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A vida consagrada e desafios para os discípulos e missionários

A Vida religiosa consagrada (VRC) é uma forma exclusiva de pertença ao Senhor no serviço ao povo sofrido (Samaritano), na abundante fonte de água viva (Samaritana) que nos configura a Jesus Cristo a partir de nossos carismas fundacionais. Aparecida nos recorda que ser discípulas e missionários se articula em duas dimensões:


1. A mística-comunitária: o exercício permanente de seguimento do Senhor a partir de uma fraternidade num mundo dilacerado, muitas vezes, pela dor e pela divisão;


2. A missão-profética: a capacidade de rezar o que realizamos, curar nossas feridas mais profundas e as dos outros e anunciar e denunciar a partir da Palavra o que aponta para o Reino e o que corrói o Reino;



Trata-se, pois, de uma vida a serviço de um povo bem concreto com suas angústias e esperanças. Para isto faz-se urgente um itinerário formativo desde a conversão pessoal, passando pela experiência de conhecimento do Senhor, até a plena adesão por ele. É o percurso de Paulo: queda, cegueira, conversão e batismo. Isto significa que a VRC não pode ceder ao luxo de se achar plenamente lúcida e incorruptível. Estamos no mundo, mesmo não sendo do mundo. Contudo nossa presença do mundo deve ser a expressão continuadora da encarnação da Trindade que a partir da gratuidade do Pai entrou na história humana e se fez humano em Jesus, a plena gratidão ao Pai. O Espírito é o consolador que aquece nossos corações muitas vezes sedentos da água viva que não sabemos aonde procurar.



Por conseguinte, a VRC é gestora de vida em plenitude. Nossas comunidades devem ser as primeiras instâncias desta vida: nas relações interpessoais maduras (castidade), na capacidade de construir comunidades alegres ao redor de um projeto de missão (obediência), no ganhar o pão com o próprio trabalho (pobreza). Mas hoje vivemos uma crise interna e externa na vida consagrada: “Há uma crise externa – secularização – e uma crise interna, marcada pelo enfraquecimento da identidade eclesial da vida religiosa; uma visão da vida religiosa centrada na função; a superação das estruturas passadas com exaustão do modelo de vida religiosa […] Existe também uma concepção liberal, quase que uma adequação à modernidade – relativismo – com sinais negativos: a recusa a qualquer distintivo com a perda do sentido de pertença, uma quase invisibilidade; o desejo ardente de tornar-nos, como todo o mundo, sem nada que nos caracterize; reafirmação da profissionalização, tornando o religioso não disponível para a missão; grande dose de individualismo na linha da auto-realização pessoal tornando quase impossível a obediência; a redução da oração cada vez mais individuais ou inexistentes, sem visibilidade, não há tempo para rezar, esta é a desculpa; um tipo de comunidade de respeito, tranqüilidade, de estar bem sem se sentir incomodado… sem conflitos e desencontros; não conseguir mais despertar vocações” (Cf. Pe. Pascual Chávez, Atos do Conselho Geral, 382, p. 16-18.24-29).



Essa crise tem uma causa. Estamos vivendo hoje uma mudança profunda de época. Esta mudança pode ser descrita em três níveis:



1. Nova forma de se relacionar: o mundo se globalizou, criou-se um mercado comum, há um certo padrão econômico que enriquecem alguns e empobrece a muitos. Também as relações humanas mudaram. A Cada dia o coletivo se torna menos importante; e o individual é hipervalorizado. É o indivíduo que vale. Tudo se torna subjetivo. Somente o que eu quero é importante, eu me torno o padrão de conduta e valores. Até o relacionamento com Deus se tornou objeto do meu querer.



2. Nova forma de ser pessoa: o ser humano é visto como cliente em todos os âmbitos da vida social. Na escola ele é um cliente e também na Igreja. O que vale é satisfazer as necessidades deste cliente. Aqui não se tolera o fracasso. Tudo é visto a partir do bem estar do cliente. Nega-se o sacrifício, o sofrimento e o despojamento. É uma redefinição do ser humano na sua identidade.



3. Nova forma de significados: os valores defendidos por uma Instituição são colocados em crise diante da imaterialidade. O que se quer consumir não é tanto o objeto em si, mas o que ele pode representar para a minha satisfação e reconhecimento. Cada vez menos se vende objetos e sim conhecimento. É uma forma de viver imaterial, que gera a escassez e a busca de essencialidade.



Diante deste quadro apresento uma síntese dos desafios mais fortes que sacodem hoje a VRC na sua identidade. Apresento também a cura dos mesmos.



Desafios:



1. Mediocridade e aburguesamento: calar a pergunta por Deus.



Cura: 1. Compaixão, reciprocidade, testemunho de esperança.



Desafio:
2. Busca de valores pequenos e imediatos: sem futuro e utopias.



Cura: 2. redefinir as relações de poder, missão e fraternidade: novo ser religioso.



Desafio:
3. Fechar-se em si mesmo: egoísmo e indivíduo que corroem a fraternidade.



Cura: 3. Paixão por Deus e pelo outro: atração interior.

Existe ainda um mundo possível para a VRC, mas precisamos nos re-encontrar nele. Não adianta fugir para o “deserto” ou assumir a atitude de olhar o mundo como se tudo estivesse perdido. Nosso olhar é kerigmático, ou seja, buscamos os espaços de diálogo e de presença de Deus, para ali fazer o anúncio; é também mistagógico, quer dizer, acompanhamos as pessoas na sua descoberta de significado.


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