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A Pastoral da Itinerância e seus desafios: Visita pastoral a Terra Preta do Uruá

Manicoré/AM – O campo de ação pastoral da Igreja em Manicoré é amplo, diversificado e desafiante contemplando tanto a realidade urbana como a rural; contempla tanto a pobreza material quanto a pobreza humana, a última no sentido de falta de perspectivas de vida, de sonhos e ambições, enfim, de esperança…

A Pastoral da Itinerância tem sido, até o momento, de exclusiva responsabilidade de religiosos (padres e irmãs), que em sacrificadas e longas viagens de barco, visitam comunidade após comunidade. Mas a dimensão da área geográfica a ser acompanhada e as condições permitidas pelo barco, levam a que algumas comunidades sejam visitadas com longos intervalos de tempo. Mas um novo estilo de pastoral da itinerância se está iniciando: uma itinerância que prima por uma presença missionária mais assídua do que pela duração de cada visita, acima de tudo, que visa a participação de leigos comprometidos no processo de evangelização e acompanhamento das comunidades ribeirinhas.

Nos dias 7 e 8 de novembro, uma equipe de leigos (um dos quais em preparação para o diaconato permanente), já na perspectiva desta “nova” pastoral da itinerância, realizaram uma visita pastoral à
comunidade de Terra Preta do Uruá; uma comunidade indígena (mura), sendo uma das mais distantes da área urbana às margens do rio Uruá, aproximadamente seis horas de distância de Manicoré (de voadeira!). No barquinho da paróquia essa mesma viagem duraria um dia e meio.

A visita se enquadrava no contexto das celebrações do festejo da padroeira – Nossa Senhora das Graças – sendo, no entanto, motivo para diagnosticar as necessidades pastorais da comunidade e oportunidade para a celebração de alguns batismos, motivação dos jovens, apoio às lideranças, dentre outras ações.

O confronto com a realidade daquela comunidade foi motivo de reflexão. O primeiro impacto que nos causou foi a atitude de aparente “indiferença” da comunidade. Mas à medida que fomos entrando na dinâmica existencial das pessoas, das famílias, da organização comunitária, tomamos consciência daquela realidade: o líder não estava presente, o catequista principal não participou das celebrações por estar de ressaca, intrigas entre famílias, adolescentes (quase crianças) grávidas, nível de alfabetização baixíssimo, crianças completamente desacompanhadas na “rua” até de madrugada convivendo livremente com toda a espécie de pessoas de outras comunidades que
vierem para a festa.

Cada situação nos fazia refletir, nos fazia questionar o por quê… e na maioria das pessoas um denominador comum: a falta de esperança… Por quê?! Essa não é uma situação única e isolada. Muitas comunidades do interior (estamos falando do médio Rio Madeira no município de Manicoré-Am) já desapareceram por falta de apoio dos serviços governamentais: na área da saúde, incentivos agrícolas, educação, transportes… Tudo isso concorre para um verdadeiro atentado contra
os Direitos Humanos em plena selva: o abandono.

Uma comunidade muito distante, muito pobre mas… que tipo de pobreza? À noite, no leilão, atividade tradicional nas festas dos padroeiros das comunidades ribeirinhas da paróquia Nossa Senhora das Dores, havia oito frangos, apenas um era caipira, todos os outros comprados na cidade, “importados”… Por quê? Os por quês se sucedem…!

As respostas possíveis se multiplicam, mas uma necessidade se afigura como óbvia: é necessária uma presença pastoral que seja inquietante, que estimule a transformação, que abra horizontes; que respeitando as identidades culturais, promova a dignidade humana! Uma presença pastoral e missionária que contribua para que a multidão de crianças das comunidades rurais possa sonhar com um futuro diferente, um futuro digno, um futuro de sorriso no rosto e olhos brilhantes de
esperança… Esse é o desafio!

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