De uma forma geral a Sagrada Escritura quando define alguém como justo, quer dizer que a pessoa está configurada ao próprio criador que é justo. A justiça, portanto, é uma virtude moral que consiste na vontade e ação firme de dar a Deus e ao próximo o que lhe é devido, sem tirar e acrescentar nada do necessário. A justiça para com Deus é chamada de virtude religiosa, pode ser exercida por qualquer pessoa de boa vontade. A justiça aos outros seres humanos promove a harmonia, o bem estar entre todos, o justo uso dos direitos e deveres.
1. A justiça religiosa: todas as pessoas têm direito a prestar culto a Deus. Para nós cristãos, a concepção de Deus nos vem da Escritura. Desde a experiência religiosa do Gênesis (1,1) até a revelação plena em Jesus de Nazaré (Heb 1,1ss). Existe uma evolução nesta assimilação da imagem de Deus com a vivencia humana. É um claro entrelaçado de imagens, personagens, mensagens, fatos e revelações grupais e particulares. Deus foi e continua sendo criativo na sua autocomunicação. Neste sentido a religião justa é aquela que permite aos seus membros uma viva experiência do sagrado, quer dizer, do mistério divino-humano que toca nossas vidas seja na interioridade como na exterioridade. O injusto é enganar o povo com falsas revelações, curas pré-fabricadas, ministros do culto endeusados, símbolos religiosos comercializados e o uso da religião como emprego alternativo.
2. A justiça social: a convivência humana é baseada nos direitos e deveres. Existem convenções políticas, econômicas e sociais, que favorecem a nossa convivência pacifica. Contudo, as limitações humanas nos obrigam a assistir desmandos, violências, fome, guerras, desigualdades, preconceitos, fundamentalismos, fanatismos, corrupção, e tantas outras questões que colocam em xeque mate a justiça. O excluído social da justiça sofre todo tipo de perseguição e repressões. Precisamos resgatar a virtude moral de justiça: pagar os que trabalham, dividir a renda, promover a dignidade de todos com saúde, moradia, trabalho, transporte e segurança. Uma sociedade justa é possível, mas depende das ações de todos para o bem comum.
3. A justiça política: o Brasil vive de sobressaltos quanto à política. Por um lado cresceu a mentalidade de que a política não é apenas a atividade de um grupo de homens e mulheres que exercem um mandato. Hoje há o esforço pelo resgate da cidadania, a luta para vencer a indiferença política, o empenho em passar o Brasil a limpo. Por isso o povo, nas últimas eleições, escolheu continuar apostando numa possível mudança e não quis retornar ao velho caciquismo político. Isto é muito importante. A justiça, então, se apresenta como um novo horizonte de desenvolvimento e paz. O Papa João Paulo 2o. falava muito de solidariedade como o novo nome do desenvolvimento. A virtude moral da justiça mexe com nossas consciências de cidadãos e cidadãs que acreditam numa sociedade de iguais, mesmo reconhecendo as diferenças grupais e individuais.