Numa visão mais ampla, podemos dizer que o voluntariado lança suas raízes na atitude interior da gratuidade. Como diz São Paulo, “há mais alegria em dar do que em receber” (cf. At 20, 35 ). O apóstolo das gentes, afirma isso a partir do testemunho do próprio Cristo que “veio para servir e não para ser servido”!(cf. Mc 10, 45)
O serviço voluntário tem encontrado adesão entre muitas pessoas, cristãs ou não, que resolvem colocar a própria vida, os dons, habilidades e tempo a serviço dos mais pobres, da promoção humana, da educação e da defesa criação. Todos podem dar da “própria pobreza”.
Ser voluntário é, portanto um ato de gratuidade! É sair de si mesmo para ir ao encontro de quem mais necessita. Basta olhar ao redor para perceber os gritos, os apelos… Nesse sentido o “voluntariado é uma expressão operativa de atitude interior de serviço e solidariedade” (O voluntariado na missão salesiana). Não seria este uma alternativa para combater verdadeiros focos de egoísmo tão evidentes na nossa sociedade?
Com esta prática, o jovem cristão tem a oportunidade de vivenciar o próprio batismo, no serviço do Reino. Aderir a Cristo, como discípulo, significa necessariamente colocar-se a serviço dos outros, isto é, ser missionário. Dom Bosco traduzia essa atitude uma espécie de crença: “Deus colocou-nos no mundo para os outros”.
A experiência salesiana desde os seus primórdios esteve aberta para a prática do voluntariado, tendo assumido diversas modalidades. Como por exemplo: voluntariado social entre os mais pobres; voluntariado nas estruturas educativas; voluntariado diretamente evangelizador e voluntariado como experiência especificamente vocacional numa obra salesiana.
Quanto ao tempo de duração, o voluntariado apresenta também um variado leque de possibilidades. Desde experiências de longa duração a períodos menores, diretamente relacionados com a realização de projetos pontuais. Na verdade, estas experiências de curta duração mais do que um voluntariado propriamente dito tem mais um caráter propedêutico de estimulo e preparação dos jovens para compromissos mais prolongados.
Os voluntários podem ser oriundos de outros países ou das nossas próprias obras. Nos últimos anos recebemos jovens (indivíduos/grupos) provenientes de diversos países: Itália, Espanha, Portugal, Estados Unidos. A maioria deles foram enviados por uma organização salesiana, como o VIS (Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento).
Está ganhando adesão na Inspetoria o GAM (Grupo de Animação Missionária). Em poucas palavras o GAM é um pequeno grupo de jovens que após um período de preparação se desloca para realizar uma ação específica. Na Inspetoria de São Paulo essa modalidade de serviço já está bastante consolidada. Podemos citar como embrião do GAM, a recente ação de um grupo de acadêmicos da Pastoral Faculdade Salesiana Dom Bosco (FSDB) que se deslocou até São Gabriel da Cachoeira para animar uma colônia de férias. Oxalá outras comunidades salesianas se abram para enviar e/ou receber grupos como estes.
A nossa Inspetoria possui um projeto que orienta a experiência do voluntariado. O projeto se chama “VIVA” (Voluntariado Inspetorial para a Vida na Amazônia). O setor da Pastoral Juvenil em sinergia com as Comissões de Animação Missionária (CIAM) e Voluntariado (CIAV) está dando passos para concretizar esta proposta. Temos certeza que podemos e temos jovens dispostos a doar-se a serviço dos outros numa experiência voluntária.
A celebração dos 100 anos da presença salesiana na Amazônia e do Bicentenário do Nascimento de Dom Bosco nos convidam a sermos mais ousados e a oferecer aos jovens experiências significativas de gratuidade e protagonismo.
É nesse sentido que o voluntariado pode se constituir numa verdadeira “escola de vida” a exemplo de Dom Bosco que foi um grande incentivador do protagonismo juvenil e do serviço aos outros.
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