Santiago/Chile – INTERVENÇÕES DOS DICASTERIOS E DO REITOR-MOR
Caros irmãos: A Visita de Conjunto chegou ao término nesta manhã fria de Santiago. Não menos fria foi a sintese apresentada pelos Dicastérios e pelo Reito-Mor. Com a rapidez que a comunicação exige apresento aqui alguns lances de todas estas intervençoes. A fala do reito-mor foi riquissima. Certamente o inspetor enviará a cada irmão esta sintese elaborada pelo reitor-mor para que possamos estudar nas comunidades, meditá-la e agir com coragem e ousadia, pois os tempos exigem.
Pe. Cereda:
1. Formação dos formadores: os processos de formação dos formadores está bem estruturado nas inspetorias e na Congregação. A UPS oferece dois cursos: o mestrado em Teologia Espiritual ou em Educação e o de 4 meses. Também alguns leigos, sobretudo psicólogos estão sendo enviados a estes cursos para melhor ajudarem no processo formativo. No mês de setembro deste ano acontecerá na Lapa o primeiro encontro de formadores do Cone Sul sobre o tema da afetividade-sexualidade. O processo de unificação dos noviciados e pós-noviciado já começou, mas sobre a etapa do teologado ainda causa dificuldades. O tirocínio e o quinquênio são as fases que necessitam ainda de melhor organização e sistematização.
2. Pe. Fabio: Está em curso uma revisão da pastoral juvenil na congregação. Não se trata, evidentemente, de começar tudo de novo, mas de rever as práticas para avançar. A meta será atualizar o quadro referencial da PJS que foi revisado em 1998 e 2000. Alguns aspectos da evangelização dos jovens ainda são frágeis e as orientações do CG 23 não foram assumidos como se devia. Os contextos juvenis mudaram e exigem um avanço urgente de nossas ações educativo-evangelizadoras. Os desafios da atual mudança de época podem também ser interpretados como uma oportunidade de evangelização. É triste constatar que alguns animadores de pastoral juvenil desconheçam o CG 23 e, se duvidar, até o Quadro de referência. Então, o problema ad intra é muito mais complexo do que as questões ad extra. Falta-nos qualificação não apenas boa vontade.
3. Ir. Jean Paul: Uma constatação é que todas as contas bancárias da Congregação estão bloqueadas. Os próximos anos serão muito difíceis para todos na Congregação. Precisamos rever as práticas administrativas e deixar de amadurismo.
4. Pe. Vaclav: É necessário investir na formação missionária do pessoal salesiano desde a proposta vocacional. O Dicastério está preparando um documento orientativo para a formação missionária com critérios claros sobre a identidade do missionário salesiano.
5. Pe. Bregolin: A consulta inspetorial da FS deve funcionar. Quando isto não é possível faça-se a consulta local. Tarefas da consulta:
1. Estudar Dom Bosco e assumir o projeto do Bicentenário
2. Conhecer as experiências de cada grupo.
3. valorizar a identidade de cada grupo.
4. Que o PEPSI envolva todos os grupos da FS.
5. Estimular todos os salesianos para que sejam de fato membros da FS ( o mais difícil). A FS deve agir na Igreja local e ser uma expressão visível. Mesmo que não exista nas Constituições o Delegado da FS, é importante que haja. Os assistentes eclesiásticos para a animação da FS são muito importantes. Animar a FS é uma forma de ser salesiano, não uma mera tarefa. É importante que o inspetor vá a consulta alguma vez ao ano. A Estréia do reitor-mor se tornou o tema das jornadas de espiritualidade, seja aquela em Roma como nas inspetorias. A animação dos ex-alunos é uma urgente entre nós. É preciso colaborar mais com as FMA, sobretudo na animação vocacional. A mesma coisa com as VDB. Precisamos também retomar a devoção a Nossa Senhora Auxiliadora como caminho espiritual e evangélico. De 03 a 06/08 haverá o Congresso Mariano na Polônia. Na próxima sessão do Conselho será aprovada a carta de Identidade da FS, com elemento fundamental da espiritualidade salesiana. O documento deverá inspirar a consulta inspetorial e local.
6. Pe. Pascual: O problema da Fundação Gerini é o mais grave do ponto de vista econômico.
Conclusão do Reitor-Mor: padre Pascual apresentou um documento dividido em duas partes: 1. A missão salesiana no contexto globalizado – para toda a Congregação; 2. A missão salesiana no Cone Sul. Este documento é fruto desta visita e estará na pauta do Conselho geral. As inspetorias deverão concretizar tais orientações em objetivos e pessoas responsáveis para colocar em prática as metas, com tempos para avaliação.
1. A missão salesiana num contexto globalizado:
Somos consagrados apóstolos, C 3, esta realidade é inseparável. Nosso amor a Deus é amor aos jovens. Não são as obras que dão o tom da nossa missão, mas a paixão pela salvação dos jovens. O mundo atual é o nosso interlocutor privilegiado, o lugar de onde respondemos a Deus e aos jovens. Portanto, os desafios são oportunidades para a evangelização dos jovens e não travas.
1. Desafios culturais: a pós-modernidade com todas suas expressões seduz a todos nós com o individualismo, niilismo, pensamento frágil, relativismo, etc.
2. Desafio da interculturalidade e inculturação: A globalização pode levar ao multiculturalismo gerando guetos e o nivelamento das diferenças e dos valores. A inculturação é positiva.
3. Desafio da laicidade e secularização: A questão é que a laicidade torna a fé privada e sem espaço no mundo privado. A secularização favorece o processo de amadurecimento e emancipação adulta.
