Por Pe. Mendonça, sdb / Paroquia Nossa Senhora das Graças –
A Ceia é uma experiência que permanece quando o fato que a acompanha é vital. Aquela do Egito foi memorável para os judeus. Foi a noite da libertação. Era para comer em família, um cordeiro sem defeito e não poderia sobrar nada. Era para comer com pressa e em atitude de fuga. Era a passagem de Deus em meio ao seu povo. Era um Deus desconhecido para eles, que fazia grandes prodígios, porém ainda desconhecido.
A outra Ceia será a de Jesus. Ele manda preparar. Reúne os seus discípulos e come com eles num clima de despedida e traição. Paulo recebeu esta tradição e exorta os cristãos a fazerem memória não daquela do Egito, mas da nova e eterna Ceia da Aliança, na qual Jesus abençoou o Pão e o Vinho e disse, “isto é meu sangue e meu corpo”, comam em memória de mim. A Ceia do Senhor é a revelação da presença eterna de Deus entre nós como alimento perene de vida, até a ceia definitiva. Ela perpassa os tempos e as festas. É a única Ceia que permaneceu na mente e no coração de todos nós porque a partilha nos torna fraternos:
E todos repartiram o pão e não havia necessitados entre eles (bis) Nossos irmãos repartiam os seus bens; fraternalmente tinham tudo em comum; e era grande a alegria e união, no dia-a-dia e ao partir o pão.
Ele está presente no meio de nós e nos manda fazer o que ele fez; assim como um dia também numa festa Maria disse: FAÇAM TUDO O QUE ELE MANDAR (Jo 2, 5). É preciso fazer o que Jesus manda. Obedecê-lo! O verdadeiro discípulo de Jesus faz a vontade do mestre. Por isto a Igreja dá graças ao Senhor com o Salmo 115 e ergue o cálice da Salvação para agradecer a Deus por todas as graças e curas que recebe pelo dom da Eucaristia. O pão partilhado para servir melhor o mundo faminto de Deus. Esta fome de Deus tem que continuar. Nunca podemos perder a fome de Deus. A Eucaristia é assim comida de vida eterna:
Eucaristia nosso alimento. Força e sustento de um povo a caminhar. Eucaristia, nosso compromisso de estarmos a serviço do Reino de Deus.
É isto mesmo. A Eucaristia nos ensina a estar em caminho e a serviço. Por isto Jesus lavou os pés dos discípulos na Ceia. Com este gesto ele nos ensina que a vida é serviço. Quem come do corpo do Senhor terá vida e se transformará nEle, fonte de água viva, para rejeitar todo tipo de fome, sobretudo:
– a fome da justiça;
– a fome de paz;
– a fome de saúde;
– A fome de preservar a natureza;
– A fome de dignidade;
– A fome de perdão;
– A fome de amar e ser amado;
– A fome de viver em comunidade fraterna;
– A fome de ser gente feliz;
Deus é alimento para um mundo faminto, mas a fome do pão material, pão
– do desemprego
– da injustiça
– da indiferença
– da violência
– da doença
Esta fome precisa acabar. Por isto, na medida em que, cada um de nós lavar os pés uns dos outros – serviço – em casa, no trabalho, na comunidade, nas relações, estaremos saciando a fome do mundo. Que esta Ceia esteja sempre em nossa memória para saciar a nossa fome de Deus. E vocês catecúmenos que hoje serão batizados, receberão o Crisma e a Eucaristia, nunca esqueçam de estar unidos a Ele neste dom recebido. Rezemos juntos:
Bendito seja Deus! Que nos deu seu Corpo e Sangue! A Ceia da eterna felicidade. Para sermos servidores uns dos outros. E assim vivermos felizes. Que o teu Corpo, Senhor, me fortaleça e me ajude a servir, amar e perdoar. Assim Seja!
Recordo aqui uma canção que nos fala de uma presença, de boas memórias, de repensar o presente e projetar o futuro. Isto nos ajuda também a entender o valor da Eucaristia.