cabelos de corte militar. Dançarinos de primeira qualidade. Todas as músicas das bandas eles conhecem e fazem festa. A grande maioria são diocesanos;

8. Seminaristas liberais: jovens ao estilo “liberal” sem roupas e símbolos religiosos de grande destaque. São alegres, cantam, mas não casam muito bem com o estilo e linguagem das músicas e das coreografias da renovação. Contudo, não são indiferentes e procuram interagir com os jovens. Muitos são tímidos e não sabem dançar com a mesma desenvoltura dos demais grupos ligados a RCC;

9. Jovens sem tribos, mauricinhos e patricinhas: percebe-se no meio da massa vários jovens que não se identificam com nenhuma dessas tribos. Passam todo o tempo correndo, carregando faixas, bandeiras, namorando, paquerando. Contudo pelo estilo e comportamento é possível imaginar que alguns já passaram por alguma tribo e abandonaram.

10. Opus Dei: jovens da Opus Dei se destacam pela elegância. Cabelos arrumados com gel, roupa impecável, todos muitos novos, sempre com um livro de oração nas mãos e o terço, sempre sérios e compenetrados. Sentam todos juntos e não entram no clima de vivacidade do encontro.



O quadro impressiona. Não existe mais uma linha comum. Estamos na era da heterogeneidade total. Para evangelizar esta turma será necessário muita criatividade e paciência, porque eles persistem naquilo que comove agora, e não estão preocupados com o amanhã. Fiquei ligado quando o Papa disse: “jovens vocês não são apenas o futuro vocês são o presente da Igreja e da Sociedade”. A massa gritou, aplaudiu e aprovou imediatamente. A idéia do hoje e do proveito do agora é muito bem vindo aos jovens. Falar do amanhã é perda de tempo. Você conhece outras tribos juvenis dentro do catolicismo?



Não sei para que tipo de juventude falarão os Bispos em Aparecida, mas não poderá ser um diálogo dirigido a um único interlocutor. Hoje, as juventudes estão aí, em nossas comunidades, paróquias e dioceses. Seus interesses e buscas são múltiplas. O discurso arrumadinho e moralista não terá eco algum. Até mesmo nas tribos mais convencionais.



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