4. Desafios eclesiais: há a urgência de uma nova evangelização num mundo onde a família, a Igreja e a escola, não são mais o modelo de evangelização. Cria-se assim uma geração agnóstica. A linguagem que se usa não são entendidas. Portanto, precisamos entender a linguagem dos jovens para sermos entendidos. É preciso inculturar-se numa pastoral urbana para dialogar com o novo agente de comunicação. O pluralismo pode gerar o relativismo, num estilo niilista, pensamento frágil. Para isto é fundamental um pensamento forte: reflexão teológica, unidade espiritual e pastoral, compromisso social. Sem isto nossa vida eclesial se torna uma ação meramente política e mágica. É preciso orgulhar-se de pertencer a uma Igreja viva e presente nas pobrezas como a latinoamericana. Fundamental também é o dialogo inter-religioso para saber dialogar com as crenças a partir da verdade sobre Jesus Cristo. Falta desenvolver a pastoral da inteligência, capaz de um diálogo construtivo na diversidade.
5. Desafios institucionais: na formação inicial e acompanhamento devemos usar as normas, Ratio, para não deixar ir pra frente pessoas sem condições. Falta clareza no acompanhamento, fragmentariedade nas fases formativas. Também há uma fragmentação e desconhecimento sobre as orientações pastoral da Congregação. O Quadro de referência é frágil e precisa ser re-avaliado. Tende-se a separar PJ-Missões e Economia. A fragilidade de governo e de animação é tremenda na Congregação. Não temos quase mais pastoralistas devido aos rodízios que existem. É lamentável a inconsistência das comunidades seja na qualidade como na quantidade. Há dificuldade de encontrar guias de comunidades – lideres – precisamos preparar lideres para assumir comunidades e cargos de confiança. Isto apenas ameaça a mudança de mentalidade, processos, responsabilidades e esforços de co-responsabilidades.
6. Desafios pessoais: o individualismo atrapalha o uso do tempo livre, habito de reflexão, auto-formação, uma sistemática formação permanente. Isto traz consigo uma insignificante qualidade pastoral e uma tíbia paixão apostólica. Pior ainda quando o setorialismo, individualismo nas comunidades cria uma vida medíocre. Há uma falha na identidade salesiana consagrada. Por pouca coisa entra-se em crise e não se consegue viver os conselhos evangélicos e faz crescer a cisão pessoal e comunitária. A dimensão afetiva é muito pouco valorizada. Relações frias, grande solidão dos irmãos. Qualquer problema afetivo coloca por terra o irmão que não consegue enfrentar-la nem consegue ajuda.
2. A missão salesiana no Cone Sul
Em comunhão com a Igreja na América Latina e sua caminhada a nossa vida salesiana não pode ser indiferente. Por isso,
1. Uma vida mística: forte experiência apaixonada por Deus.
2. Vida profética: em continuidade com tantos mártires.
3. Vida ministerial: serviço aos mais pobres.
Assim temos que caminhar para o bicentenário: místicos-profetas e servos.
– fortalecer a identidade carismática da nossa vida salesiana
– repensar a PJ e vocacional
– reconfigurar a nossa presença e melhorar re-estruturaçao da nossa vida e pobreza evangélica, com uma garantida disciplina religiosa.
Tudo isto exige uma nova mentalidade e práxis ordinária.
1. Identificação carismática: conhecer Dom Bosco colocando à disposição de todos os livros de maior expressão na atualidade. Preparar os salesianos na direção espiritual e capacitar salesianos na pedagogia e no discernimento. Isto deve levar a uma experiência profunda de Deus, lectio divina e tempo de oração pessoal; viver como irmãos em comunidade como anuncio profético com o cuidado nas relações interpessoais, discernimento comunitário, forte sentido de pertença.
2. Repensar a PJ e a animação vocacional: quem encontra Jesus não pode esconde-lo, mas tem o dever de comunica-lo. Isto exige uma conversão pastoral. Conhecer a os desafios da realidade dos jovens. A centralidade da pessoa de Jesus em nossas vidas. Vida em comum em missão compartilhada. A forte dimensão educativa que atenda a diversidade religiosa dos jovens. Apostar nos processos de amadurecimento e uma cultura vocacional com alegria de viver como consagrados, acompanhamento espiritual e comunidades de apoio.
3. Reconfiguração de nossas presenças e gestão e sustentabilidade: não se trata de uma mera estratégia de sobrevivência, mas um dinamismo fecundo do carisma. Obras infecundas, secas, não podem ser mantidas apenas por uma questão afetiva. É preciso o impacto sobre o território e fecundidade pastoral e vocacional. Será feito um estudo sobre as obras para garantir sua significatividade, consistência numérica, seleção dos diretores e sustentabilidade.
4. Disciplina religiosa: a raiz da disciplina está no discipulado, portanto, a disciplina se coloca no seguimento de Jesus Cristo com coerência. Não se trata apenas de assumir normas, mas viver com valor nossa consagração. Muitos irmãos vivem a própria consagração com lealdade. Entretanto, há irmãos incoerentes. Portanto, vamos instaurar processos de crescer na liberdade consagrada com capacidade organizar a própria vida segundo um projeto de vida. Ser transparente na contabilidade, seguir o protocolo da congregação e do país para seguir os casos de abusos sexuais, comunidades consistentes com pessoas capazes de animar e governar, garantir a disciplina religiosa. Os irmãos que caírem em pecado de indisciplina serão acompanhados com respeito, honestidade e firmeza.