Algumas reflexões sobre a Visita de Conjunto
Desejo partilhar com os irmãos algumas reflexões sobre a bela experiência que estou vivendo aqui no Chile na segunda visita de conjunto que participo. A Congregação mudou, os desafios também, mas fica sempre a sensação de que ainda não estamos dando respostas profundas a questões emergentes, sem cair na tentação do modismo.
A visita de conjunto, criada pelo padre Ricceri, é um tipo de encontro dos mais significativos da Congregação. Padre Pascual nos disse que este encontro é a ante-sala do próximo capitulo geral. Inclusive, ela ajudará a definir a temática do capítulo. É o reitor-mor que a convoca e a preside, com a presença também de outros conselheiros gerais, inclusive seu vigário. A influencia sobre a região é de imediato. Por exemplo, foi este tipo de reunião que permitiu a re-significação da presença salesiana em Argentina. Também algumas inspetoriais encontraram neste tipo de reunião as pistas para o próprio futuro: conversão pastoral e da missão salesiana. A visita de conjunto, portanto, não é um simpósio, mas a busca de compreender o estado da Congregação numa região.
Neste primeiro dia tivemos a oportunidade ouvir e refletir sobre a avaliação do CG 25 e do CG 26 em tr6es níveis: 1. A região Cone Sul; 2. As conferências inspetoriais; 3. Cada inspetoria em particular. Uma grande síntese com elementos fortes que fazem refletir desde nossa fidelidade pessoal como institucional.
A visita de conjunto de 2005 deu frutos importantes: o fortalecimento do Cresco para formação dos salesianos coadjutores; a criação do curatorium na Lapa; os encontros regionais dos delegados de formação, pastoral juvenil, comunicação social, a re-significação da Argentina, o redimensionamento das casas de formação, sobretudo nas inspetorias da CISUR. A visão geral foi positiva. No debate o tema da formação emergiu muito forte, sobretudo com a questão da saída dos formandos para estudar fora das inspetorias. Questionaram as lacunas deste processo e a perda do sentido de pertença a inspetoria. Padre Pascual na conclusão dos debates deixou claro que “quando uma inspetoria deixa de preparar o pessoal hipoteca o futuro”. O sentido de pertença e a preocupação com isto são importantes – por isso, julga fundamental a inculturação da formação. A base humana não pode ser claudicada, reforçou ainda padre Pascual. Muitas vezes se manda pra frente sem uma disposição humana e carismática. Isto prejudica todo o processo. Hoje o desafio da formação é a personalização do projeto de vida religiosa.
Com relação a avaliação do CG 26 se partiu de duas grandes perguntas: 1. a comunicação e acolhida – parece que foi positiva; 2. as perspectivas de futuro que recaem, sobretudo na vivência do carisma hoje, a crise do modelo de vida religiosa com a agravante do envelhecimento e “as novas juventudes” que nos questionam seja pelas linguagens como pelo distanciamento, desafiando, assim, a proposta vocacional ou da vida como vocação de cada um de nós e do institucional vigente.
Pessoalmente senti a falta da estrutura do CG 26 nesta avaliação: 1. A pessoa do salesiano que recebe e acolhe o capitulo; 2. A comunidade salesiana como a instancia vivencial do carisma e da partilha com os leigos; 3. A inspetoria como realidade visível da nossa comunhão carismática. Na minha sensibilidade salesiana e eclesial, percebo que ainda patinamos com muitos conceitos, individualismos nas respostas e pouco sentido de processualidade e estratégia. Fica a sensação de ter feito muitas coisas com poucos ou confusos resultados.
Pe. Cereda e Pe. Fabio, respectivamente, formação e pastoral juvenil, fizeram uma breve reflexão para sublinhar alguns aspectos. O padre Cereda destacou vários aspectos e insistiu sobre as grandes temáticas do CG 26 e apresentou as lacunas e as possibilidades que se originam das avaliações feitas nas inspetorias e na Região. Padre Fabio direcionou a reflexão mais para o campo da pastoral juvenil-vocacional. O valioso é que ambos Dicastério buscam uma leitura sinérgica de toda a caminhada feita até aqui.
Algumas questões são desafiadoras:
– A diminuição das vocações na Região, pelo menos, a pouca perseverança;
– O envelhecimento de muitas inspetorias;
– Muitas atividades e pouco tempo para estar no meio dos jovens e para refletir a prática;
– A dificuldade para mudar de mentalidade e buscar novas maneiras de ser proposta de vida e vocação para os jovens de hoje;
– A experiência de aspirantado, o envolvimento das famílias, a intercongregacionalidade, a presença visível nas Igrejas particulares;
– A compreensão das juventudes e de seu mundo virtual, como disse Padre Pascual, os jovens são habitantes virtuais e nós ainda não conseguimos entrar neste dinamismo cultural. Portanto, faz-se urgente entender os jovens de hoje, pois eles respiram a sociedade de hoje que é sedenta de liberdade, de experiências de impacto e respostas imediatas. Então, os jovens não são maus ou bons simplesmente, mas vibram por aquilo que recebem. Saibamos, pois propor com ousadia;
– Precisamos criar nova metodologia de trabalho, dizia padre Bregolin, quer dizer, estudar, pensar e rever as práticas para avançar com mais eficácia, a partir dos conselhos inspetoriais. Isto requer dos conselhos inspetoriais tempo de reflexão, não apenas, resolver problemas;